19
Jan07
Mosteiro de Alcobaça
Praia da Claridade
Mosteiro de Alcobaça - Fachada do mosteiro antes da requalificação de 2005
Mosteiro de Alcobaça - chaminé da cozinha
O Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, também conhecido como Mosteiro de Alcobaça, é a primeira obra plenamente gótica erguida em solo português. Foi fundado em 1178 pelos monges de cister. ordem monástica católica, fundada em 1098 por Robert de Molesme, seguindo a regra beneditina; os seus monges são conhecidos como monges brancos devido à cor do seu hábito.
História
No final do século X organizou-se em Cluny, na Borgonha, um novo mosteiro beneditino que procurava renovar a regra de S. Bento. As igrejas cluniacenses eram cheias de belos elementos decorativos. Contra estas manifestações de gosto pela beleza natural, insurgiu-se Bernardo de Claraval, que se recolhera em 1112 em Cister, donde saíra para fundar a Abadia de Claraval e animar mais uma reforma que restituísse à ordem de S. Bento todo o rigor inicial. Os religiosos de Cister deviam viver do seu trabalho, não acumular riquezas, e os mosteiros seriam edificados em lugares ermos, sem qualquer decoração. Enquanto D. Afonso Henriques se empenhava na Reconquista, chegaram ao território português os monges de Cister que fundaram o Mosteiro de São João Baptista de Tarouca em 1140. Diz a lenda que o nosso primeiro rei doou parte das terras da região de Alcobaça a S. Bernardo, em cumprimento da promessa feita quando da conquista de Santarém. Se se comparar a planta do Mosteiro de Alcobaça com o da segunda igreja de Claraval, temos que tem o mesmo desenho base. É de cerca de 1152 a construção provisória do mosteiro, e é conhecida no mesmo ano uma referência ao seu abade, e a respectiva carta de couto (declaração de doação de propriedade) é do ano seguinte.
Os primeiros monges, monges brancos, tiveram uma acção civilizadora notável: em 1269 abrem a primeira escola pública. No tempo do geral Fr. Sebastião de Sotomaior tomaram grande incremento as oficinas de imaginária da Abadia. Também desempenharam acções de assistência e beneficência através da enfermaria e portaria.
Caracterização arquitectónica
Trata-se de uma estrutura de planta em cruz latina. A actual fachada é do século XVIII, restando do gótico primitivo o portal de arcos ogivais e o arco da rosácea. A concepção arquitectónica deste monumento, desprovida de decoração e sem imagens, como ordenava a Ordem de Cister, apresenta uma grandiosidade e beleza indiscutíveis. As naves central e laterais são inteiramente abobadadas, praticamente da mesma altura, dão a sensação de amplo espaço, a que o processo de iluminação, românico ainda, dá pouca luz e o torna maior. As naves laterais prolongam-se pelo deambulatório, e da charola irradiam nove capelas que acompanham a abside circular, iluminada por frestas altas, o que realça o altar-mor.
A segurar a parte alta da abside existem arcos-botantes, pouco vulgares nas abadias de Cister, talvez por ser um monumento de transição entre o românico e o gótico. As inovações típicas da arte gótica aparecem ainda com o aspecto de um ensaio, como por exemplo a subida das naves laterais até à altura da central. O transepto apresenta-se com duas naves, mas quando olhamos a planta da igreja, reconhecem-se três, nos alicerces e no corpo central. Contíguo à sacristia fica o Jardim das Murtas, onde em 1690 foi construída a capela de Nossa Senhora do Desterro, com uma bela fachada barroca. A parte térrea do claustro foi mandada construir por D. Dinis, e é o mais antigo claustro cisterciense de Portugal. Do lado norte do claustro, e ligado a ele, situam-se o refeitório com um púlpito, com uma escada na parede, e a ampla cozinha onde se assavam reses inteiras.
Deambulatório
O Deambulatório é uma obra complexa, a sua estrutura interior - o presbitério, propriamente dito - articula-se com a nave por intermédio de duas paredes opostas, rectas, marcadas por dois pilares nos extremos e de cada lado; oito colunas de grande diâmetro e robustez com capitéis de cesto troncocónico côncavo e ornamentação vegetalista muito simplificada, sustentam arcos quebrados muito aperaltados; a abóbada, nervurada e ligeira, parte de meias colunas cuja raiz se situa acima daqueles capitéis. A parte exterior do Deambulatório é dotada de uma abóbada mais pesada e de acordo com os sistemas mais simples utilizados no restante edifício.
