Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

PRAIA DA CLARIDADE

Figueira da Foz - Portugal

PRAIA DA CLARIDADE

Figueira da Foz - Portugal

09
Set05

Descobrimentos Portugueses

Praia da Claridade

Há unanimidade entre os historiadores em considerar a conquista de Ceuta como o início da expansão portuguesa. Foi uma praça conquistada com relativa facilidade, por uma expedição organizada por D. João I, em 1415.
O Infante D. Henrique é quem promove os Descobrimentos Portugueses.

Paralelamente, há um outro projecto assinado como um projecto nacional - o norte de África. Este projecto era prestigiado pela coroa portuguesa, pois tratava-se de conquistar. Após a Conquista de Ceuta, segue-se o desastre de Tânger, em 1437, com a derrota portuguesa. Segue-se um conquista de uma série de praças: Alcácer Ceguer, Arzila, Tânger, Azamor, Safim, Mazagão.

Ainda durante o reinado de D. João I, e sob comando do Infante D. Henrique dá-se o redescobrimento da Madeira, uma expedição às Canárias em 1424 e o descobrimento dos Açores.

O redescobrimento da Madeira dá-se em 1419/20. Em 1419 a ilha de Porto Santo foi redescoberta por João Gonçalves Zarco e em 1420 a ilha da Madeira por Tristão Vaz Teixeira. Trata-se de um redescobrimento porque já havia conhecimento da existência das ilhas da Madeira no século XIV. Isso é-nos revelado na cartografia do século XIV. Em 1424 inicia-se a colonização da Madeira.

Em 1427, inicia-se o descobrimento do arquipélago dos Açores. Nesse ano é descoberto o grupo oriental dos Açores (São Miguel e Santa Maria). Segue-se o descobrimento do grupo central (Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial). Em 1452 o grupo ocidental (Flores e Corvo) é descoberto por João de Teive.

Na regência de D. Duarte, Gil Eanes dobra o Cabo Bojador em 1434. A partir daqui, o Infante D. Henrique promove o descobrimento da costa africana, por sua própria iniciativa, sem intervenção da coroa, até 1460.

Já na regência de D. Afonso V, em 1441 Nuno Tristão chega ao Cabo Branco, em 1443 a Arguim e em 1444 à Terra dos Negros.

Em 1444, Dinis Dias descobre Cabo Verde e segue-se a ocupação das ilhas ainda no século XV, povoamento este que se prolongou até ao século XIX.

Em 1445, António Fernandes chega a Cabo dos Mastos.

Em 1460, Pêro de Sintra atinge a Serra Leoa. Neste mesmo ano falece o Infante D. Henrique.

A missão antes comandada pelo Infante D. Henrique vai parar às mãos do Infante D. Fernando. Em 1469, D. Afonso V entrega esta missão a um mercador da cidade de Lisboa, Fernão Gomes.

Em 1471, João de Santarém e Pêro Escobar descobrem a Costa da Mina, a de Benin, a do Calabar e a do Gabão, e as ilhas de São Tomé e Príncipe e de Ano Bom.

Em 1472, Gaspar Corte Real descobre a Terra Nova, e em 1473 Lopes Gonçalves ultrapassou o Equador.

Desde 1474/75 o príncipe D. João, futuro rei, fica responsável pela tarefa dos descobrimentos. Este sobe ao trono em 1482. Nesse mesmo ano organiza a primeira viagem de Diogo Cão. Este faz o reconhecimento de toda a costa até à região do Padrão de Santo Agostinho. Em 1485, Diogo Cão, leva a cabo uma segunda viagem estendendo-se até à Serra Parda.

Os Padrões eram marcos de pedra com as armas portuguesas e uma inscrição, destinados a afirmar a soberania portuguesa no local onde eram depostos. Diogo Cão colocou o Padrão de S. Agostinho e o de S. Jorge, respectivamente no Cabo de Santa Maria (13º27'S de latitude) e na foz do rio Zaire. Colocou ainda um padrão no Cabo Negro (15º40'S).
A primeira destas viagens teria sido realizada em 1482.

Com o mesmo objectivo de assinalar a prioridade do descobrimento, foram também colocados padrões por Bartolomeu Dias no sudoeste de África (Dias Point) no sueste (False Island) e também no Cabo da Boa Esperança). Também Vasco da Gama terá colocado padrões na África austral (Angra de São Brás) e na costa oriental (Quelimane), ilha de Moçambique e Melinde, e nas Laquedivas (ilhéu de Santa Maria).

A Sociedade de Geografia de Lisboa conseguiu recuperar, no século passado, três padrões de Diogo Cão e um de Bartolomeu Dias, parecendo perdidos os de Vasco da Gama.

Em 1487, Bartolomeu Dias, comandando uma expedição com três Caravelas, atinge o Cabo da Boa Esperança. Estabelecia-se assim a ligação náutica entre o Atlântico e o Oceano Índico.

Face à chegada de Cristóvão Colombo em 1492 à América, segue-se a promulgação de três bulas papais - as Bulas Alexandrinas - que concediam ao reino de Espanha o domínio dessas terras e seria essa decisão de Alexandre II que iria vingar.

Face a isso, D. João II consegue uma renegociação, mas só entre os dois Estados, sem a intervenção do Papa. Assim, em 1494 é assinado o Tratado de Tordesilhas: o Mundo é dividido em duas áreas de exploração: a portuguesa e a espanhola. O mundo seria dividido em função de um semi-meridiano que deveria passar a 370 léguas de Cabo Verde - "mare clausum".

No reinado de D. Manuel I, parte do Restelo, a 8 de Junho de 1497, a armada chefiada por Vasco da Gama. Tratava-se de uma expedição comportando três embarcações. É a partir da viagem de Vasco da Gama que se introduzem as naus. A 9 de Maio de 1498 Vasco da Gama chega a Calecute. Estabelecia-se assim o caminho marítimo para a Índia.

Em 1500, parte a segunda expedição para a Índia comandada por Pedro Álvares Cabral. Era uma expedição composta por três embarcações. Mas Pedro Álvares Cabral, por alturas de Cabo Verde, desvia-se da rota e em Abril de 1500 chega a uma terra primeiro denominada Ilha de Vera Cruz, mais tarde Terra de Santa Cruz e finalmente Brasil - face à abundante existência de madeira pau-brasil.

Pedro Álvares Cabral chega a Calecute em 1501. Ocorrem alguns confrontos com o Samorim, com o qual Pedro Álvares Cabral acaba por romper relações. Assim, dirige-se para Sul e estabelece uma feitoria em Cochim.
Cochim é a maior cidade do estado de Kerala, na Índia. É um dos melhores portos do país, na costa ocidental. Tem cerca de 1.436 mil habitantes. Fez parte do Estado Português da Índia entre 1503 e 1663.

Ainda durante o reinado de D. Manuel I organiza-se uma terceira armada à Índia, comandada por João da Nova.
João da Nova foi um explorador português (f. em Cochim, 1509).
Deu o seu nome a uma pequena ilha no Canal de Moçambique, hoje conhecida como Juan de Nova, administrada pela França e dependente de "Reunião".
Reunião é um departamento francês no Oceano Índico, localizado a leste de Madagáscar.

Em 1501 envia-se a segunda armada para o Brasil.

Em 1514, Jorge Álvares atinge a China.
Jorge Álvares (f. 8 de Julho de 1521) foi um explorador português.
Foi o primeiro português a chegar ao Sul da China, em 1513. A esta visita seguiu-se o estabelecimento de algumas feitorias comerciais portuguesas, na província de Cantão, onde mais tarde se viria a estabelecer o entreposto de Macau.

No reinado de D. João III (1521-1557) a partir de 1534 inicia-se a colonização do Brasil com a criação das primeiras capitanias.

Em 1557 os Portugueses estabelecem-se em Macau.
Macau é actualmente uma zona administrativa especial da República Popular da China. Foi administrada por Portugal até 20 de Dezembro de 1999. É constituída por uma península e duas ilhas (Taipa e Coloane), numa superfície total de 17 km². Tem cerca de 450.000 habitantes.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
08
Set05

Energia Nuclear

Praia da Claridade

O que é a energia nuclear ?

</strong></span>O combustível utilizado para produzir energia nuclear é o urânio. Presente na natureza, o urânio é um metal, munido de radioactividade, que sujeito a reacções nucleares, nomeadamente a cisão nuclear em que são divididos os núcleos dos átomos de urânio, gera a designada energia nuclear.

Um Reactor Nuclear é uma câmara blindada contra a radiação, onde é produzida uma reacção nuclear controlada para a obtenção de energia, produção de materiais fissionáveis como o plutónio para armamentos nucleares, propulsão de submarinos e satélites artificiais ou para pesquisas.

Alguns isótopos (1) de certos elementos apresentam a capacidade de, através de reacções nucleares (2), emitirem energia durante o processo. Baseia-se no princípio - demonstrado por Albert Einstein (3) - que nas reacções nucleares ocorre uma transformação de massa em energia. A reacção nuclear é a modificação da composição do núcleo atómico (4) de um elemento podendo transformar-se noutro ou noutros elementos. Esse processo ocorre espontaneamente em alguns elementos; noutros deve-se provocar a reacção mediante técnicas de bombardeamento de neutrões
ou outras.

Existem duas formas de aproveitar a energia nuclear para convertê-la em calor: a fissão nuclear (5), onde o núcleo atómico se subdivide em duas ou mais partículas, e a fusão nuclear
 (6), na qual ao menos dois núcleos atómicos se unem para produzir um novo núcleo.

Energia de Fissão

A fissão nuclear do urânio (7) é a principal aplicação civil da energia nuclear. É usada em centenas de centrais nucleares (8) em todo o mundo, principalmente em países como a França, Japão, Estados Unidos, Alemanha, Suécia, Espanha, China, Rússia, Coreia do Norte, Paquistão e Índia
, entre outros.

A principal vantagem da energia nuclear obtida por fissão é a não utilização de combustíveis fósseis, não lançando na atmosfera gases tóxicos, e não sendo responsável pelo aumento do efeito estufa
 (9).

Os factos históricos demonstram que as centrais nucleares foram projectadas para uso duplo: civil e militar. A primazia na produção de plutónio
 (10) nestas centrais propiciou o surgimento de grandes quantidades de resíduos radioactivos de longa vida que devem ser enterrados convenientemente, sob fortes medidas de segurança, para evitar a contaminação radioactiva do meio ambiente. Actualmente os movimentos ecológicos têm pressionado as entidades governamentais para a erradicação das centrais termonucleares, por entenderem que são uma fonte perigosa de contaminação do meio ambiente.

As novas gerações de centrais nucleares utilizam o tório
(11) como fonte de combustível adicional para a produção de energia ou decompõem os resíduos nucleares num novo ciclo denominado fissão assistida. Os defensores da utilização da energia nuclear como fonte energética consideram que estes processos são, actualmente, as únicas alternativas viáveis para suprir a crescente procura mundial por energia ante a futura escassez dos combustíveis fósseis. Consideram a utilização da energia nuclear como a mais limpa das existentes actualmente.

Energia de Fusão

O emprego pacífico ou civil da energia de fusão
está em fase experimental, existindo incertezas quanto à sua viabilidade técnica e económica.

