O Gengibre
O Gengibre - os rizomas da planta
O gengibre (Zingiber officinale) é uma planta herbácea da família das Zingiberaceae. Originário da Ásia é conhecido na Europa desde tempos muito remotos, para onde foi levado por meio das Cruzadas. No Brasil, o gengibre chegou menos de um século após o descobrimento. Naturalistas que visitavam o país (colónia, naquela época) achavam que se tratava de uma planta nativa, pois era comum encontrá-la em estado silvestre. Os indígenas chamavam-na de mangaratiá ou magarataia.
Hoje, o gengibre é cultivado principalmente na faixa litoral de Santa Catarina, do Paraná e no sul de São Paulo, em razão das condições de clima e de solo mais adequadas. Trata-se de uma planta perene da Família das Zingiberáceas, que pode atingir mais de 1 m de altura. As folhas verde-escuras nascem a partir de um caule duro, grosso e subterrâneo (rizoma). As flores são tubulares, amarelo-claro e surgem em espigas erectas.
Usos medicinais
Como planta medicinal o gengibre é uma das mais antigas e populares do mundo. As suas propriedades terapêuticas são resultado da acção de várias substâncias, especialmente do óleo essencial que contém canfeno, felandreno, zingibereno e zingerona.
Popularmente, o chá de gengibre, feito com pedaços do rizoma fresco fervido em água, é usado no tratamento contra gripes, tosse, resfriado e até ressaca. Banhos e compressas quentes de gengibre são indicados para aliviar os sintomas de gota, artrite, dores de cabeça e na coluna, além de diminuir a congestão nasal e cólicas menstruais.
Desde a Antiguidade, o gengibre é utilizado na fabricação de xaropes para combater a dor de garganta. A sua acção anti-séptica pode ser a responsável pela fama, tanto que muitos locutores e cantores revelam que entre os seus segredos para cuidar bem da voz está o hábito de mastigar lentamente um pedacinho de gengibre. No entanto, esse hábito (mascar gengibre e em seguida cantar ou falar, enfim, fazer uso da voz) é contra-indicado visto que o gengibre possui também propriedades anestésicas e esta "anestesia tópica" diminui o controle da emissão vocal, favorecendo o aparecimento de abusos vocais.
No Japão, massagens com óleo de gengibre são tratamentos tradicionais e famosos para problemas de coluna e articulações. Na fitoterapia chinesa, a raiz do gengibre é chamada de Gan Jiang e apresenta as propriedades acre e quente. A sua acção mais importante é a de aquecer o baço e o estômago, expelindo o frio. É usada contra a perda de apetite, membros frios, diarreia, vómitos e dor abdominal. Aquece os pulmões e transforma as secreções. Na medicina Ayurvédica, o Zingiber officinale é conhecido como "medicamento universal".
Recentemente, a OMS (Organização Mundial da Saúde) reconheceu a acção dessa planta sobre o sistema digestivo, tornando-a oficialmente indicada para evitar enjoos e náuseas, confirmando alguns dos seus usos populares, onde o gengibre é indicado na digestão de alimentos gordurosos.
Cultivo
Os rizomas da planta, as partes subterrâneas e comestíveis, são os responsáveis pela propagação vegetativa. A produção no Brasil é pequena e quase totalmente absorvida pelo mercado externo. Para o cultivo, o solo ideal deve ser argilo-arenoso, fértil e de boa drenagem. A cultura necessita de muita água, mas não suporta encharcamento. De acordo com os técnicos do Instituto Agronómico do Paraná, o plantio deve ser feito no início da estação das chuvas.
O gengibre prefere solos com pH entre 5,5 e 6,0 e a correcção com calcário deve ser feita no mínimo três meses antes do plantio. Os sulcos de plantio precisam ter cerca de 15 centímetros de profundidade e a distância recomendada entre os rizomas é de 5 a 8 centímetros. Depois de plantados, os rizomas são cobertos com uma camada de 10 centímetros de terra.
Embora resistente, o gengibre necessita de alguns tratos culturais: a chamada "amontoa" (o rizoma cresce para cima, portanto, é preciso cobri-lo periodicamente com terra), a irrigação e o controle de pragas. O ciclo da planta varia de sete a dez meses. Os rizomas estão no ponto de colheita quando as folhas começam a amarelar.
O gengibre tem acção bactericida, é desintoxicante e acredita-se também que possua poder afrodisíaco. As suas propriedades afrodisíacas e estimulantes são conhecidas há séculos. Na medicina chinesa tradicional, por sua reconhecida acção na circulação sanguínea, ele é utilizado contra a disfunção eréctil. Uma pesquisa da Unicamp, realizada em coelhos, comprovou os efeitos. Além disso, o óleo de gengibre também é utilizado para massajar o abdómen, provocando calor ao corpo e excitando os órgãos sexuais.
O gengibre possui sabor picante e pode ser usado tanto em pratos salgados quanto nos doces e em diversas formas: fresco, seco, em conserva ou cristalizado. O que não é recomendado é substituir um pelo outro nas receitas, pois os seus sabores são muito distintos: o gengibre seco é mais aromático e tem sabor mais suave.
O gengibre fresco é amplamente utilizado na China, no Japão, na Indonésia, na Índia e na Tailândia. No Japão costuma-se usar o suco (com o gengibre espremido) para temperar frango e as conservas (beni shouga) feitas com os rizomas jovens são consumidas puras ou com sushi. Já o gengibre cristalizado é um dos confeitos mais consumidos no Sudeste Asiático. O seu caule subterrâneo é utilizado como especiaria desde a antiguidade, na culinária e na preparação de medicamentos.