Hino de Portugal
Em Portugal, a reacção popular contra os ingleses e contra a monarquia, que permitia esse género de humilhação, manifestou-se de várias formas. "A Portuguesa" foi composta em 1890, com letra de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil, e foi utilizada desde cedo como símbolo patriótico mas também republicano. Aliás, em 31 de Janeiro de 1891, numa tentativa falhada de golpe de Estado que pretendia implantar a república em Portugal, esta canção já aparecia como a opção dos republicanos para hino nacional, o que aconteceu, efectivamente, quando, após a instauração da República a 5 de Outubro de 1910, a Assembleia Nacional Constituinte a consagrou como símbolo nacional em 19 de Junho de 1911 (na mesma data foi também adoptada a bandeira nacional).
A Portuguesa, proibida pelo regime monárquico, que originalmente tinha uma letra um tanto ou quanto diferente (mesmo a música foi sofrendo algumas alterações) - onde hoje se diz "contra os canhões", dizia-se "contra os bretões", ou seja, os ingleses - veio substituir o Hymno da Carta, então o hino da monarquia.
Em 1956, existiam no entanto várias versões do hino, não só na linha melódica, mas também nas instrumentações, especialmente para banda, pelo que o governo nomeou uma comissão encarregada de estudar uma versão oficial de A Portuguesa. Essa comissão elaborou uma proposta que seria aprovada em Conselho de Ministros a 16 de Julho de 1957, mantendo-se o hino inalterado deste então.
Nota-se na música uma influência clara do hino nacional francês, La Marseillaise, também ele um símbolo revolucionário.
O hino é composto por três partes, cada uma delas com duas quadras (estrofes de quatro versos), sendo as duas primeiras quadras seguidas do refrão, uma quintilha (estrofe de cinco versos). É de salientar que, das três partes do hino, apenas a primeira parte é usada em cerimónias oficiais, sendo as outras duas partes praticamente desconhecidas.
A Portuguesa é executada oficialmente em cerimónias nacionais, civis e militares, onde é prestada homenagem à Pátria, à Bandeira Nacional ou ao Presidente da República. Do mesmo modo, em cerimónias oficiais no território português por recepção de chefes de Estado estrangeiros, a sua execução é obrigatória depois de ouvido o hino do país representado.
A Portuguesa é mencionada no § 2° do Artigo 11° da Constituição:
"2. O Hino Nacional é A Portuguesa".
A Portuguesa
Data: 1890 (com alterações de 1957)
Letra: Henrique Lopes de Mendonça
Música: Alfredo Keil
- I
- Heróis do mar, nobre povo,
- Nação valente, imortal
- Levantai hoje de novo
- O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,- Ó Pátria, sente-se a voz
- Dos teus egrégios avós
- Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!- Sobre a terra sobre o mar,
- Às armas, às armas!
- Pela Pátria lutar
- Contra os canhões marchar, marchar!
II- Desfralda a invicta Bandeira,
- À luz viva do teu céu!
- Brade a Europa à terra inteira:
- Portugal não pereceu.
Beija o solo teu jucundo- O oceano, a rugir d`amor,
- E o teu Braço vencedor
- Deu mundos novos ao mundo!
Às armas, às armas!- Sobre a terra sobre o mar,
- Às armas, às armas!
- Pela Pátria lutar
- Contra os canhões marchar, marchar!
III- Saudai o Sol que desponta
- Sobre um ridente porvir;
- Seja o eco de uma afronta
- O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte- São como beijos de mãe,
- Que nos guardam, nos sustêm,
- Contra as injúrias da sorte.
Às armas, às armas!- Sobre a terra, sobre o mar,
- Às armas, às armas!
- Pela Pátria lutar
- Contra os canhões marchar, marchar!
- Heróis do mar, nobre povo,
Alfredo Keil foi um compositor de música, pintor, poeta, arqueólogo e coleccionador de arte português. Nasceu em 8 de Julho de 1854 em Lisboa e morreu em 4 de Outubro de 1907 em Hamburgo, na Alemanha. Era filho de João Cristiano Keil e de Maria Josefina Stellflug, ambos de origem alemã, que se tinha estabelecido em Portugal. Estudou desenho e música em Nuremberga, numa academia dirigida pelo pintor Kremling. Em 1870, devido à guerra Franco-Prussiana, regressa a Portugal. Em 1890, o ultimato da Inglaterra a Portugal ofereceu a Alfredo Keil a inspiração para a composição da música do canto patriótico "A Portuguesa", com versos de Henrique Lopes de Mendonça. A cantiga tornou-se popular em todo o país e seria mais tarde feita Hino Nacional de Portugal - "A Portuguesa".
Henrique Lopes de Mendonça, historiador, dramaturgo e romancista (1856-1931), casado com Amélia Bordalo Pinheiro, teve dois filhos que deixaram também o nome ligado às letras e artes: Virgínia Lopes de Mendonça (1881-1969) contista e dramaturga, e Vasco Lopes de Mendonça (1881-1963), ceramista e caricaturista.
Foi autor da letra de "A Portuguesa", Hino Nacional de Portugal.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.