O processo baseia-se em aquecer suficientemente núcleos de deutério (12) até se obter o estado plasmático. Neste estado, os átomos de hidrogénio desagregam-se, permitindo que ao chocarem ocorra entre eles uma fusão produzindo átomos de hélio
. A diferença energética entre dois núcleos de deutério e um de hélio será emitida na forma de energia que manterá o estado plasmático com sobra de grande quantidade de energia útil.

A principal dificuldade do processo consiste em confinar uma massa do material no estado plasmático já que não existem reservatórios capazes de suportar a elevada temperatura. Um meio é a utilização do confinamento magnético
.

Os cientistas do projecto Iter, do qual participam o Japão e a União Europeia
, pretendem construir uma central experimental de fusão para comprovar a viabilidade económica do processo como meio de obtenção de energia.

Bomba Atómica (13)

As bombas nucleares fundamentam-se na reacção de fissão nuclear explosiva. Foram empregues pela primeira vez em Hiroshima e Nagasaki (Japão), durante a Segunda Guerra Mundial. As bombas termonucleares (Bombas H) são mais potentes e fundamentam-se em reacções de fusão do hidrogénio
activadas por uma reacção de fissão prévia. A bomba de fissão é o ignitor da bomba de fusão devido à elevada temperatura para iniciar o processo da fusão.


Algumas anotações adicionais:

(1) - Isótopos são átomos de um elemento químico, cujos núcleos têm o mesmo número atómico Z mas diferentes massas atómicas.


(2) - Reacção Nuclear, em
Física Nuclear, é qualquer reacção em que ocorra modificação de um ou mais núcleos atómicos. Uma reacção nuclear pode ser representada por uma equação similar a uma equação química, e balanceada de uma maneira análoga. Decaimento nuclear, embora não seja uma reacção no sentido estrito da palavra, pode ser representado da mesma maneira. Decaimento radioactivo é a desintegração de um núcleo através da emissão de energia em forma de partículas ou radiação.

(3) - Albert Einstein (14 de Março de 1879, Ulm, Alemanha - 18 de Abril de 1955, Princeton, EUA)  foi o físico que propôs a teoria da relatividade. Ganhou o Prémio Nobel da Física de 1921 pela correcta explicação do efeito fotoeléctrico; no entanto, o prémio só foi anunciado em 1922. O seu trabalho teórico sugeriu a possibilidade da criação de uma bomba atómica, apesar de ter sido contra o seu desenvolvimento como arma de destruição em massa
.

(4) - O Núcleo Atómico é constituído por
protões, que possuem carga eléctrica positiva, e neutrões que não possuem carga eléctrica. Cada protão do núcleo tenta afastar outro protão, devido à repulsão eléctrica, só não o faz realmente porque os neutrões fazem um papel de "cola" entre protões. Os modelos atómicos mais recentes explicam que protões e neutrões compartilham uma subpartícula. A tal subpartícula compartilhada é um glúon. Um protão e um neutrão comportam-se como dois cachorros lutando por um osso:  ora o osso (o glúon) está com um cachorro (o protão)  ou ora está com o outro cachorro (o neutrão), assim eles se mantêm próximos. Como são diversos protões e diversos neutrões, a "disputa" envolve todas as partículas e elas se mantêm unidas. Essa união enfraquece se o átomo for muito grande como num átomo de urânio, por exemplo. Esses átomos muito grandes são instáveis e podem perder partes de si - processo chamado de desintegração radioactiva
.

(5) - Na Fissão (ou cisão) Nuclear, um
átomo de um elemento é dividido produzindo dois átomos de menores dimensões de elementos diferentes. A fissão de  1 kg de urânio 235  liberta uma média de 2,5 neutrões por cada núcleo dividido. Por sua vez, estes neutrões vão rapidamente causar a fissão de mais átomos, que irão libertar mais neutrões e assim sucessivamente, iniciando uma auto-sustentada série de fissões nucleares, à qual que se dá o nome de reacção em cadeia, que resulta na libertação contínua de energia. Quando a massa total dos produtos da cisão nuclear é calculada, verifica-se que é menor do que a massa original do átomo antes da cisão. A teoria da relatividade de Albert Einstein
dá a explicação para esta massa perdida: Einstein demonstrou que massa e energia são duas equivalentes. Portanto, a massa perdida durante a cisão reaparece sob a forma de energia.

(6) - Na Fusão Nuclear, dois átomos juntam-se e formam um outro átomo de maior número atómico. A fusão nuclear só acontece a temperaturas de vários milhões de graus e vem seguida de uma enorme libertação de energia.

(7) - O Urânio (homenagem ao planeta
Urano)  é um elemento químico de símbolo U e de massa atómica igual a 92 (92 protões e 92 electrões). À temperatura ambiente, o urânio encontra-se no estado sólido. É um elemento metálico radioactivo pertencente à família dos actinídeos. Foi o primeiro elemento onde se descobriu a propriedade de radioactividade. Foi descoberto em 1789 pelo alemão Martin Heinrich Klaproth. O Urânio é utilizado em indústria bélica (bombas atómicas e espoleta para bombas de hidrogénio)  e na construção de centrais nucleares com o objectivo de geração de energia eléctrica
.

(8) - Uma Central Nuclear é uma instalação industrial empregada para produzir
electricidade a partir de energia nuclear, que se caracteriza pelo uso de materiais radioactivos que através de uma reacção nuclear produzem calor. Este calor é empregado por um ciclo termodinâmico convencional para mover um alternador
e produzir energia eléctrica.

(9) - O Efeito Estufa, como quase todos os assuntos, científicos ou não, que a humanidade trata, apresenta múltiplas facetas. De uma forma ou de outra, a organização da sociedade ou Política é a força definidora da verdade, ou pelo menos a verdade presente. O problema do efeito estufa e sua pretensa influência no aquecimento global acelerado dos últimos 100 anos põem em confronto forças sociais poderosas que não permitem que se trate deste assunto do ponto de vista estritamente científico. Alinham-se, de um lado, os defensores das causas antropogénicas como principais responsáveis pelo aquecimento acelerado do planeta. São a maioria e omnipresentes na "mídia".  Do outro lado estão os "cépticos", que afirmam que o aquecimento acelerado está muito mais relacionado com causas externas à
Terra
do que com o efeito estufa. Ambos os lados apresentam argumentos poderosos e são apoiados por forças sociais também poderosas. Recomenda-se, embora o efeito estufa seja reconhecido por ambas as facções, que se tenha cautela na análise dos argumentos apresentados pelos dois lados.

(10) - O Plutónio (homenagem ao planeta
Plutão)  é um elemento químico de símbolo Pu e de massa atómica igual a 94 (94 protões e 94 electrões). À temperatura ambiente, o plutónio encontra-se no estado sólido
.

(11) - O Tório (homenagem ao deus
Thor é um elemento químico de símbolo Th e de massa atómica igual a 90 (90 protões e 90 electrões). À temperatura ambiente, o tório encontra-se no estado sólido. Foi descoberto em 1828 por Jöns Jacob Berzelius. O tório é um metal natural, ligeiramente radioactivo. Quando puro, o tório é um metal branco prateado que mantém o seu brilho por diversos meses. Entretanto, em presença do ar
escurece lentamente tornando-se cinza ou, eventualmente, preto.

(12) - O Deutério é um dos
isótopos estáveis do hidrogénio ( símbolo 2H ). O núcleo do deutério é formado por um protão e um neutrão. O seu peso atómico é igual a 2.  Encontra-se na natureza na proporção de um para cada 7.000 átomos de hidrogénio. Foi descoberto em 1932 por Harold Clayton Urey e seus colaboradores, que o separaram do hidrogénio por destilação
fraccionada a -259ºC. O deutério é também chamado hidrogénio pesado.

(13) - Uma Bomba Atómica é uma arma explosiva cuja energia deriva de uma
reacção nuclear e tem um poder destrutivo imenso - uma única bomba é capaz de destruir uma cidade inteira. Bombas atómicas só foram usadas duas vezes em guerra, pelos Estados Unidos contra o Japão nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial
. No entanto, elas já foram usadas centenas de vezes em testes nucleares por vários países.


Recordando Chernobil...

Em Agosto de 1977, a União Soviética inaugurou o reactor número um de Chernobil. Um reactor de primeira geração RBMK 1000, que viria a ter algumas falhas. Dois anos depois, foi activado o reactor dois, com as mesmas características do primeiro, mas mais potente. Em Junho de 1981, a estação recebeu o seu reactor três, de segunda geração. Em 1985, um grave acidente nuclear no reactor um diminui a potência da central em 25 por cento. As autoridades recusaram explicar em pormenor o sucedido, mas considera-se que o reactor ficou danificado.

A 26 Abril de 1986, duas enormes explosões destruíram o reactor central, originando uma brecha no núcleo de 1000 toneladas, sucedendo-se consecutivas explosões provocadas pela libertação de vapores escaldantes que quase destruíram toda a central e que espalharam uma nuvem gigantesca de radiações na atmosfera equivalentes a 500 bombas de Hiroshima. As nuvens de isótopos radioactivos resultantes foram detectadas por toda a Europa, desde a Irlanda à Grécia. Nas imediações de Chernobil, 31 pessoas morreram (todos bombeiros ou trabalhadores da central nuclear)  e 135.000 foram evacuadas temporariamente. Este foi considerado o pior acidente nuclear civil da história. Estima-se que existirá um número adicional de mortes de cancro, nos sessenta anos seguintes, na ordem dos 20.000 a 40.000. A União Soviética tentou ocultar as proporções do acidente. Milhares de soldados construíram, depois, uma protecção de aço e cimento, denominada sarcófago, para proteger o reactor destruído.

Em 1991, um incêndio de grandes proporções levou ao encerramento do reactor dois. A Agência Atómica Internacional inspeccionou a central de Chernobil, em Março de 1994, e encontrou numerosas deficiências de segurança nos dois reactores ainda em funcionamento. O sarcófago que sela o que resta do reactor explodido estava a desmoronar-se. Em 1995, foi elaborado um protocolo de acordo, entre a Ucrânia e as sete nações mais industrializadas, para o encerramento de Chernobil, em troca de assistência económica, mas em 1996 a central continuou activa...
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
07
Set05

O Comboio

Praia da Claridade

No transporte ferroviário, um comboio consiste num ou vários veículos (carruagens ou vagões), ligados entre si e capazes de se movimentarem sobre uma linha ou trilho, para transportarem pessoas ou carga de um lado para outro, segundo uma rota previamente planeada. A linha ou trilho, normalmente é constituída pelos convencionais carris duplos, por mono-carril, ou ainda por levitação magnética (maglev). O comboio pode ser puxado por uma locomotiva ou por uma unidade (carruagem) auto-alimentada, também chamadas de unidades múltiplas.

O comboio, puxado pela máquina a vapor teve uma importância enorme nos últimos duzentos anos da história da humanidade. Ele foi sem dúvida o elemento mais importante da Revolução Industrial, permitindo a deslocação das matérias primas para as fábricas, rápida e eficazmente, e levando os produtos acabados a pessoas, a regiões distantes e aos países onde eram mais necessários. Foi importantíssima a sua contribuição nas Primeira e Segunda Guerras Mundiais, levando rapidamente homens e armas onde estes mais falta faziam. Foram os comboios, a quem os índios chamaram Cavalo de Ferro (Iron Horse), que ajudaram os colonos ingleses a desbravar o oeste americano e a construir o que hoje é considerado como a maior potência mundial.

