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PRAIA DA CLARIDADE

Figueira da Foz - Portugal

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01
Dez06

A Batalha de Alvalade

Praia da Claridade

 
Hoje, 366 anos passados após o dia  1º de Dezembro de 1640, data em que se comemora a Restauração da Independência  de Portugal em relação a Espanha,  e que João, Duque de Bragança, se tornou rei como João IV de Portugal após sessenta anos de domínio espanhol, tema já divulgado neste blog, dedico este dia à História de Portugal, a uma batalha que não chegou a ser...
 
  

A Batalha de Alvalade esteve prestes a travar-se entre as tropas de D. Dinis e as de D. Afonso IV, em 1323, mas a luta entre pai e filho foi impedida pela intervenção da Rainha Santa Isabel.
 
Precedentes
 
Muito doente em Leiria, D. Dinis recebeu aí a visita de dois dos seus filhos, o príncipe herdeiro D. Afonso e o bastardo (legitimado) D. Afonso Sanches, o único bastardo do rei que até então fizera causa comum com D. Afonso.
 
Contava, por então, mais de sessenta anos o rei de Portugal, e os cuidados do governo, a par dos desgostos que lhe haviam sido causados pelo seu herdeiro, tinham-lhe abalado profundamente a saúde. Pouco tempo depois dessa visita, sentindo-se pior, D. Dinis regressou a Lisboa, recolhendo-se ao leito. O seu estado aparentava tal gravidade que a rainha (a companheira de todos os instantes da sua doença) receou o pior. O próprio doente julgou chegados ao termo os seus trabalhos, pelo que, em Junho de 1322, quis fazer novo testamento, instituindo como principais testamenteiros, em primeiro lugar, a rainha D. Isabel e, em segundo lugar, o bastardo D. Afonso Sanches; mas a morte ainda dessa vez o poupou.
 
Nos princípios de 1323, as melhoras do seu estado acentuaram-se, o que lhe permitiu providenciar para que fossem presos e submetidos a julgamento todos os autores de roubos, crimes de estupro e assassínios praticados durante as guerras civis. Era a ralé indigna que D. Afonso trouxera ao seu serviço e que a justiça real varria definitivamente do reino.
 
Nesse mesmo ano chegou de Castela um pedido de auxílio a favor do neto de D. Maria de Molina - que morrera em Junho de 1322 -, contra o qual D. Filipe, filho da mesma rainha, recorrera às armas, ameaçando Badajoz. D. Dinis deu satisfação ao pedido, entregando ao príncipe herdeiro, D. Afonso, o comando da expedição e enviando-lhe de Lisboa importantes forças. D. Afonso, que se encontrava em Viseu, reforçou a hoste real com todos os combatentes que pôde recrutar nos seus domínios e mandou convite a D. Filipe para que levantasse o cerco de Badajoz, ao que o infante espanhol não acedeu. Então, sem mais perdas de tempo, o orgulhoso e impetuoso D. Afonso marchou para a fronteira, e D. Filipe, a fim de evitar o combate, abandonou Badajoz e retirou-se para Sevilha.
 
Este facto, demonstrando claramente que D. Filipe temera o confronto com as hostes de D. Afonso, reacendeu no príncipe português as ambições mal extintas. E como os seus partidários, sedentos de guerra e de rapinas, não deixavam de o excitar, pôs-se a caminho de Santarém, onde então se encontrava D. Dinis, disposto a exigir novos benefícios. El-rei não concordou com os exagerados desejos do filho, e este, furioso, ao encontrar junto de seu pai o odiado bastardo Afonso Sanches, reclamou a convocação de Cortes, a que assistiria e com as quais contava para lhe aumentarem a dotação. D. Dinis aceitou o recurso proposto pelo seu filho e deu ordens para que os três estados - Clero, Nobreza e Povo - se reunissem em Lisboa, no mês de Outubro desse ano de 1323. No entanto, essa convocação de Cortes, que deveriam pronunciar-se sobre as exigências do príncipe herdeiro, teria como objecto outros assuntos bem mais importantes, o que decerto havia contribuído para a pronta aquiescência do rei.
 
