O Estado Português da Índia
- Goa
- Damão
- Diu
- Dadrá e Nagar Haveli, um exclave de Damão bem no coração do Gujarat.
Muitas vezes a Índia Portuguesa é referida como apenas Goa, já que esta foi, durante anos, a principal praça comercial.
História
O primeiro contacto português com a Índia deu-se a 20 de Maio de 1498, quando Vasco da Gama aportou em Calecute (actual Kozhikode). Após alguns conflitos com os mercadores árabes (que detinham o monopólio das especiarias, através de rotas terrestres, Vasco da Gama conseguiu assegurar uma carta de concessão para as trocas comerciais com o Samorim, o governador de Calecute. Aí deixou alguns portugueses para estabelecerem um porto comercial.
Em 1510, o almirante Afonso de Albuquerque derrotou os sultões de Bijapur, numa disputa entre a soberania do território de Timayya, o que levaria ao estabelecimento dos portugueses na Velha Goa. Goa tornava-se, assim, o centro do governo da Índia, e o local de residência para o vice-rei da Índia.
Entretanto, os portugueses conquistavam vários territórios ao sultões de Gujarat: Damão (ocupado em 1531, formalmente cedido em 1539), Salsette, Bombaim e Baçaim (ocupado a 1534) e Diu (cedido em 1535). Estas possessões tornaram-se na província do Norte do Estado da Índia, estendendo-se por 100km de costa desde Damão a Chaul. A província era governada a partir da fortaleza de Chaul. Bombaim seria cedida ao Reino Unido em 1661 como dote do casamento entre a princesa Catarina de Bragança e Carlos II de Inglaterra. A maioria da província foi, entretanto, perdida para os Maratha até 1739 e Portugal apoderava-se de Dadrá e Nagar-Haveli em 1779.
Após a independência dos britânicos, em 1947, Portugal recusou-se a aceder ao pedido da Índia para rescindir das possessões. No entanto, a atitude era condenada pelo Tribunal Internacional e pela Assembleia das Nações Unidas que entretanto se pronunciou a favor da Índia.
Em 1954, Portugal perdia os primeiros territórios ultramarinos: Dadrá e Nagar-Haveli. A Índia proibiu Portugal de deslocar militares para a sua defesa, e anexou os enclaves em Agosto de 1961. Em Dezembro de 1961, a União Indiana invadia os territórios de Goa, Damão e Diu. No entanto, Salazar recusava-se a reconhecer a soberania indiana sobre os territórios, mantendo-os representados na Assembleia da República até 1974, altura em que se deu a Revolução dos Cravos. A partir de então, Portugal pôde restabelecer as relações diplomáticas com a Índia, começando pelo reconhecimento da soberania indiana sobre o antigo Estado Português da Índia. No entanto, foi dado a escolher a cidadania portuguesa aos seus habitantes.
Goa é uma cidade e estado da Índia, situado na sua costa ocidental. É um dos mais pequenos estados em território e população, e mais rico em PIB por pessoa da Índia. Goa a partir de 1510, foi a capital do Estado Português da Índia, tendo sido tomada pela União Indiana em 1961.
A primeira referência a Goa data de cerca de 2200 a.C., em escrita cuneiforme da Suméria, onde é chamada Gubio. Formada por povos de diferentes etnias da Índia, a influência dos sumérios aparece no primeiro sistema de medidas da região.
Por volta de 1775 a.C. os fenícios estabeleceram-se em Goa.
No período védico tardio (1000-500 a.C.) é chamada, em sânscrito, Gomantak, que significa "terra semelhante ao paraíso, fértil e com águas boas". O Mahabharata conta que os primeiros arianos que chegaram a Goa eram fugitivos da extinção, pela seca, do rio Saraswati, noventa e seis famílias que chegaram por volta de 1000 a.C. A eles se uniram os Kundbis vindos do Sul, para, durante 250 anos, resgatar solo do mar, aumentando o espaço fértil entre este e as montanhas.
Cerca de 200 a.C. Goa tornou-se a fronteira sul do império de Ashoka: os dravidianos tinham sido empurrados para o sul pelos arianos, como refere a Geografia de Strabo. Por volta de 530-550, Goa é citada como um dos melhores portos do Industão, sendo chamada de Sindabur (Chandrapur) ou Buvah-Sindabur pelos árabes e turcos. Depois do império Maurya (321-185 a.C.) Goa foi disputada por vários impérios em batalhas sangrentas. Por volta do século X Goa, então concentrada em torno do rio Zuari, prosperou pelo comércio com os árabes.
Em 1347 caiu sob domínio islâmico, e muitos templos a deuses hindus foram destruídos.
Em 1510 Afonso de Albuquerque, ajudado por um chefe hindu, tomou Goa dos árabes, que se renderam sem combate, por o sultão se achar em guerra com o Decão. Goa foi cobiçada por ser o melhor porto comercial da região. Os muçulmanos da região foram rechaçados, e em 1453 um quinto da região estava sob domínio português, recebendo o nome de Velhas Conquistas.
A decadência do porto de Goa no século XVII foi consequência das derrotas militares dos portugueses para os holandeses, no oriente, que tornam o Brasil o centro económico de Portugal. Houve dois curtos períodos de dominação britânica (1797-8 e 1802-13) e poucas outras ameaças externas após este período.