Foram os comboios que ligaram populações, regiões, países e continentes que até aí estavam completamente isolados ou onde poderia demorar semanas ou meses para fazer uma simples comunicação entre si; na agricultura, os produtos que corriam o risco de ficar nas regiões onde eram produzidos, puderam começar a ser despachados para grandes distâncias, havendo muito menor risco da sua degradação e encorajando, assim, o aumento das produções.

Em redor das estações ferroviárias, nasceram e cresceram vilas e cidades, onde até aí, nada existia; a construção das linhas ferroviárias empregou muitos milhares de pessoas, de cidades, regiões e até de países diferentes, contribuindo assim para aproximar diferentes povos e culturas.

Cerca de 400 anos antes os portugueses, com os seus descobrimentos, deram novos mundos ao mundo; esta máxima poder-se-á, com toda a justiça, aplicar ao comboio e ao desenvolvimento que este nos proporcionou.

História

O jesuíta belga Ferdinand Verbiest terá sido um dos percursores do comboio em Pequim, ao idealizar em 1681 uma máquina auto-propulsora a vapor. Em 1769, Joseph Cugnot, militar francês, construiu em Paris uma máquina a vapor para o transporte de munições.

Após várias tentativas falhadas, Richard Trevithick, engenheiro inglês, conseguiu em 1804, construir uma locomotiva com a qual puxou cinco vagões com dez toneladas de carga e setenta passageiros à velocidade vertiginosa de 8 km por hora, usando para o efeito carris fabricados em ferro-fundido. Esta locomotiva, por ser demasiado pesada para a linha-férrea e avariar constantemente, não teve grande sucesso.

Outro inglês, John Blenkinsop, construiu uma locomotiva em 1812 que usava dois cilindros verticais que movimentavam dois eixos, unidos a uma roda dentada que faziam accionar uma cremalheira. Esta máquina usava também carris de ferro-fundido, que vieram substituir definitivamente os trilhos em madeira usados até aí. Estes trilhos ou linhas de madeira tinham sido desenvolvidos na Alemanha por volta do ano de 1550, serviam carruagens que eram puxadas por animais, principalmente por cavalos mas também, por vezes, à força de braços.

No entanto, o passo de gigante para o desenvolvimento da locomotiva e por consequência do comboio, seria dado por George Stephenson. Este inglês, mecânico nas minas de Killingworth, construiu a sua primeira locomotiva a quem chamou Blucher, corria o ano de 1814. A Blucher, que se destinava ao transporte dos materiais da mina, conseguiu puxar uma carga de trinta toneladas à velocidade de 6 quilómetros por hora. Stephenson viria a construir a primeira linha férrea, entre Stockton e a região mineira de Darlington, que foi inaugurada em 27 de Setembro de 1825 e tinha 61 km de comprimento; quatro anos mais tarde, foi chamado a construir a linha férrea entre Liverpool e Manchester. Nesta linha foi usada uma nova locomotiva, baptizada Rocket, que tinha uma nova caldeira tubular inventada pelo engenheiro francês Marc Seguin e já atingia velocidades da ordem dos 30 km/hora.

No início do século XIX, as rodas motrizes passaram a ser colocadas atrás da caldeira, permitindo desta forma aumentar o diâmetro das rodas e, consequentemente, o aumento da velocidade de ponta. O escocês James Watt, com a introdução de várias alterações na concepção dos motores a vapor, designadamente na separação do condensador dos cilindros, muito contribuiu também para o desenvolvimento dos caminhos de ferro. A partir daqui, a evolução do comboio e das linhas ferroviárias tornou-se imparável, transportando o progresso à volta do globo. A meio do século XIX já existiam muitos milhares de quilómetros de via férrea por todo o mundo: em Inglaterra, 10 mil; nos EUA, 30 mil. Neste último, com a colonização do Oeste, esta cifra atingiu mais de 400 mil quilómetros no início do século XX.

Num ápice, as locomotivas passaram do vapor à electricidade. No dia 31 de Maio de 1879, Werner von Siemens apresentou na Exposição Mundial de Berlim a primeira locomotiva eléctrica. No entanto, o seu desenvolvimento só foi significativo a partir de 1890, mantendo-se a sua utilização até aos nossos dias. A invenção da locomotiva eléctrica não é pacífica: há quem atribua igualmente esta invenção tanto ao norte americano Thomas Davenport como ao escocês Robert Davidson. Nos fins do século XIX, Rudolf Diesel inventou o motor de injecção a diesel e com ele novas locomotivas foram desenvolvidas usando esta nova tecnologia; foram também criadas locomotivas que utilizavam os dois conceitos (eléctrico e diesel), sendo por isso bastante versáteis. Estas máquinas depressa começaram a ganhar terreno às velhinhas locomotivas a vapor que no entanto, por exemplo em Portugal, se mantiveram no activo até 1977, ano em que foram definitivamente afastadas, acusadas de serem causadoras de diversos incêndios.

Mais recentemente, foram desenvolvidas também locomotivas com turbinas a gás e com elas chegamos aos comboios de alta velocidade, capazes de atingir os 300 e nalguns casos os 400 e mais quilómetros por hora, designadamente em condições de testes.

A França foi o maior impulsionador deste tipo de comboios, com o seu TGV “Train Grand Vitesse”. Em 23 de Setembro de 1981 foi inaugurado o primeiro troço da linha Paris–Lyon e em 18 de Maio de 1990, um TGV, atinge os 515 km por hora na nova linha Paris-Tours, batendo o anterior recorde de velocidade ferroviário que era de 406 km por hora (1988, na Alemanha). Em 1993 é inaugurada a linha que une Paris à Bélgica, Holanda, Alemanha e ao Reino Unido através do Túnel da Mancha.

A França foi e continua a ser, o maior impulsionador dos comboios de alta velocidade mas não foi o primeiro país a fazê-lo: 17 anos antes, no dia 1 de Outubro de 1964, os japoneses inauguravam a sua primeira linha de alta velocidade, ligando Tokio a Osaka.

O comboio que há muito vencia o obstáculo da água, através das pontes, passava agora a fazê-lo também por debaixo desta. Mas já há muito tempo que o comboio tinha deixado a luz do dia para cima: o metropolitano, cuja característica principal é fazer o seu percurso principalmente debaixo do chão, já tinha feito a sua viagem inaugural em Londres, no longínquo ano de 1863, ainda movido por uma locomotiva a vapor, mas apenas em 1890, com a mudança para a energia eléctrica, o metropolitano teve o seu grande desenvolvimento. Em 1897 chegou aos Estados Unidos, e a Portugal apenas em 1959. Por não interferir com o trânsito rodoviário, por ser rápido e cada vez mais confortável, o metropolitano é, nos dias de hoje, o meio de transporte mais popular e eficaz nas grandes cidades.

O mono-carril e o comboio de levitação magnética, mais conhecido por Maglev são as últimas novidades na tecnologia ferroviária. Embora a primeira patente de um comboio de levitação magnética tenha sido registada em 1969.

Portugal

Em 28 de Outubro de 1856, era inaugurada a primeira linha ferroviária em Portugal quando partiu da Estação de Santa Apolónia o comboio baptizado D. Pedro V que ligou pela primeira vez Lisboa ao Carregado. A obra, iniciada em 1853, esteve a cargo da Companhia Central e Peninsular dos Caminhos de Ferro em Portugal.

Após a rescisão do contrato com esta companhia, é concedida autorização a D. José de Salamanca, que em 20 de Junho de 1860 fundou a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses com o objectivo de explorar as linhas do Norte e do Leste. Deste modo, a linha do Norte ficou concluída até Vila Nova de Gaia no dia 7 de Julho de 1864, enquanto que a linha do Leste já tinha chegado a Badajoz um ano antes, no dia 4 de Julho, tendo sido para isso necessária a mudança da largura da linha existente (1,44 metros) para o tamanho ibérico que era de 1,67 metros.

Para o sul do país a situação foi mais complicada: a falta de investidores interessados, mesmo com grandes apoios do Estado, deixa nas mãos deste a responsabilidade de levar o comboio ao Algarve. Em 1 de Julho de 1889, 25 anos depois de ter chegado ao Norte, o comboio chega finalmente a Faro.

No Norte, o comboio ia de vento em popa; em 20 de Maio de 1875 chegava a Braga, a 25 de Março de 1886 à Galiza e em 5 de Novembro de 1877, Gustave Eiffel ligava Vila Nova de Gaia ao Porto através da Ponte D. Maria Pia.

Em 22 de Dezembro de 1926, após resolvidos problemas relacionados com o Cabo Submarino, é terminada a electrificação da Linha de Cascais.

Em 1945 o governo português decide atribuir todas as concessões de linhas férreas (à excepção da Linha de Cascais), à CP - Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses - que a partir de 1910, devido à Implantação da República, tinha abandonado o nome de Real.

Em 1948 começam a cruzar as linhas as primeiras locomotivas a diesel, e no início dos anos 50 é electrificada a linha de Sintra e iniciada a electrificação da Linha do Norte; nesta altura a electricidade, o diesel e o vapor (que só deixaria de existir em 1977) conviviam alegremente nas "estradas de ferro" portuguesas.

Com o 25 de Abril de 1974, assiste-se à privatização de grande parte das empresas portuguesas - a CP não foi excepção. A partir daqui, entrou-se numa fase de estagnação e até de retrocesso devido à má gestão do Estado que, na opinião de muitos, não teria vocação para gerir estas grandes empresas, mas também, sem dúvida, devido ao aumento do poder de compra verificado a partir daí, com o consequente aumento do tráfego automobilístico e com o grande aumento da concorrência dos transportes aéreos, navais e rodoviários.

Estações encerradas e linhas desactivadas tornam–se um cenário comum em várias zonas do país, e nem a entrada de Portugal na Comunidade Europeia consegue mudar esta situação, visto que as verbas atribuídas pela CEE são aplicadas principalmente no desenvolvimento rodoviário.

Mais recentemente, a situação parece querer alterar-se, com a construção da nova travessia sobre o Douro, para substituir a velhinha ponte D.Maria Pia; a construção da Gare do Oriente, feita para dar apoio à Expo 98; a construção da ligação ferroviária entre Lisboa e a margem sul do Tejo, aproveitando a também já antiga Ponte 25 de Abril e a possível introdução do Comboio de Alta Velocidade. Também a CP sofreu profundas alterações nos últimos anos, tendo sido separada em duas empresas – uma para construir e manter as linhas (REFER) e outra (a própria CP) para gerir os comboios, prevendo-se ainda uma possível reprivatização.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
06
Set05

A Cana-de-açúcar

Praia da Claridade

A cana-de-açúcar, de seu nome científico Saccharum officinarum, é uma das seis espécies do género Saccharum, gramíneas altas provenientes do Sudeste Asiático. É o vegetal com o qual se fabrica açúcar e álcool.

É uma
planta da família Poaceae, com as quais se relaciona com a forma da inflorescência (espiga), o crescimento do caule em colmos, e as folhas com lâminas de sílica nas suas bordas e bainha aberta.

Processamento da cana

A cana colhida é processada com a retirada do caule, que é esmagado, libertando os
sucos que são fervidos, resultando o melaço, do qual o açúcar é cristalizado. O caule é às vezes triturado, ou então usado para fazer caldo de cana e rapadura. O caldo também pode ser utilizado na produção de rum (1)  ou cachaça (2), enquanto as fibras, também chamadas de bagaço, podem ser usadas como ração animal ou combustível.