Dormitório
O Dormitório dos monges é constituído por três naves e onze tramos acrescidos de mais dois no topo que ocupa o andar superior.
Ao fundo ainda existe um pouco de uma escada que se prolongava até à igreja onde eles iam rezar durante a noite, de duas em duas horas.
Sala do Capítulo
A Sala do Capítulo, uma das dependências mais importantes na hierarquia funcional da Abadia, reporta-se a um período em que o templo já existia - meados do século XIII - e revela um estado mais avançado dos trabalhos sendo estruturada por quatro pilares centrais, com seis colunas enfeixadas, capitéis de cesto mais alto ornados com temas vegetalistas com «crochets» em dois andares, de onde partem radialmente as nervuras de secção mais complexa com duplo toro boleado.
A sala do capítulo é onde o monge mais importante lia um livro onde estava escrito como devia ser o comportamento dos monges dentro do mosteiro.
Claustro de D. Dinis
O Claustro de D. Dinis é constituído por dois registos com quatro alas de tramos marcados por contrafortes de andares. No registo inferior arcada rebaixada contendo arcos plenos, tribolados, e quebrados, sobre colunas grupadas com capitéis vegetalistas, encimados por óculos; galerias abobadadas com cruzarias de ogivas apoiadas em mísulas. O registo superior abre para a quadra por arcos plenos duplos e triplos sobre colunas assentes no parapeito.
Claustro de D. Afonso VI
O Claustro de D. Afonso VI tem dois andares, uma sala rectangular precedida por galeria com cinco arcos e duas salas abobadadas em aresta.
O interior do edifício demonstra a existência de um gótico avançado, o exterior do edifício exprime a austeridade cisterciense, neste caso orientada para objectivos mais pragmáticos. De facto, como aconselhava a regra, não existem torres, e as fachadas, nomeadamente o frontispício, possuía apenas uma parede lisa com empena triangular. As paredes são contrafortadas, exceptuando a cabeceira, na qual surgem pela primeira vez arcobotantes na arquitectura portuguesa. A coroação do templo, pelo exterior, é composta por merlões com topo biselado dos dois lados, sobre um parapeito que descansa numa fiada de modilhões. Esta característica confere ao conjunto uma solidez militar um ar de fortaleza.
Estes e outros aspectos poderão desmentir a escassa influência do Mosteiro de Alcobaça na história da arquitectura portuguesa. De facto, o monumento tem sido sempre encarado como uma excepção no quadro do modo gótico produzido em Portugal como uma peça única e experimental sem antecedentes nem descendentes.
História
No final do século X organizou-se em Cluny, na Borgonha, um novo mosteiro beneditino que procurava renovar a regra de S. Bento. As igrejas cluniacenses eram cheias de belos elementos decorativos. Contra estas manifestações de gosto pela beleza natural, insurgiu-se Bernardo de Claraval, que se recolhera em 1112 em Cister, donde saíra para fundar a Abadia de Claraval e animar mais uma reforma que restituísse à ordem de S. Bento todo o rigor inicial. Os religiosos de Cister deviam viver do seu trabalho, não acumular riquezas, e os mosteiros seriam edificados em lugares ermos, sem qualquer decoração. Enquanto D. Afonso Henriques se empenhava na Reconquista, chegaram ao território português os monges de Cister que fundaram o Mosteiro de São João Baptista de Tarouca em 1140. Diz a lenda que o nosso primeiro rei doou parte das terras da região de Alcobaça a S. Bernardo, em cumprimento da promessa feita quando da conquista de Santarém. Se se comparar a planta do Mosteiro de Alcobaça com o da segunda igreja de Claraval, temos que tem o mesmo desenho base. É de cerca de 1152 a construção provisória do mosteiro, e é conhecida no mesmo ano uma referência ao seu abade, e a respectiva carta de couto (declaração de doação de propriedade) é do ano seguinte.
Os primeiros monges, monges brancos, tiveram uma acção civilizadora notável: em 1269 abrem a primeira escola pública. No tempo do geral Fr. Sebastião de Sotomaior tomaram grande incremento as oficinas de imaginária da Abadia. Também desempenharam acções de assistência e beneficência através da enfermaria e portaria.
