Corrida de São Silvestre
Reconhecida como o principal evento internacional do atletismo de rua na América Latina, a corrida realiza-se anualmente na cidade de São Paulo no dia 31 de Dezembro. Este é o dia de São Silvestre, pois foi neste dia que morreu o santo católico, que foi Papa, no quarto século da Era Cristã. Neste mesmo dia, Silvestre I (o Papa), foi canonizado, anos após sua morte.
A corrida é muitas vezes chamada de “maratona”, mas o seu percurso mede apenas 15 km, o que a categoriza como uma meia-maratona. Isto ocorre porque o evento era originalmente denominado “Maratona de São Silvestre”. Em tempos recentes os organizadores do evento passaram a empregar o termo “corrida” e evitar o nome “maratona”, mas a tradição e a força do hábito ainda levam muitos, inclusive sectores dos "mídea", a referirem-se a ela como “Maratona de São Silvestre”. Jamais houve qualquer esforço oficial declaradamente voltado à correcção da nomenclatura do evento.
A corrida torna-se mais difícil devido a factores como o intenso calor do Verão brasileiro e os obstáculos geográficos a serem superados pelos participantes. Desidratação e insolação, entre outros, não são raros tanto entre profissionais como entre amadores (mas são muito mais frequentes entre os segundos).
História
Cásper Líbero, um milionário que fez fortuna no início do século XX no sector de imprensa, é o idealizador e fundador do evento. A sua ideia original era utilizar a corrida como meio de promoção do seu jornal. Em 1928, ano da quarta edição do evento, Líbero fundou um dos primeiros periódicos dedicados exclusivamente ao desporto no país, a “Gazeta Esportiva”, que a partir de então passou a ser a organizadora e patrocinadora oficial do evento, condição que detém até os dias actuais. A corrida tornar-se-ia o principal meio de publicidade daquela publicação desportiva.
A primeira edição da corrida foi realizada em 31 de Dezembro de 1925, pelo que a edição de 2004 marcou o 80º aniversário do evento. Dado importante é o facto de que, ao contrário de outros eventos desportivos tão ou mais antigos, a Corrida de São Silvestre jamais deixou de se realizar, nem mesmo durante a Segunda Guerra Mundial (pelo que o ano de 2004 terá visto a sua 80ª edição).
Originalmente restrita a homens, o regulamento original da competição também previa a participação exclusiva de cidadãos da cidade de São Paulo. Nos anos seguintes, corredores de outras partes do país foram aceites ao evento, mas somente em 1941 a corrida seria vencida por um corredor de fora do estado de São Paulo: José Tibúrcio dos Santos, de Minas Gerais. Nesta época, a participação de estrangeiros era proibida. É preciso salientar que a regra bania a vinda de atletas do estrangeiro para participar, mas não impedia que estrangeiros residentes na cidade de São Paulo (imigrantes) participassem. Nesse contexto, um italiano, Heitor Blasi, foi o único estrangeiro a vencer a prova antes de 1947. Em 1945 foi libertada à participação de estrangeiros, mas apenas para corredores convidados provenientes de outros países da América do Sul. O sucesso das duas primeiras “edições internacionais”, no entanto, levou os organizadores a libertarem a participação de corredores de todo o mundo a partir de 1947. Este ano marcou o início de período de 34 anos durante o qual nenhum brasileiro venceria a prova, o que se encerrou somente quando José João da Silva, de Pernambuco, venceu a edição de 1980 (feito que repetiria em 1985).
A corrida permaneceria restrita a homens até 1975, quando as Nações Unidas declararam aquele ano como “Ano Internacional da Mulher”. Os organizadores da São Silvestre aproveitaram o momento para realizar a primeira corrida feminina no mesmo ano. O evento feminino começou já com livre participação internacional, e a primeira vitória brasileira ocorreria somente na 20ª edição da prova, quando Carmem Oliveira venceu, em 1995.
Em 1993, realizou-se a primeira maratona infantil, denominada “São Silvestrinha”, como evento unisex.
Até 1988, a corrida era realizada à noite, geralmente iniciando-se às 23:30, de forma que os primeiros classificados cruzavam a linha de chegada por volta da meia-noite, mas o ano de 1989 foi marcado por sensíveis modificações no formato do evento. O objectivo era cumprir as determinações da Federação de Atletismo. O horário de início da corrida foi alterado, passando às 15 horas para mulheres e às 17 horas para homens; e a distância a ser percorrida, que variava quase que anualmente (geralmente entre 6,5 e 8,8 km) foi definitivamente fixada em 15 km, o mínimo exigido pela Federação de Atletismo. Naquele mesmo ano de 1989, a São Silvestre foi oficialmente reconhecida e incluída no calendário internacional da Federação.
Crescimento e prestígio
Na primeira edição do evento, em 1925, 60 pessoas preencheram o formulário de inscrição para participar, mas apenas 48 compareceram no local e horário marcados para o evento. Desses, apenas 37 foram oficialmente classificados, pois o regulamento da época exigia que todos os corredores cruzassem a linha de chegada no máximo 3 minutos após a chegada do vencedor para que fossem classificados no quadro oficial da prova.
Em 2004, 13 mil homens e 2 mil mulheres participaram nos seus respectivos eventos.
Apesar de ter sido aberto à participação internacional já em 1945, a São Silvestre adquiriu fama no calendário do atletismo internacional apenas em 1953, quando o corredor mais famoso da época (e, possivelmente, de todos os tempos), Emil Zatopek, participou e venceu a corrida. Nas últimas duas décadas, quase todos os principais corredores de longa distância do mundo (com a notável excepção de Haile Gebrselassie, da Etiópia) participaram da São Silvestre pelo menos uma vez.
O maior vencedor de todos os tempos é, no momento, Paul Tergat, do Quénia, que venceu a prova 5 vezes (1995, 1996, 1998, 1999 e 2000). Tergat também detém o recorde para a actual distância de 15 km, marcado já na sua primeira participação no evento, de 43 minutos e 12 segundos.
Vencer a Corrida de São Silvestre representa fama instantânea no Brasil. Paul Tergat é hoje a segunda figura africana mais reconhecida no país, atrás apenas de Nelson Mandela.
Vencedores portugueses na Corrida de São Silvestre
Manoel Faria - 1956 e 1957
Carlos Lopes - 1982 e 1984
Rosa Mota - 1981,1982,1983,1984,1985 e 1986
Aurora Cunha - 1988
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