Economia e História

Foi a base da economia do nordeste brasileiro, na época dos
engenhos. Com o tempo, a economia dos engenhos entrou em decadência, sendo praticamente substituído pelas fábricas
. O termo engenho hoje em dia é usado para as propriedades que plantam cana-de-açúcar e a vendem, para ser processada nas fábricas e transformada em produtos derivados.

O Brasil é hoje o principal produtor de cana-de-açúcar do mundo. Os seus produtos são largamente utilizados na produção de
açúcar, álcool combustível
e mais recentemente, bio-diesel.

A cana-de-açúcar foi a base
económica de Cuba, quando tinha toda a sua produção com venda garantida para a União Soviética
, a preços artificialmente altos. Com o colapso do regime socialista soviético, a produção de cana cubana tornou-se inviável.

A cana-de-açúcar também é o principal produto de exportação em países do Caribe como a
Jamaica, Barbados, etc. Com a suspensão de preferências europeias à cana caribenha em 2008
, espera-se um colapso semelhante na indústria canavieira caribenha.

Vários países da
África austral, principalmente a África do Sul, Moçambique e a ilha Maurícia
, são igualmente importantes produtores de açúcar.

Produção de Cana-de-Açúcar no Brasil

Em
1993, a mecanização da produção dos canaviais não atingia 0,5% do total da produção. Em 2003
, aproximadamente 35% da produção brasileira já era mecanizada.

A intensa mecanização dos canaviais tem gerado algum atrito político e social. Tem havido grande perda de empregos no sector, que usa mão-de-obra intensiva e pouco qualificada: os chamados
bóias-frias
. Essa ainda é a única ocupação disponível para populações inteiras no interior do Brasil.

(1) - O Rum é uma bebida
alcoólica obtida a partir da destilação do melaço de cana-de-açúcar. Está intimamente associada a Cuba. Um cocktail conhecido elaborado com rum e Coca-Cola é a "Cuba Libre".

(2) - A Cachaça
, a aguardente de cana, é uma bebida alcoólica típica do Brasil. É obtida através da fermentação da cana-de-açúcar e posterior destilação.
A Cachaça serve de base para um cocktail mundialmente conhecido: a Caipirinha (3): cachaça, limão, açúcar e gelo.

(3) - A Caipirinha é o drink
brasileiro mais conhecido internaci-onalmente. É feito com cachaça, limão, açúcar e gelo.
As caipirinhas praticamente devem ser preparadas para um copo de cada vez, já que os seus ingredientes são em quantidades tão irregulares que é muito complicado fazer uma divisão igualitária. O limão é cortado em pedaços; algumas pessoas descascam-os parcialmente. Adicionando-se 1 a 2 colheres de chá de açúcar, os pedaços do limão são esmagados com um bastonete para libertar o suco do limão. Bastonetes de madeira especiais para essa tarefa são fáceis de ser encontrados.

Finalmente, adiciona-se 20 a 50
ml de Cachaça e gelo picado. Deve ser mexido já que é muito difícil de misturar suficientemente bem. O drink é servido em copos baixos e largos com (geralmente dois) pequenos canudos. No Brasil, é servido na maioria dos restaurantes e nas praias. Os nativos geralmente preferem cubos de gelo a gelo picado.

Já que agora é muito popular mundo fora, inúmeras variações dessa bebida são conhecidas. Em algumas regiões, açúcar mascavado é usado ao invés do refinado. Mesmo no Brasil, podem ser encontrados com adoçantes artificiais para os preocupados com o açúcar, ou com uma grande variedade de frutas. Além disso, a cachaça algumas vezes é substituída por
vodka (Caipiroska) ou rum (Caipirissima).
Também são feitas Caipirinhas de
Saquê. O Saquê é uma bebida fermentada de arroz.

Na verdade, a caipirinha é um dos sabores do que os brasileiros chamam de "batidas", que são drinks de frutas feitos com cachaça. Portanto, pode-se substituir o limão por outra fruta e conseguir drinks muito bons. As batidas de
morango, maracujá e coco também são populares.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
05
Set05

O Rim

Praia da Claridade

Rim é cada um dos dois órgãos excretores, em forma de feijão (tendo no ser humano, aproximadamente 11 cm de comprimento, 5 cm de largura e 3 cm de espessura). É o principal órgão do Sistema Excretor e osmo-regulador dos vertebrados.

Um órgão é um conjunto de tecidos que evoluiu para realizar uma determinada função

O sistema excretor é o responsável, no organismo, pela manutenção do meio interno, regulação do teor de água e sais minerais e eliminação de resíduos nitrogenados formados durante o metabolismo celular.

Os rins filtram dejectos (especialmente ureia) do sangue, e os excretam, com água, na urina; a urina sai dos rins através dos ureteres, para a bexiga.

A ureia é um composto orgânico cristalino, incolor, de fórmula CO(NH2)2 (ou CH4N2O), com um ponto de fusão de 132,7 °C. Tóxica, a ureia forma-se principalmente no fígado, sendo filtrada pelos rins e eliminada na urina, onde é encontrada abundantemente; constitui o principal produto terminal do metabolismo proteico no ser humano e nos demais mamíferos.

Os ureteres são dois tubos que fazem parte das vias urinárias e que ligam a pelve do Rim à Bexiga. A sua função é expelir a urina do rim até à bexiga.

Além de excretar substâncias tóxicas, os rins servem também para manter o equilíbrio dos fluidos do corpo, produzem substâncias que regulam a pressão arterial, mantêm o equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico, participam na síntese de vitamina D e secreção de eritropoitina, substância que estimula a produção de hemácias.

Hemácias são glóbulos ou células vermelhas (eritrócitos) presentes no sangue em número de cerca de 5 milhões por milímetro cúbico, em condições normais.

Os rins, geralmente, encontram-se envoltos por uma "almofada" de gordura, com finalidade de protecção mecânica.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
04
Set05

Vida de Pirata

Praia da Claridade

Um pirata é um homem marginal que, de forma autónoma ou organizado em grupos, promove saques a navios e a cidades. O estereótipo mais conhecido do pirata refere-se aos piratas das Caraíbas e cuja época áurea ocorreu principalmente entre os séculos XVI e XVIII.
Actualmente o termo é utilizado para se referir à cópia não-autorizada e à distribuição ilegal de material sob
direitos de autor, especialmente música, imagem, vestuário e software.

História da pirataria

O primeiro a usar o termo pirata para descrever aqueles que pilhavam os navios e cidades costeiras foi
Homero, na Grécia antiga, na sua Odisseia. Os piratas são aqueles que pilham no mar por conta própria, embora hoje em dia este termo já seja aplicado a qualquer pessoa que viola alguma coisa (como por exemplo os piratas do ar ou os piratas informáticos).

Eles navegavam nas rotas comerciais com o objectivo de se apoderarem das riquezas alheias, que pertencessem a simples mercadores, navios do estado ou povoações e mesmo cidades costeiras, capturando tudo o que tivesse valor (desde metais e pedras preciosas a bens) e fazendo reféns, para extorquir resgates, normalmente eram as pessoas mais importantes e ricas para que assim o pedido de resgate pudesse ser mais elevado.

Primeiramente a pirataria marítima foi praticada por gregos que roubavam mercadores
fenícios e assírios desde pelo menos 735 a.C. A pirataria continuou a causar problemas, atingindo proporções alarmantes no século I d.C., quando uma frota de mil navios pirata atacou e destruiu um frota romana e pilhou aldeias no sul da Turquia.

Na
Idade Média, a pirataria passou a ser praticada pelos normandos (que actuavam principalmente nas ilhas britânicas, França e império germânico, embora chegassem mesmo ao Mediterrâneo e ao mar Morto), pelos Muçulmanos (Mediterrâneo) e piratas locais.

Mais tarde esta difundiu-se pelas colónias europeias, nomeadamente nas Caraíbas, onde os piratas existiam em grande quantidade, procurando uma boa presa que levasse riquezas das colónias
americanas para a Europa, atingindo a sua época áurea no século XVIII. Desde aí a pirataria vem perdendo importância, embora em 1920 ainda tivesse a sua relevância nos mares da China.

Actualmente, a pirataria revela-se mais incidente no sudeste asiático e ainda nas Caraíbas, sendo os locais de ataque espaços entre as ilhas, onde estes atacam de surpresa com lanchas muito rápidas.

Código de Conduta

As regras de cada capitão eram estabelecidas para cada um dos membros da tripulação. Aqui existia alguma incerteza acerca do comportamento aceitável entre os piratas num navio pirata normal. Quando as regras eram quebradas, a tripulação punia várias vezes sem dó nem piedade o infractor. Ainda assim, em alguns casos em que o pirata em questão desempenhava bem a sua função podia ser absolvido.

Exemplo de um código de conduta:

- Todos os homens devem obedecer ao código civil; o capitão tem direito a uma parte e meia de todos os prémios; o sub-capitão, o carpinteiro, o mestre e o homem de armas têm direito a parte e um quarto;

- Se alguém tentar fugir, ou guardar algum segredo do resto da tripulação, ele deve ser abandonado numa ilha deserta com uma garrafa de pólvora, uma garrafa de água (o suficiente para sobreviver dois ou três dias), uma pequena arma e munições;

- Se alguém roubar alguma coisa, ou jogar, no valor de um peso, ele deve ser abandonado numa ilha deserta ou baleado;

- Se alguma vez nós nos tivermos de encontrar com outro pirata e esse homem seguir o seu código sem o consentimento do nosso capitão e da nossa tripulação, deve sofrer a punição como o capitão e a tripulação quiserem;

- O homem que desrespeitar estes artigos enquanto este código estiver em vigor, deve ser punido com a lei de Moisés (40 chicotadas sem faltar nenhuma) nas costas despidas;

- O homem que abocanhar as suas armas ou fumar tabaco no porão, sem uma tampa no cachimbo, ou carregar uma vela acesa sem lanterna, deve ter a mesma punição que o artigo anterior;

- O homem que não mantiver as suas armas limpas, que ficar noivo, ou se esquecer da sua função, deve sofrer qualquer punição que o capitão e a tripulação quiserem;

- Se um homem perder o seu casamento deve ganhar 400 pesos. Se perder um membro 800;

- Se alguma vez te encontrares com uma mulher prudente, que esse homem se ofereça a intrometer-se com ela, sem o consentimento dela, deve sofrer morte certa.

Recompensas da Pirataria

Os piratas eram hábeis a recolher bens e riquezas espantosas nas suas incursões no oceano. As principais riquezas obtidas pelos piratas eram metais preciosos (ouro e prata), dinheiro, jóias e pedras preciosas. Mas a maioria das pilhagens era feita aos mercadores, de quem roubavam linhos, roupas, comida, âncoras, cordas e medicamentos. A carga pilhada aos mercadores incluía artigos raros, tais como especiarias, açúcar, índigo e quinina. Os tipos de bens pilhados variavam consoante os navios encontrados. Assim, alguns piratas eram muito selectivos nos navios que atacavam, tendo a certeza de que o saque iria cobrir os riscos da batalha, logo também era importante escolher uma boa área para combater. Uma dessas áreas era o Spanish Main, como já foi referido anteriormente. Como se sabe, o tesouro espanhol ia frequentemente para Portobello para carregar os tesouros do Peru, que era duas vezes o rendimento do rei de Inglaterra, e muitas vezes incluía 25 milhões de pesos sob a forma de lingotes de prata e moedas.