Durante o domínio britânico na Índia, muitos habitantes de Goa emigraram para Mumbai, Calcutá, Puna, Karachi e outras cidades. O isolamento de Goa diminuiu com as vias férreas a partir de 1881, mas a emigração em busca de melhores oportunidades económicas aumentou.
Em 1900 Goa teve seu primeiro jornal bilingue gujarati-português.
Os ingleses deixaram a Índia em 1947, os franceses deixaram Pondicherri em 1954, mas o governo de Salazar recusou-se a negociar com a Índia. Em 1961 o exército indiano invadiu Goa, encontrando pouca resistência.
Damão é uma ex-colónia portuguesa, cidade e sede dos distrito do antigo Estado Português da Índia. Foi ocupado pela Índia em 1961.
Situada na costa do golfo de Cambaia, era um dos três concelhos que constituíam o distrito. Nagar-Aveli e Dradá (enclaves no território indiano) eram os outros dois concelhos de Damão.
O primeiro contacto dos Portugueses com Damão deu-se em 1523, quando chegaram ali os navios de Diogo de Melo. Em 1534, o vice-Rei D. Nuno da Cunha enviou António Silveira arrasar os baluartes mouriscos de Damão, por saber que se situavam ali os estaleiros e as demais instalações necessárias ao apetrechamento das frotas maometanas que vinham dar combate às armadas portuguesas. Também seria enviado a Damão o capitão-mor Martim Afonso de Sousa, para bombardear e destruir as fortificações mouriscas. Mas só em 1559 viria a ser definitivamente tomada a cidade de Damão, pelo vice-Rei D. Constantino de Bragança. Sucessos e insucessos das guerras locais, em que se destacam as lutas contra os sidis (mercenários abissínios) e com os maratas, levaram à perda de territórios de Baçaim, no antigo reino de Cambaia. Nas mãos dos portugueses, desde as lutas do rei de Cambaia com os mogores, Baçaim passará para a posse dos maratas em 1739. E, no ano seguinte, será a vez de Chaúl cair em poder dos mesmos maratas. Entretanto, muitas vilas e aldeias serão perdidas pelos Portugueses, até que, pelo auxílio militar que estes deram a Madeva Pradan, detentor do trono, contra o príncipe Ragobá que, aliado aos ingleses, pretendia derrubar o peshwá e ocupar o seu lugar, Portugal receberia, pelo Tratado de 1780, como restituição, 72 aldeias correspondentes a territórios outrora perdidos. E com essas aldeias se formaram os enclaves de Dadrá e Nagar-Aveli.
Em 18 de Dezembro de 1961, o distrito português de Damão foi invadido e ocupado pelas tropas da União Indiana e incorporado no actual território de Damão e Diu.
Diu (antigamente também se escrevia Dio), cidade e sede de Distrito do antigo Estado Português da Índia, foi uma ex-colónia portuguesa. Foi ocupada pela Índia em 1961.
Distribuía-se pelas penínsulas de Guzerate e de Gogolá e pela Ilha de Diu (separada da península por um estreito rio denominado Chassis e que mais propriamente pode ser considerado um estreito braço de mar). Diu era uma cidade de grande movimento comercial quando os portugueses chegaram à Índia. Em 1513, tentaram os portugueses estabelecer ali uma feitoria, mas as negociações não tiveram êxito.
Em 1531 não foi bem sucedida a tentativa de conquista levada a efeito por D. Nuno da Cunha. E, afinal, Diu veio a ser oferecida aos portugueses em 1535 como recompensa pela ajuda militar que estes deram ao sultão do Gujarat, Bahadur Shá, contra o Grão-Mogol de Deli. Assim, cobiçada desde os tempos de Tristão da Cunha e de Afonso de Albuquerque, e depois das tentativas fracassadas de Diogo Lopes Sequeira, em 1521, de Nuno da Cunha em 1523, Diu foi oferecida aos portugueses, que logo transformaram a velha fortaleza em castelo português.
Arrependido da sua generosidade, Bahadur Shá pretendeu reaver Diu, mas foi vencido e morto pelos portugueses, seguindo-se um período de guerra entre estes e a gente do Gujarat que, em 1538, veio pôr cerco a Diu. Coja Sofar, senhor da Cambaia, aliado aos turcos de Sulimão Paxá, tendo, então, deparado com a heróica resistência de António Silveira. Um segundo cerco será depois imposto a Diu, pelo mesmo Coja Sofar, em 1546, saindo vencedores os portugueses, comandados em terra por D. João da Silveira e, no mar, por D. João de Castro. Pereceram nesta luta o próprio Coja Sofar e D. Fernando de Castro (filho do vice-Rei português).
Depois deste segundo cerco, Diu foi de tal modo fortificada que pôde resistir, mais tarde, aos ataques dos árabes de Mascate e dos Holandeses (nos finais do século XVII). A partir do século XVIII, declinou a importância estratégica de Diu, que veio a ficar reduzida a museu ou marco histórico da sua grandeza comercial e estratégica de antigo baluarte nas lutas entre as forças islâmicas do Oriente e as cristãs do Ocidente.
Diu permaneceu na posse dos portugueses desde 1535 até 1961, vindo a cair na posso das tropas da União Indiana, que invadiram todo o antigo Estado Português da Índia, no tempo do pacifista Nehru.
Dadrá e Nagar-Aveli (em inglês, Dadra and Nagar Haveli) são territórios da Índia. Pertenceu, até 1954 ao Império Português, tendo sido a primeira colónia a desmembrar-se do Império pela ocupação da União Indiana.
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