Caracterização arquitectónica
Trata-se de uma estrutura de planta em cruz latina. A actual fachada é do século XVIII, restando do gótico primitivo o portal de arcos ogivais e o arco da rosácea. A concepção arquitectónica deste monumento, desprovida de decoração e sem imagens, como ordenava a Ordem de Cister, apresenta uma grandiosidade e beleza indiscutíveis. As naves central e laterais são inteiramente abobadadas, praticamente da mesma altura, dão a sensação de amplo espaço, a que o processo de iluminação, românico ainda, dá pouca luz e o torna maior. As naves laterais prolongam-se pelo deambulatório, e da charola irradiam nove capelas que acompanham a abside circular, iluminada por frestas altas, o que realça o altar-mor.
A segurar a parte alta da abside existem arcos-botantes, pouco vulgares nas abadias de Cister, talvez por ser um monumento de transição entre o românico e o gótico. As inovações típicas da arte gótica aparecem ainda com o aspecto de um ensaio, como por exemplo a subida das naves laterais até à altura da central. O transepto apresenta-se com duas naves, mas quando olhamos a planta da igreja, reconhecem-se três, nos alicerces e no corpo central. Contíguo à sacristia fica o Jardim das Murtas, onde em 1690 foi construída a capela de Nossa Senhora do Desterro, com uma bela fachada barroca. A parte térrea do claustro foi mandada construir por D. Dinis, e é o mais antigo claustro cisterciense de Portugal. Do lado norte do claustro, e ligado a ele, situam-se o refeitório com um púlpito, com uma escada na parede, e a ampla cozinha onde se assavam reses inteiras.
Deambulatório
O Deambulatório é uma obra complexa, a sua estrutura interior - o presbitério, propriamente dito - articula-se com a nave por intermédio de duas paredes opostas, rectas, marcadas por dois pilares nos extremos e de cada lado; oito colunas de grande diâmetro e robustez com capitéis de cesto troncocónico côncavo e ornamentação vegetalista muito simplificada, sustentam arcos quebrados muito aperaltados; a abóbada, nervurada e ligeira, parte de meias colunas cuja raiz se situa acima daqueles capitéis. A parte exterior do Deambulatório é dotada de uma abóbada mais pesada e de acordo com os sistemas mais simples utilizados no restante edifício.
Dormitório
O Dormitório dos monges é constituído por três naves e onze tramos acrescidos de mais dois no topo que ocupa o andar superior.
Ao fundo ainda existe um pouco de uma escada que se prolongava até à igreja onde eles iam rezar durante a noite, de duas em duas horas.
Sala do Capítulo
A Sala do Capítulo, uma das dependências mais importantes na hierarquia funcional da Abadia, reporta-se a um período em que o templo já existia - meados do século XIII - e revela um estado mais avançado dos trabalhos sendo estruturada por quatro pilares centrais, com seis colunas enfeixadas, capitéis de cesto mais alto ornados com temas vegetalistas com «crochets» em dois andares, de onde partem radialmente as nervuras de secção mais complexa com duplo toro boleado.
A sala do capítulo é onde o monge mais importante lia um livro onde estava escrito como devia ser o comportamento dos monges dentro do mosteiro.
Claustro de D. Dinis
O Claustro de D. Dinis é constituído por dois registos com quatro alas de tramos marcados por contrafortes de andares. No registo inferior arcada rebaixada contendo arcos plenos, tribolados, e quebrados, sobre colunas grupadas com capitéis vegetalistas, encimados por óculos; galerias abobadadas com cruzarias de ogivas apoiadas em mísulas. O registo superior abre para a quadra por arcos plenos duplos e triplos sobre colunas assentes no parapeito.
Claustro de D. Afonso VI
O Claustro de D. Afonso VI tem dois andares, uma sala rectangular precedida por galeria com cinco arcos e duas salas abobadadas em aresta.
O interior do edifício demonstra a existência de um gótico avançado, o exterior do edifício exprime a austeridade cisterciense, neste caso orientada para objectivos mais pragmáticos. De facto, como aconselhava a regra, não existem torres, e as fachadas, nomeadamente o frontispício, possuía apenas uma parede lisa com empena triangular. As paredes são contrafortadas, exceptuando a cabeceira, na qual surgem pela primeira vez arcobotantes na arquitectura portuguesa. A coroação do templo, pelo exterior, é composta por merlões com topo biselado dos dois lados, sobre um parapeito que descansa numa fiada de modilhões. Esta característica confere ao conjunto uma solidez militar um ar de fortaleza.
Estes e outros aspectos poderão desmentir a escassa influência do Mosteiro de Alcobaça na história da arquitectura portuguesa. De facto, o monumento tem sido sempre encarado como uma excepção no quadro do modo gótico produzido em Portugal como uma peça única e experimental sem antecedentes nem descendentes.
Fonte: Wikipédia.
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