Escolher o navio certo e a carga certa para pilhar, era um dever essencial de todos os capitães pirata, desejando assim que não houvessem motins. Contudo, um ataque falhado a um navio prometedor, poderia também ter resultado num grande êxito, visto que a maioria da tripulação navegava para partilhar os bens roubados. Outra preocupação era o verdadeiro método para dividir os tesouros pilhados. No código de conduta pirata, estava declarado como a pilhagens não eram divididas de igual forma. Por exemplo, algumas moedas, tais como pesos, eram cortadas para uma partilha mais exacta. Contudo, as jóias não eram fáceis de dividir. As provas deste processo de partilha são as marcas de facas marcadas em alguns tesouros pirata, expostos em museus por todo o mundo. A ideia dos tesouros enterrados é um mito, que está maioritariamente em livros com histórias de piratas. O pirata com o qual começou este mito foi o Capitão Kidd. Contudo, é possível que alguns piratas tenham escondido os seus tesouros deste modo, grande parte do dinheiro foi gasto a procurá-lo, mas sem sucesso. A maior parte dos piratas eram extremamente gastadores e raramente acumulavam dinheiro suficiente para o enterrar ou esconder. Visto o perigo que estes viviam constantemente, estavam mais determinados em gastá-lo imediatamente que em guardá-lo para o futuro.

Indemnização por Mutilações

Pode-se dizer que a vida dos piratas era muito difícil, podendo estes muito provavelmente sofrer ter danos muito graves ou mesmo morrer. Além da morte, o maior medo de um pirata era vir a ser incapacitado. Se um pirata ferido sobrevivesse a uma amputação, e recebia os cuidados médicos apropriados (que era desagradavelmente a bordo do navio), recebia uma espécie de substituto um pouco original para um membro dele (normalmente uma tábua suplente, ou algumas vezes nada). Por razões óbvias um pirata ferido já não era capaz como um marinheiro com todas as partes do corpo, e a maior parte podia não desempenhar os seus deveres. Quando perdiam um membro, os piratas eram recompensados pela sua perda, e eram recompensas perfeitamente e adequadas para os tempos em que viviam. Se um pirata fosse ferido na perna, a amputação devia de ser muitas vezes a única saída para ser salvo, a tripulação era minimamente educada, chamavam o cozinheiro para amputar o membro ferido, para prevenir uma infecção. Os médicos não eram comuns a bordo de navios pirata, então muitas vezes o cozinheiro era chamado para fazer as amputações. Contudo, como as operações raramente tinham sucesso e como o cirurgião inexperiente podia não conseguir fazer parar a hemorragia, o pirata raramente sobrevivia, e mesmo que sobrevivesse à amputação podia não passar de uma infecção posterior. Caso sobrevivesse era necessário um substituto para a perna em falta, que normalmente era qualquer coisa que estivesse livre no barco, como por exemplo um pedaço de madeira comprido. Esta prática também poderia acontecer no caso de uma mão, tal como existe o vulgar exemplo do gancho. Na verdade, a maioria das tripulações piratas eram organizadas, razoavelmente sofisticadas e com condições favoráveis para os membros feridos. Os piratas feridos não eram só compensados financeiramente, mas muitas vezes eles também eram oferecidos para fazerem trabalhos não exigentes no navio. Trabalho este que podia incluir manobrar canhões, fazer os cozinhados, e a lavar o convés do navio. Num exemplo descrito por Exquemelin a recompensa assumia a forma sob os seguintes valores: pelo braço direito seiscentos pesos ou oitocentos escravos; quinhentos pelo esquerdo ou cinco escravos; por um olho cem pesos ou um escravo e idêntica quantia por um dedo; pela perna direita quinhentos pesos e pela esquerda quatrocentos. Em comparação com os valores actuais, um peso vale cerca de noventa e seis cêntimos de dólar (0,96$), o que parta a altura era muito.

Legislação Para Piratas

Podia ser uma frase favorável e verdadeira dizer que um caminho agradável durante século XVIII era restrito à pirataria, mas a vida de pirata também tinha grandes objecções. Ao longo deste período, a morte chegava muitas vezes inesperadamente, no meio da batalha, por naufrágios, rixas na taberna, doença, etc. Mas existiam vezes em que a morte era “a dançar a jiga de cânhamo”, que era o destino de qualquer pirata. Os julgamentos para a pirataria, eram muitas vezes influenciados por tribunais almirantados, tribunais que haviam sido fundados na década de 1340 na Inglaterra, para julgamentos que dissessem respeito a grandes crimes. Uma vez condenado, o pirata podia ser enforcado a qualquer hora, dez dias depois do julgamento. No dia do enforcamento, os piratas eram os principais alvos de chacota na procissão realizada no dia até ao local do enforcamento, que era liderada por um oficial a carregar um Remo Prateado (símbolo da autoridade do Supremo Tribunal Almirantado). O destino final era a forca, que geralmente era situada numa praça pública junto à água, muitas vezes durante a maré vazia. Todo o acontecimento, como todos os enforcamentos eram um espectáculo que arrastava multidões. Antes do enforcamento, normalmente o pirata era tapado por um capelão. Instigado, o réu declarava o seu destino, e arrependia-se antes de ser enforcado. Muitas vezes o sermão também servia para pregar à audiência, usando os piratas como o primeiro exemplo da degeneração da alma humana. Depois do sermão, o pirata admitia para as pessoas antes de ser enforcado e deixado a baloiçar na forca. Na sua última prece, antes da execução, alguns pareciam estar arrependidos, alguns assustados e outros rudes, enquanto que diziam grosseirismos para as multidões. Depois da execução, os corpos representavam os restantes membros da tripulação, que eram enterrados, abaixo do nível de maré-alta e deixados até que três marés tenham passado sobre eles.

Os corpos da maioria dos capitães mais famosos, eram muitas vezes embalsamados em alcatrão, encaixotados numa armação de ferro ou correntes, e pendurados, enforcados, num sítio visível à beira da água, onde eles oscilavam com o vento até nada restar. A punição por corso era a prisão, com a possibilidade de libertação na troca de um resgate. Contudo isto não era uma alternativa favorável, pois muitas vezes acabavam por ter uma morte demorada, em velhos navios prisão, que eram navios de guerra convertidos, que já não estavam aptos para o mar, ou outros fins. Muitas vezes o prisioneiro acabava por morrer por enfraquecimento ou doença.

Castigos Pirata

A tortura, a queima e a mutilação eram castigos comuns que os piratas davam às suas vítimas, praticando verdadeiros actos de crueldade, e até gostavam de ver o sofrimento dos outros. Os piratas chineses prendiam as suas vítimas em gaiolas de bambu ou pregavam-nos ao convés. A tortura era utilizada para extrair rapidamente informação da vítima, acerca de navios com tesouros, rotas marítimas ou tesouros escondidos. Um exemplo da crueldade dos piratas, foi no caso dos inúmeros cercos feitos a Argel, em que os corsários berberes usavam prisioneiros franceses como munição contra os barcos destes. Existe apenas um relato de um jornal de 1829 de os piratas terem obrigado o seu prisioneiro a marchar sobre a prancha para se afogar ou ser comido pelos tubarões. Qualquer pirata que desobedecesse ao código de conduta ou brigasse com os colegas era chicoteado ou deixado à deriva num bote, ou caso um pirata roubasse outro membro da tripulação podiam ser-lhe cortadas a orelhas ou o nariz. Quando condenado à lei de Moisés, era a vítima que fabricava o gato de nove caudas ( tipo de chicote com arame nas pontas). Os membros da tripulação de John Philips foram obrigados a jurar com a mão sobre um machado que os desertores e traidores seriam abandonados numa ilha deserta. Para se vingar de antigos oficiais, os piratas quando atacavam estes com sucesso castigavam-nos, como por exemplo cortando-lhes o braço ou qualquer outra parte do corpo. O capitão pirata irlandês Edward England foi punido pela sua tripulação por ser demasiado brando com eles.

Vida em Terra e no Mar

Quando os piratas regressavam das suas pilhagens, eles estavam prontos para a diversão. Se regressassem de uma viagem bem sucedida, os piratas rapidamente esgotavam a sua riqueza nas tabernas e nas cervejarias locais. Muitas vezes, piratas bêbedos, gastavam milhares de pesos numa única noite (nessa altura com 10 pesos comprava-se uma pequena manada de gado). Prazeres como rum, comida, vinho e jogo, faziam pobres tabernas donos de riqueza durante a noite. Em suma, os piratas gastavam nas tabernas tudo o que ganhavam. A vida na terra não era só diversão e jogo. Para o sucesso, um pirata tem bastante trabalho enquanto está em terra. Depois de uma viagem longa, as lapas e as algas têm ser retirados do casco do navio. Depois de uma boa batalha, o barco era reparado ou substituído. Uma das tarefas mais importantes era para abastecer bem o navio com provisões de água e comida para a próxima viagem.

A vida no mar era muito árdua, os porões eram escuros, mal-cheirosos, húmidos e sentia-se falta de ar. Também se pode presumir que a vida no mar era uma grande maçada para os piratas. Um grande contraste entre a vida no mar: navegam durante semanas de aborrecimento a procurar uma presa, e depois guerras muito duras quando encontravam vítimas. Com nada para distrair os piratas sanguinários, conflitos e lutas eram comuns. Era nessas alturas que o capitão intervinha e controlava-os com medo ou respeito. O capitão não tinha a última palavra, pois em muitos casos o navio pirata era dirigido democraticamente. Nas viagens de longa duração, o racionamento de comida era o maior desafio para os piratas. Os piratas muniam-se de cerveja engarrafada antes das viagens longas, pois a água rapidamente deixava de ser potável, devido ao seu sabor salgado. De início, os piratas detestavam os biscoitos duros que duravam muito tempo; embora para as longas viagens se munissem de lima (limão), como abastecedor de vitamina C. Se tivessem sorte, os piratas podiam ter algumas galinhas a bordo, que lhes davam ovos e carne. Aparentemente os piratas encontravam abastecimento ilimitado de carne nas tartarugas que crescem nas Caraíbas. Além de serem deliciosas, estas tartarugas eram facilmente apanhadas.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
03
Set05

A Peste Negra

Praia da Claridade

FatoProteccaoPesteNegra.jpg

Fato de "protecção" usado pelos médicos durante a Idade Média quando visitavam doentes vítimas da Peste Bubónica



A Peste Negra é o nome medieval dado à Peste Bubônica, doença que atacou a Europa durante o século XIV e dizimou cerca de 25 milhões de pessoas, um terço da população da época. A doença é causada pela bactéria Yersinia pestis que se espalha através das pulgas dos ratos pretos Rattus rattus ou outros roedores.

História

A peste é, de todas as doenças, uma das poucas que tiveram influência determinante no desenvolvimento da história da Humanidade.

Os reservatórios da bactéria da peste em roedores são sempre a origem das epidemias. Há dois reservatórios antigos, um no sopé dos Himalaias e outro na região dos Grandes Lagos em África. As restantes populações de roedores infectados existentes hoje terão sido apenas contaminadas em períodos históricos.

