Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

PRAIA DA CLARIDADE

Figueira da Foz - Portugal

PRAIA DA CLARIDADE

Figueira da Foz - Portugal

19
Dez05

Doença de Alzheimer

Praia da Claridade

A Doença de Alzheimer ou mal de Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro, caracterizada por uma perda das faculdades cognitivas superiores, manifestando-se inicialmente por alterações da memória episódica. Estes défices mnésicos agravam-se com a progressão da doença, e são posteriormente acompanhados por défices visuo-espaciais e de linguagem. O início da doença pode muitas vezes dar-se com simples alterações de personalidade, com ideação paranóide.

A base histopatológica da doença foi descrita pela primeira vez pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer (1) em 1906, que verificou a existência juntamente com placas senis (hoje identificadas como agregados de proteína beta-amilóide), de emaranhados neurofibrilares (hoje associados a mutação da proteína tau, no interior dos neurotúbulos. Estes dois achados patológicos, num doente com severas perturbações neurocognitivas, e na ausência de evidência de compromisso ou lesão intra-vascular, permitiram a Alois Alzheimer caracterizar este quadro clínico como distinto de outras patologias orgânicas do cérebro, vindo Emil Kraepelin a dar o nome de Alzheimer à doença por ele estudada pela primeira vez, combinando os resultados histológicos com a descrição clínica.

Caracteriza-se clinicamente pela perda progressiva da memória. O cérebro de um paciente com o Mal de Alzheimer, quando visto em necrópsia (autópsia ou necrotomia), apresenta uma atrofia generalizada, com perda neuronal específica em certas áreas do hipocampo mas também em regiões parieto-occipitais e frontais.

Hipocampo é uma estrutura localizada nos
lobos temporais (lobo temporal é a estrutura central responsável pelo gerenciamento da memória e fica localizada no centro do cérebro), considerada a principal sede da memória e importante componente do sistema límbico (unidade responsável pelas emoções), especialmente envolvido com os fenómenos da memória de longa duração.

A perda de memória causa a estes pacientes um grande desconforto na sua fase inicial e intermediária, já na fase adiantada não apresentam mais condições de perceber-se doentes, por falha da auto-crítica. Não se trata de uma simples falha na memória, mas sim de uma progressiva incapacidade para o trabalho e convívio social, devido a dificuldades para reconhecer pessoas próximas e objectos. Mudanças de domicílio são mal recebidas, pois tornam os sintomas mais agudos. Um paciente com mal de Alzheimer pergunta a mesma coisa centenas de vezes, mostrando a sua incapacidade de fixar algo novo. Palavras são esquecidas, frases são truncadas, muitas permanecendo sem finalização.


Evolução

A evolução da piora é em torno de 5 a 15% da cognição (consciência de si próprio e dos outros) por ano de doença, com um período em média de oito anos do seu início e da sua última fase. Com a progressão da doença passa a não reconhecer mais os familiares ou até mesmo de realizar tarefas simples de higiene e vestir roupas. No estágio final necessita de ajuda para tudo. Os sintomas depressivos são comuns, com instabilidade emocional e choros. Delírios e psicoses (2) são difíceis de avaliar devido à total perda de noção de lugar e de tempo. Em geral a doença se instala em pessoas com mais de 65 anos, mas existem pacientes com início aos quarenta anos, e relatos raros de início na infância, de provável cunho genético. Podem aparecer vários casos numa mesma família, e também pode acontecer casos únicos, sem nenhum outro parente afectado, ditos esporádicos.


Tratamento da Doença de Alzheimer

O tratamento visa a confortar o paciente e retardar o máximo possível a evolução da doença. Algumas drogas são úteis no início da doença, e sua dose deve ser personalizada. São os inibidores da acetil-colinesterase, medicações que inibem a enzima responsável pela degradação da acetilcolina produzida e libertada por um núcleo na base do cérebro (núcleo basal de Meynert). A deficiência de acetilcolina é considerada epifenómeno da doença de Alzheimer, mas não é o único evento bioquímico/fisiopatológico que ocorre. Mais recentemente, um grupo de medicações conhecido por inibidores dos receptores do tipo NMDA (N-Metil-D-Aspartato) do glutamato entrou no mercado brasileiro, já existindo no europeu há mais de uma década. A memantina é tal droga, e sua acção dá-se pela inibição da ligação do glutamato, neurotransmissor (3) excitatório do sistema nervoso central a seus receptores. O glutamato é responsável por reacções de excitotoxicidade com libertação de radicais livres (4) e lesão tecidual e neuronal. Há uma máxima na medicina que diz que uma doença pode ser intratável, mas o paciente não.


(1) - Alois Alzheimer (
14 de Junho de 1864 a 19 de Dezembro de 1915). Neurologista alemão conhecido sobretudo por ter sido o primeiro autor a reconhecer com entidade patognómica distinta a doença neurodegenerativa que hoje tem o seu nome (doença de Alzeimer ou mal de Alzheimer). Alzheimer trabalhou também com Emil Kraepelin, autor da primeira classificação moderna dos vários tipos de doença psicótica.

(2) - A Psicose é uma psicopatia que se manifesta por acessos, que se alternam, de excitação psíquica e de
depressão psíquica. São distúrbios graves da personalidade em que o funcionamento mental está alterado de tal forma que a pessoa frequentemente não consegue responder às questões da vida quotidiana. Causadas por factores orgânicos ou originados do desenvolvimento psicossocial resultam em acentuadas falhas do desempenho de papéis, da comunicação, do auto-controle, do comportamento da afectividade, da sensopercepção, da memória, da inteligência e do pensamento. Há perda do senso da realidade e da capacidade de testá-la e, em casos extremos, do auto-conhecimento, deixando o paciente de cuidar-se nos aspectos mais triviais, como a alimentação e a higiene pessoal.

(3) - Neurotransmissores são substâncias químicas produzidas pelos
neurónios, as células nervosas, por meio das quais elas podem enviar informações a outras células, ou sejam, células do sistema nervoso responsáveis pela condução dos impulsos nervosos.

(4) - Radical livre: toda a
molécula que possui um electrão ímpar na sua órbita externa, fora do seu nível orbital, gravitando em sentido oposto aos outros electrões. Este electrão livre favorece a recepção de outras moléculas, o que torna os radicais livres extremamente reactivos, inclusive com moléculas orgânicas. Os radicais livres têm vida média de milésimos de segundo, mas eventualmente podem tornar-se estáveis, produzindo reacções biológicas lesivas.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

2 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D