A assembleia tratou, sucessivamente dos seguintes assuntos de interesse público:

  • Sabia D. Dinis que aos pobres não era ministrada a justiça devida e correcta, pois continuavam a ser impedidos de apelar para o rei, tendo de recorrer aos mestres das Ordens, prelados e donatários. Assim, foram tomadas as necessárias medidas contra as prepotências destes;
  • Para evitar as excessivas demoras nos litígios, foi decretado que os advogados só poderiam receber os seus honorários depois de concluídos os pleitos. As principais acções em juízo seriam movidas por escrito, oferecendo o autor desde logo todo o assunto da demanda e todas as respectivas provas, e o réu, logo que fosse citado, exporia todas as suas razões e tudo o que pudesse demonstrar serem válidas. Os recursos interpostos de despachos anteriores não teriam efeitos suspensivos. Além disso, a lei recomendava aos juízes brevidade e imparcialidade dos julgamentos;
  • Determinou-se qual a forma e processo das heranças entre pessoas do povo, estatuindo-se também sobre o casamento e certos requisitos necessários para a sua celebração. Legislou-se sobre população, propriedade, agricultura e comércio;
  • Foram regulados os sistemas de prevenção e castigo dos crimes. O assassínio, o atentado contra o pudor, a burla, a falsificação dos selos reais, os juramentos e testemunhos falsos, o encobrimento de malfeitores e outros delitos ficaram sujeitos a penas mais de acordo com a moral social.
Só depois vieram à discussão os interesses pessoais do príncipe D. Afonso. Tal era o conhecimento das razões alegadas que o filho de D. Dinis não teve coragem para ir defendê-las. Expostas pelo rei as circunstâncias em que eram formuladas as exigências do príncipe, as cortes recusaram deferi-las, e os representantes nacionais, num gesto de patriotismo, puseram à disposição de el-rei tudo quanto fosse necessário, incluindo vidas e haveres, para castigo dos que ousassem perturbar a ordem geral. Logo que soube do que se passava, partiu D. Afonso furibundo, de Lisboa para Santarém, onde convocou todos os elementos que lhe eram afectos para marchar sobre a capital e assenhorear-se do trono.
 
O confronto
 
Depois de uma última tentativa, ter enviado emissários ao filho a fim de impedir uma renovação de hostilidades - o que não conseguiu -, o monarca viu-se forçado a recorrer às armas. Auxiliados pelos filhos bastardos D. Afonso Sanches e João Afonso, reuniu as suas hostes e foi tomar posições no campo de Alvalade - que hoje é um bairro de Lisboa. D. Afonso alojou-se no Paço do Lumiar. El-rei quis ainda apelar para uma conciliação, mas o seu emissário, D. Álvaro de Azevedo, foi mal recebido pelo príncipe, que, ante a atitude corajosa do fidalgo, avançou sobre ele, de espada em punho. No entanto, graças à intervenção de outros fidalgos, a cena não teve consequências.
 
Sem mais demoras puseram-se a caminho as hostes do príncipe, e ao aproximarem-se das tropas reais logo se travou luta por uma troca de setas e dardos. As lanças da cavalaria e os montantes, rijamente empunhados, esperavam apenas o sinal para entrarem em acção. Mas de súbito, como movidos por uma força invencível, lanças, montantes e pendões se abateram, de um e de outro lado, e toda a peonagem ajoelhou no terreno. Acontecera que, montada na sua pequena mula, surgira entre as duas fracções prestes a digladiarem-se a figura veneranda e majestosa da rainha D. Isabel. Ninguém se atreveu a avançar, ninguém pensou sequer em embargar o passo da rainha. Todos se sentiam profundamente emocionados, e de muitos olhos corriam lágrimas.
 
Mãe dolorosa, esposa desolada, ídolo de plebeus e de nobres, a sua passagem erguia uma barreira luminosa entre as duas hostes. D. Isabel, a rainha tão querida de todos, acudira a tempo ao esposo amargurado e ao filho ambicioso, levando consigo a sua dor e a sua bondade, e a batalha não chegou a acontecer.
Fonte: Wikipédia. 
 

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