As populações de alguns roedores das pradarias vivem em altíssimos números em enormes conjuntos de galerias subterrâneas que comunicam umas com as outras. O número de indivíduos nestas comunidades permite à peste estabelecer-se porque, com o constante nascimento de crias, há sempre suficiente número de novos hóspedes de forma contínua para a sua manutenção endémica. Naturalmente que as populações de ratos e de humanos nas (pequenas) cidades medievais nunca tiveram a massa crítica contínua de indivíduos susceptíveis para se manterem. Nessas comunidades de homens, a peste infecta todos os indivíduos susceptíveis até só restarem os mortos e os imunes. Só após uma nova geração não imune surgir e se tornar a maioria, pode a peste regressar. Nas comunidades humanas, portanto, a peste ataca em epidemias.

A Peste na Antiguidade

Há várias referências a epidemias mortíferas na Bíblia. No período medieval, em que a peste era a principal doença epidémica mortífera, estas alusões foram interpretadas como referentes a ela, uma ideia que tem sido aceite por muitos historiadores até ao presente. No entanto, não existe nenhum dado clínico que permita identificar as doenças epidémicas da Bíblia, como aquela que Deus teria mandado contra os filisteus como castigo após terem roubado a Arca da Aliança.

Do ponto de vista médico, é improvável que a doença bíblica tenha sido peste. Não há referências claras a bubos, nem a nenhum sintoma característico, e na altura havia muitas doenças capazes de matar muitas pessoas em pouco tempo. Se tivesse sido peste, teria de vir de algum reservatório animal, e nesse caso teria continuado a aparecer com alguma frequência na região. No entanto, os antigos Hipócrates e Galeno não a mencionam nos seus textos e a violência extrema com que dizimou as populações durante a era de Justiniano e a Idade Média fazem supor que não haveria imunidades entre as populações da Europa e Médio Oriente nessa altura.

A epidemia descrita por Tucídides que atingiu Atenas no século de Péricles (século V a.C.), durante a Guerra do Peloponeso contra Esparta, matando um terço da população, também foi considerada como peste. É muito mais provável, no entanto, que tenha sido outra doença como Sarampo ou Varíola, na altura doenças mortíferas devido à baixa imunidade, e de qualquer forma a população da Grécia de então era insuficiente para lhe permitir estabelecer-se, pelo que desapareceu sem rasto.

Só no século I é que Rufus de Éfeso, um médico grego, nos dá uma descrição mais clara de peste na Líbia, Egipto e Síria. Ele descreve os bubos duros, febre alta, dor e delírio encontrados pelos seus colegas Dioscorides e Posidonius nessas regiões. A descrição da doença por Rufus deixa claro que a doença era extremamente incomum na região nessa altura, apesar da sua referência por um médico do século III a.C. que a teria descrito, o que leva alguns historiadores a supor que já seria endémica no Mediterrâneo desde há muito. No entanto, será mais provável que estas epidemias do século I sejam devidas a raros viajantes infectados. De facto foi por volta dos primeiros anos da Era de Cristo que as primeiras ligações regulares por barco do Egipto Romano para a Índia foram efectuadas. A peste é transmissível de pessoa para pessoa, mas esse modo de transmissão mata rapidamente (em 2-3 dias) e é ineficaz, logo as epidemias deste tipo são de curta duração e extensão. Como não existiriam populações de roedores infectados nessa altura perto do Mediterrâneo, a transmissão epidémica da peste por toda a Europa e Médio Oriente seria impossível.

A Peste de Justiniano

A Peste de Justiniano ocorreu no Império Romano do Oriente, mais conhecido como Império Bizantino, em 541 e 542. Os historiadores da época dão-nos a primeira descrição inconfundível da peste.

Esta pandemia deve ter tido origem na Etiópia a partir do reservatório dos Grandes Lagos, ou pelos navios romanos que faziam comércio com a Índia, e entrou no território de Bizâncio no Egipto. Nessa altura o Egipto pagava a anona, o imposto de grão de trigo, para abastecer os mercados de Constantinopla, como fizera anteriormente a Roma. Terá sido nesses navios que a peste foi levada à capital. Nesta cidade de quase um milhão de habitantes, a peste matou no seu pico cerca de 10.000 pessoas por dia, segundo o historiador da época Procopius, acabando por matar ao todo 40% da população da cidade. A nobreza foi também dizimada, levando o Imperador Justiniano a promulgar leis novas de sucessão para lidar com a situação da perda aguda dos seus militares e burocratas.

Nessa altura, o Império Bizantino lutava contra a ocupação bárbara das terras do antigo Império romano ocidental, tendo já, graças aos seus generais Belisário e ao escravo imperial e eunuco Narses, recuperado o Norte de África, incluindo Cartago dos Vândalos, e a Itália e o sul de Espanha (incluindo o Algarve) dos Ostrogodos e Visigodos. A perda de fundos e de homens na capital devido à peste foi determinante na cessação das hostilidades no período de maior sucesso, levando finalmente à derrota da campanha pela pressão contínua das tribos bárbaras não conquistadas que aí habitavam.
Ao todo terá morrido 25% da população das costas do Mediterrâneo Oriental, cerca de 9 milhões de pessoas.

Peste Negra

A Peste Negra foi uma epidemia que atingiu a Europa, a China, o Médio Oriente e outras regiões do Mundo durante o século XIV (1347-1350), matando um terço da população da Europa e proporções provavelmente semelhantes nas outras regiões. A peste não só dizimou a população como largamente destruiu a brilhante civilização europeia da baixa Idade Média, da construção das catedrais e do Feudalismo e Mercantilismo, que foi substituída pela bastante diferente civilização das Descobertas e do Renascimento, logo que a população voltou a crescer.

Durante o período de revolução que causou, instituições milenares como a Igreja Católica foram questionadas, novas formas de religião místicas e de pensar prosperaram e minorias inocentes como os leprosos e os Judeus foram perseguidas e acusadas de serem a causa da peste.

Infecção inicial

A condição inicial para o estabelecimento da peste foi a invasão da Europa pelo rato preto indiano Rattus rattus (hoje raro). O rato preto não trouxe a peste para a Europa, mas os seus hábitos mais domesticados e mais próximos das pessoas criaram condições para a rápida transmissão da doença. A sua substituição pelo Rattus norvegicus, cinzento e muito mais tímido, foi certamente importante no declínio das epidemias de peste na Europa a partir do século XVIII.

A peste foi quase certamente disseminada pelos mongóis, que criaram um império na estepe no final do século XIII. Ghengis Khan com as suas hordas de nómadas mongóis conquistou toda a estepe da Eurásia setentrional, da Ucrânia até à Manchúria. Terão sido os mongóis que, após a sua conquista da China, foram infectados na região a sul dos Himalaias pela peste, já que essa região alberga um dos mais antigos reservatórios de roedores infectados endemicamente. Os guerreiros mongóis terão então infectado as populações de roedores das planícies da Eurásia, da Manchúria à Ucrânia, cujos reservatórios de roedores infectados endemicamente existem hoje. Os ratos pretos das cidades e do campo da Europa ocidental não são suficientemente numerosos ou aglomerados em grandes comunidades para serem afectados endemicamente, e terão sido afectados pela epidemia do mesmo modo que as pessoas, morrendo em grandes quantidades até acabarem os indivíduos susceptíveis, ocorrendo nova epidemia quando surgia uma nova geração. Logo terão sido apenas os mediadores da infecção entre por um lado os mongóis e os roedores infectados da sua estepe, e os europeus. Deste modo explica-se que, ao contrário de qualquer época precedente, a peste tenha surgido em quase todas as gerações na Europa após o século XIV: estava estabelecido um reservatório da infecção logo às suas portas, na Ucrânia (onde de facto foram as epidemias mais frequentes, até à última que aí se limitou). Também é por esta razão explicado o facto da peste ter atingido simultaneamente a Europa, a China e o Médio Oriente, já que as caravanas da rota da Seda facilmente comunicaram a doença a estas regiões limítrofes da estepe.

A Peste na Europa

A peste responsável pela epidemia do século XIV surge durante o cerco à colónia de Génova, Caffa, na Crimeia (Ucrânia), em Outubro de 1347 pelos Tatares (um povo mongol ou túrquico) auxiliados pelos venezianos. A peste matou tantos tatares que foram obrigados a retirar-se, mas não sem contaminar a cidade. Nesta morreram tantos habitantes que tiveram de ser queimados em piras, já que não havia mão de obra suficiente para os enterrar. Constantinopla terá sido infectada na mesma altura. Vários navios genoveses fugiram da peste, indo atracar aos portos de Messina, Génova, Marselha e Veneza, com os porões cheios dos cadáveres dos marinheiros. A transmissão terá sido feita pelos ratos pretos de Caffa, que transmitiram as suas pulgas infectadas aos ratos destas cidades. Assim se explica que apesar de algumas cidades terem recusado os navios, tenham sido infectadas igualmente, já que os ratos escapavam pelas cordas da atracagem.

Da Itália a doença espalhou-se pelo resto da Europa, atingindo a Grã-Bretanha e Portugal em 1348 e finalmente a Escandinávia em 1350. Algumas zonas foram inexplicavelmente poupadas, como Milão e a Polónia.

A Peste em Portugal

Em Portugal a peste entrou no Outono de 1348. Matou entre um terço a metade da população, segundo a estimativas mais credíveis, e entretanto reduziu o estado ao caos. Foram inclusivamente convocadas as Cortes em 1352 para restaurar a ordem.

Um dos efeitos da peste em Portugal seria a revolução após o reinado de Dom Fernando (Crise de 1383-1385). Este interregno, mais que uma guerra civil pela escolha de novo Rei, terá antes sido a luta da nova classe de pequena nobreza e burguesia que subira a escada social aproveitando as oportunidades após os desequilíbrios sociais provocados pela peste, contra o "antigo regime" desacreditado; a enfraquecida e esclerótica alta nobreza que presidira à catástrofe e cujos titulares, nascidos e criados nos anos da doença, não terão adquirido as capacidades necessárias à governação eficaz. De facto esta elite da alta nobreza, clero e Casa Real, terá respondido à substancial perda de rendimentos e aumento de custos de mão de obra devido à peste com maior autoritarismo e tirania. Assim se explica a tendência desta frágil alta nobreza de se aliar com a sua também atacada congénere castelhana.

A peste, que nunca antes existira na Península Ibérica, voltou a Portugal várias vezes até ao fim do século XVII, ou seja sempre que nasciam suficientes novos hóspedes não imunes. Nenhuma foi nem remotamente tão devastadora como a primeira, mas a Grande Peste de Lisboa em 1569 terá matado 600 pessoas por dia, ao todo 60.000 habitantes da cidade terão sucumbido. A última grande epidemia foi em 1650. No entanto, no seguimento da Terceira Pandemia (ver à frente), a peste foi importada para o Porto em 1899 do Oriente (provavelmente de Macau onde grassou desde 1895 até ao fim do século). A epidemia do Porto foi estudada por Ricardo Jorge, que instituiu as medidas de Saúde Pública necessárias, e que a conseguiram limitar.

Efeitos Culturais e Pogroms

Os efeitos demográficos, culturais e religiosos foram inestimáveis. A população desceu em mais de um terço. Os sobreviventes do povo e da pequena nobreza e burguesia provavelmente enriqueceram, por aumento dos salários devido à diminuição da mão-de-obra e descida dos preços das terras e das rendas. Os grandes proprietários rurais, dependentes totalmente do trabalho alheio, sofreram algum declínio económico. Daí se explica a proclamação das leis do sumptuário, que proibiram aos vilões usar roupas caras como os nobres. Não estando as divisões sociais tão claras como antes a nível de propriedade, insistiu-se mais nos títulos.

As perseguições às minorias aumentaram drasticamente, e especialmente os pogroms (1)  contra os Judeus. O facto de a maioria dos médicos Judeus pouco poder fazer, e do fanatismo religioso que se apossou das populações aterrorizadas, terá contribuído para a acusação e perseguição a essa minoria. Além disso os Judeus ficaram suspeitos quando, devido às suas leis talmúdicas rigorosamente enforçadas de higiene, as suas vítimas foram em menor número que as de comunidades cristãs. Houve mais de 150 massacres e dezenas de comunidades judaicas mais pequenas foram exterminadas pelos motins dos cristãos, facilmente incitados pelos priores locais, apesar das condenações pelos altos clérigos. A perseguição dos Judeus na Alemanha levou à sua emigração em massa para a Polónia e para a Rússia, onde mantiveram a língua alemã ou o seu dialecto hebraico, o Yiddish.

(1) A palavra de origem russa Pogrom denomina um ataque violento massivo a pessoas, com a destruição simultânea do seu ambiente (casas, negócios, centros religiosos). Historicamente, o termo tem sido usado para denominar actos massivos de violência, espontânea ou premeditada, contra
Judeus e outras minorias étnicas da Europa.

Os leprosos também foram perseguidos, culpados como os Judeus de disseminar a doença (a Lepra naturalmente não tem nenhuma relação com a peste).

Vários movimentos religiosos surgiram do terror que alimentava o misticismo e descredibilizava as formas religiosas mais racionais. Os flagelantes que acreditavam na libertação pela auto-martirização e pela dor, cresceram radicalmente em números, e foram no Sacro Império Romano-Germânico
e outros estados os principais responsáveis pela perseguição fanática aos Judeus.

Recorrências

A doença voltou a cada geração à Europa até ao início do século XVIII. Cada epidemia matava os indivíduos susceptíveis, deixando os restantes imunes. Só quando uma nova geração não imune crescia é que havia novamente suficiente número de pessoas vulneráveis para a infecção se propagar. No entanto nenhuma destas epidemias foi tão mortal como a primeira, devido às modificações de comportamento e à eliminação dos genes (como alguns do MHC) que davam especial susceptibilidade aos seus portadores. Epidemias notáveis foram a Peste Espanhola de 1596-1602, que matou quase um milhão de espanhóis, a Peste italiana de 1629-1631, a Grande Peste de Londres de 1664-1665 e a Grande Peste de Viena em 1679. A peste londrina é especialmente interessante porque foi a última naquela cidade. O Grande Fogo de Londres logo no ano seguinte, em 1666 queimou completamente as casas de madeira e telhados de colmo
comuns até então, e novos materiais como a pedra, os tijolos e as telhas foram usados na construção de novas casas, contribuindo para afastar os ratos das habitações. O mesmo processo, aliado a melhores condições de higiene e à substituição do rato preto pelo rato cinzento (Rattus norvegicus, que evita as pessoas), e à resistência genética crescente das populações, contribuíram para o declínio contínuo das epidemias de peste na Europa.

A Peste na China

As primeiras descrições da peste na China relataram os casos ocorridos em 1334 na província de Hubei, aparentemente casos limitados. Entre 1353 e 1354, com a China sob domínio dos mongóis, uma epidemia muito mais extensa ocorreu, nas províncias de Hubei, Jiangxi, Shanxi, Hunan, Guangdong (Cantão), Guangxi, Henan e Suiyuan
. Os autores da época estimaram, talvez exageradamente, que de um terço a dois terços da população da China terá sucumbido, em algumas regiões mais de 90% da população.

A Peste no Médio Oriente

A doença entrou na região pelo sul da estepe, actual Rússia, em 1347, com as tropas do general Malik Asraf que regressava a Bagdad após campanha militar na estepe do Azerbeijão. No final de 1348 já está no Egipto, Palestina e Antioquia, espalhando a morte. Meca foi infectada em 1349, sendo a doença trazida pelos peregrinos para o Hajj, e depois o Iémen em 1351
. Morreu cerca de um quarto da população da área.

A "Terceira Pandemia"

[ EPIDEMIA, ENDEMIA, PANDEMIA - O conceito moderno de pandemia é o de uma epidemia de grandes proporções, que se espalha a vários países e a mais de um continente ]


A terceira pandemia ocorreu no século XIX, mas a sua disseminação foi efectivamente travada pelos esforços dos médicos.

Iniciou-se provavelmente na estepe da Manchúria, onde as marmotas infectadas foram caçadas em grandes números pelos imigrantes chineses que as vendiam aos ocidentais para produzir casacos. A partir de 1855 espalhou-se por toda a China, ameaçando os europeus de Hong-Kong em 1894, o que levou ao envio de equipas de médicos e bacteriologistas para a região. No entanto foi impossível espalhar a sua disseminação por navios para portos em todo o mundo, incluindo na Europa e Califórnia. Terá sido nesta altura que os roedores selvagens das pradarias americanas e do Brasil foram infectados.
Esta pandemia matou 12 milhões de pessoas na China e Índia.

A Ciência da Medicina e a Peste

O primeiro investigador a considerar a peste negra uma doença infecciosa foi Rhases, um médico árabe, no século X.

As primeiras medidas eficazes de saúde pública foram tomadas nos portos mediterrânicos europeus. A quarentena permitia aos portuários verificar a presença da peste e conter a sua disseminação eficazmente, sequestrando os ocupantes de um navio durante um período superior ao da incubação da doença.

No entanto foi aquando da Terceira Pandemia que começou a investigação científica mais séria sobre a doença, por investigadores trabalhando na Ásia nos anos de 1890. O francês Paul Louis Simond identificou a pulga dos roedores como principal vector de transmissão. Em 1894, em Hong Kong, o bacteriologista suíço Alexandre Yersin isolou pela primeira vez a Yersinia pestis, e determinou o seu modo de transmissão, tendo sido homenageado com a nomeação a partir do seu nome da espécie responsável. Também em 1894 o médico Japonês Shibasaburo Kitasato identificou independentemente o bacilo responsável.

A última epidemia de peste na Europa ocorreu na Ucrânia e Rússia em 1877-1889, nas regiões da estepe (Urais e Cáspio). Graças às medidas de contenção, morreram apenas 420 pessoas. A localização da última epidemia é reveladora já que é na estepe que se situa o reservatório de roedores que albergam a bactéria endémicamente.

Medicina

Hoje em dia a peste não é um problema maior de saúde.

Yersinia pestis

Há várias espécies do género Yersinia, e a maioria são bactérias inócuas da flora intestinal normal. São da família das Enterobacteriaceae.

A Y. pestis é um pequeno bacilo encapsulado Gram-negativo, encapsulado e imóvel, aeróbio e anaeróbio facultativo. Como todos os Gram-negativos, não tolera exposição ao ar seco por muito tempo e contém externamente a molécula lipopolissacarídeo (LPS), ou endotoxina, que activa de forma despropositada o sistema imunitário, levando à produção de citocinas que produzem vasodilatação excessiva com risco de choque séptico e morte.

É capaz de variar os seus anti-corpos externos e é resistente à acção do complemento (secreta enzimas que o destroem). Além disso resiste à morte por fagocitose, através do sistema de secreção tipo III, com que injecta proteínas que bloqueiam por desfosforilação várias proteínas do fagócito envolvidas no processo da fagocitose; destruindo os filamentos de actina, inibindo a formação de citocinas e induzindo a apoptose do macrófago. A sua cápsula é protecção adicional contra a fagocitose.

Transmissão

A Peste Bubónica ou Peste Negra  é uma doença primariamente de roedores (ratos, ratazanas, coelhos, marmotas, esquilos). Espalha-se entre eles por contacto directo ou pelas pulgas, e é-lhes frequentemente fatal.

A peste nos humanos é uma típica zoonose, causada pelo contacto com roedores infectados. As pulgas dos roedores recolhem a bactéria do sangue dos animais infectados, e quando estes morrem, procuram novos hóspedes. Entretanto a bactéria multiplica-se no intestino da pulga. Cães, gatos e seres humanos podem ser infectados, quando a pulga liberta bactérias na pele da vítima. A Y.pestis entra então na linfa através de feridas ou microabrasões na pele, como a da picada da pulga.
Outra forma de infecção é por inalação de gotas de líquido de espirros ou tosse de indivíduo doente.

Epidemiologia

A peste foi uma epidemia extremamente mortífera na Europa, China, Médio Oriente, Ásia e África durante várias épocas, principalmente durante a baixa Idade Média. A última epidemia significativa ocorreu no fim do século XIX, na China e Índia, mas ainda hoje se registam casos em vários países, principalmente naqueles em que há populações de roedores selvagens infectados. Há cerca de 2.000 casos por ano em todo o mundo, nas regiões em que há roedores infectados.

Há hoje populações de roedores com peste endémica no Ocidente dos EUA, sopé dos Himalaias, planícies da Eurásia setentrional (Mongólia, Manchúria na China, Ucrânia), região dos grandes lagos na África oriental e algumas regiões do Brasil e dos Andes. A transmissão da peste é rara e devida a contacto directo com os animais infectados e não através de pulgas.

Progressão e Sintomas

A bactéria entra por pequenas quebras invisíveis da integridade da pele. Daí espalha-se para os gânglios linfáticos, onde se multiplica.

Após no máximo sete dias, em 90% dos casos surge febre alta, mal estar e os bubos, que são protuberâncias azuladas na pele. São na verdade apenas gânglios linfáticos hemorrágicos e inchados devido à infecção. A cor azul-esverdeada advém da degeneração da hemoglobina. O surgimento dos bubos corresponde a uma taxa média de sobrevivência que pode ser tão baixa como 25% se não for tratada. As bactérias invadem então a corrente sanguínea, onde se multiplicam causando peste septicémica.

A peste septicémica caracteriza-se pelas hemorragias em vários órgãos. As hemorragias para a pele formam manchas escuras, de onde vem o nome de Peste Negra. Do sangue podem invadir qualquer órgão, sendo comum a infecção do pulmão.

A peste pneumónica pode ser um desenvolvimento da peste bubónica ou uma inalação directa de gotas infecciosas expelidas por outro doente. Há tosse com expectoração sanguinolenta e purulenta altamente infecciosa. A peste inalada tem menor período de incubação (2-3 dias) e é logo de início pulmonar, sem bubos. Após surgimento dos sintomas pulmonares a peste não tratada é mortal em 100% dos casos.
Mesmo se tratada com antibióticos, excepto se na fase inicial, a peste tem ainda uma mortalidade de 15%.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito por recolha de amostras de líquido dos bubos, pús ou sangue e cultura em meios de nutrientes para observação ao microscópio e análise bioquímica.

Prevenção

Evitar o contacto com roedores e erradicá-los das áreas de habitação é a única protecção eficaz. O vinagre foi utilizado na Idade Média, já que as pulgas e as ratazanas evitam o seu cheiro.

A peste é de comunicação obrigatória às autoridades. Contactos de indivíduos afectados ainda hoje são postos em quarentena durante seis dias.

Tratamento

Os antibióticos revolucionaram o tratamento da peste, tornando-a de agente da morte quase certa em doença facilmente controlável. São eficazes a estreptomicina, tetraciclinas e cloramfenicol.

Como arma biológica

A peste foi inicialmente introduzida em Caffa como arma biológica. Cadáveres de Turcos que tinham morrido da doença foram catapultados para dentro das muralhas da cidade, de onde se espalhou dando origem à Peste Negra do século XIV.

Durante a Primeira Guerra Mundial, o exército do Japão desenvolveu a peste enquanto arma biológica de disseminação por pulgas. Foi usada contra civis chineses e prisioneiros de guerra na Manchúria.

Durante a Guerra fria os EUA e a URSS desenvolveram estiropes geneticamente modificadas de bacilos Y.pestis para disseminação aerossolizada pelo ar. A União Soviética provavelmente desenvolveu armas eficazes em grande volume, segundo alguns relatórios dos serviços secretos dos Estados Unidos, mas dados específicos não são conhecidos e é provável que os arsenais já tenham sido destruídos.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
02
Set05

Adolf Hitler

Praia da Claridade

Adolf Hitler01.jpg


Adolf Hitler  (20 de Abril de 1889, Braunau am Inn, próximo a Linz, Áustria - 30 de Abril de 1945, Berlim)  foi o líder do Partido Nazista (em Portugal, Nazi)  e ditador alemão. Filho de um funcionário de alfândega de uma pequena cidade fronteiriça da Áustria-Hungria.
As suas teses racistas e
anti-semitas e os seus objectivos para a Alemanha ficaram patentes no seu livro de 1924, Mein Kampf (Minha luta). No período da sua ditadura os judeus e outros grupos minoritários considerados "indesejados", como ciganos e negros, são perseguidos e exterminados no que se convencionou chamar de Holocausto. Hitler seria derrotado apenas pela intervenção externa dos países aliados no prosseguimento da Segunda Guerra Mundial, que acarretou a morte de um total estimado de 50 milhões de pessoas. Cometeu o suicídio no seu Quartel-General (o Führerbunker) em Berlim, com o Exército Soviético a poucos quarteirões de distância. Hitler era canhoto (ou ambidestro segundo algumas fontes) era vegetariano
e falava um alemão com um sotaque típico dos subúrbios de Viena (Wiener Vorstadtdialekt).

A vergonha de Hitler

Hitler guardou sempre segredo sobre o período inicial da sua vida desde o nascimento até à entrada na política, a seguir à
Primeira Guerra Mundial
. "Vocês não podem saber de onde e de que família eu venho" disse ele, em 1930, a opositores políticos (citação Krockow). No verão de 1938, pouco depois da anexação da Áustria, Hitler ordenou a evacuação e destruição da aldeia de onde provinham os seus pais e avós, para ali instalar um campo de treino militar. Manifestamente, Hitler envergonhava-se das suas origens humildes, cristãs e pouco claras do ponto de vista étnico. Ainda para mais, fez muito pouco da sua vida até ao seu serviço militar. As suas declarações em "Mein Kampf", relativas à própria infância, serviram sobretudo a promoção pessoal e são, por isso, pouco confiáveis.

Infância e Juventude em Linz

Adolf Hitler nasceu a
20 de Abril de 1889 em Braunau-am-Inn, uma pequena cidade perto de Linz, na província da Alta-Áustria, próximo da fronteira alemã, no que a esta época era a Áustria-Hungria
.

O seu pai,
Alois Hitler
(1837-1903), era um funcionário da alfândega que tinha sido filho ilegítimo. Até aos seus 40 anos, o pai de Hitler, Alois, usou o apelido da sua mãe, Schicklgruber. Em 1876, Alois passou a empregar o nome do seu pai adoptivo, que era na sua origem 'Hiedler', ao pedir à Igreja que o declarasse como seu filho após a sua morte. Adolf Hitler chegou a ser acusado por inimigos políticos de não ser um Hitler mas sim um Schicklgruber.A mãe de Hitler, Klara Hitler (o nome de solteira era Klara Polzl), era a prima em segundo grau do seu pai. Ele trouxe-a para a sua casa para tomar conta dos seus filhos enquanto a sua outra mulher, que estava doente e prestes a morrer, estava a ser cuidada por outra pessoa. Após a morte de sua mulher, Alois casou com Klara depois de ter esperado meses por uma permissão especial da Igreja Católica, que quando chegou veio em bom tempo porque Klara já estava visivelmente grávida. No total Klara teve seis filhos de Alois. No entanto, apenas Adolf, que era o seu segundo filho, e sua irmã mais nova Paula, sobreviveram à infância.

Adolf era um rapaz inteligente mas mal humorado, reprovou por duas vezes no exame de admissão à escola secundária de Linz. Ali, ele ficou cativado pelas ideias do Pan-Germanismo ministradas nas aulas do seu professor Leopold Poetsch, um Anti-semita, que influenciou fortemente as visões deste jovem rapaz.

Hitler era devotado à sua complacente mãe e presumivelmente não gostava do seu pai, que era um disciplinador estrito. No seu livro "Mein Kampf", Hitler é respeitoso da figura de seu pai, mas não deixa de afirmar que teve discussões irreconciliáveis com ele acerca da firme decisão de Hitler de se tornar um artista. O seu pai opôs-se firmemente a tal carreira, preferindo que Hitler se tornasse um funcionário público.

Em Janeiro de 1903, Alois Hitler morreu, e em Dezembro de 1907 a sua viúva Klara morreu de cancro.

Viena

Com 18 anos de idade, Adolf era órfão e em breve partiu para Viena, onde tinha uma vaga esperança de se tornar um artista. Ele tinha direito a um subsídio para órfãos, que acabaria por perder em 1910.

Em 1907 fez exames de admissão à academia das artes de Viena, sem êxito. Nos anos seguintes permaneceu em Viena sem um emprego fixo, vivendo inicialmente do subsídio do apoio financeiro de sua tia Johanna Pölzl, de quem recebeu herança. Chegou mesmo a pernoitar num asilo para mendigos na zona de Meidling no Outono de 1909. Os outros mendigos deram-lhe a alcunha de "Ohm Krüger" (Sebastian Haffner). Teve depois a ideia de copiar postais e pintar paisagens de Viena, uma ocupação com a qual conseguiu financiar o aluguer de um apartamento, na Meldemannstrasse. Ele pintava cenas copiadas de postais e vendia-as a mercadores. Ele fazia-o simplesmente para ganhar dinheiro, e não considerava as suas pinturas uma forma de arte. Ao contrário do mito popular, ele fez uma boa vida como pintor, ganhando mais dinheiro do que se tivesse um emprego regular como empregado bancário ou professor do liceu, e tendo de trabalhar menos horas. Durante o seu tempo livre ele frequentou a ópera de Viena, especialmente para assistir a óperas da mitologia norueguesa de Richard Wagner, óperas que mais tarde viria a financiar. Também dedicou muito tempo à leitura.

Foi em Viena que Hitler se começou a perfilar como um activo Anti-semita, uma paixão que governaria a sua vida e que foi a chave das suas acções subsequentes. O Anti-semitismo estava profundamente enraizado na cultura católica do sul da Alemanha e na Áustria, onde Hitler cresceu. Viena tinha uma larga comunidade judaica, incluindo muitos Judeus Ortodoxos da Europa de Leste. O termo Anti-Semitismo foi cunhado especificamente para se referir à hostilidade relativa a Judeus.

Hitler tomou aqui contacto com os judeus ortodoxos, que, ao contrário dos judeus de Linz, distinguem-se pelas suas vestes. Intrigado, "procurou informar-se sobre os judeus através da leitura", tendo comprado em Viena os primeiros panfletos abertamente anti-semitas que leu na vida, como ele relata em Mein Kampf.

Em Viena, o Anti-semitismo tinha-se desenvolvido das suas origens religiosas numa doutrina política, promovida por pessoas como Jörg Lanz von Liebenfels, cujos panfletos Hitler leu, e políticos como Karl Lueger, o presidente da câmara de Viena, e Georg Ritter von Schönerer, que contribuiu para o aspecto racial do Anti-Semitismo. Deles, Hitler adquiriu a crença na superioridade da "Raça Ariana" que formava a base das suas visões políticas. Hitler acreditava que os judeus eram os inimigos naturais dos "Arianos" e eram responsáveis pelos problemas económicos alemães.

Como Hitler relata em Mein Kampf, foi também em Viena que tomou contacto com a doutrina Marxista, tendo "aprendido a lidar com a dialéctica deles", na discussão com marxistas, "incorporando-a para os meus fins".

Munique, a Primeira Guerra Mundial e o Putsch da Cervejaria

Em 1913, Hitler mudou-se para Munique para fugir ao serviço militar no exército Austro-Húngaro. O seu desejo de se afastar do império multi-étnico Austro-Húngaro e viver num país "racialmente" mais homogéneo como a Alemanha também foi um factor importante para esta decisão.

Pouco depois foi preso e o exército Austríaco obrigou-o a fazer um exame físico. Foi dado como incapaz para o serviço militar e permitiram-lhe que regressasse a Munique, onde prosseguiu a sua actividade de pintor, vendendo por vezes os seus quadros pela rua.
Mas em Agosto de 1914, quando a Alemanha entrou na Primeira Guerra Mundial, ele alistou-se imediatamente no exército bávaro. Serviu na França e Bélgica como mensageiro, uma posição muito perigosa, que envolvia exposição a fogo inimigo, em vez de ficar protegido numa trincheira. A folha de serviço de Hitler foi exemplar mas nunca foi promovido além de cabo, por razões que se desconhecem. Mais uma humilhação na sua vida. O seu cargo é baixo e reflecte a sua posição na sociedade quando entrou para o exército. Não estava autorizado a comandar qualquer agrupamento de soldados, por mais pequeno que fosse. Foi citado duas vezes por coragem em acção. A primeira medalha que recebeu foi uma Cruz de Ferro de Segunda Classe em Dezembro de 1914. Depois, em Agosto de 1918, ele recebeu a Cruz de Ferro de Primeira Classe, uma distinção que raramente é atribuída a não oficiais.

Durante a guerra, Hitler adquiriu um patriotismo alemão apaixonado, apesar de não ser cidadão Alemão, um detalhe que ele não rectificaria antes de 1932. Ele ficou chocado pela capitulação da Alemanha de Novembro de 1918, acreditando que o exército alemão não tinha sido derrotado. Como muitos outros nacionalistas alemães, ele culpou os políticos civis (os "criminosos de Novembro")  pela capitulação.

Após a Primeira Guerra Mundial, Hitler permaneceu no exército, que estava agora activo na supressão de revoltas socialistas que surgiram pela Alemanha, incluindo Munique, aonde Hitler regressou em 1919.

Recebendo um salário baixo, Hitler continua ligado ao exército, o que não é surpreendente, dado não possuir qualquer qualificação. Fez parte dos cursos de "pensamento nacional" organizados pelos departamentos da Educação e propaganda (Dept Ib/P) do grupo da Reichswehr da Baviera, Quartel-general número 4, sob o comando do capitão Mayr. Um dos principais objectivos deste grupo era criar um bode expiatório para os resultados da Guerra e a derrota da Alemanha. Este bode expiatório foi encontrado no "judaísmo internacional", nos comunistas, e nos políticos de todos os sectores.

Para Hitler, que tinha vivido os horrores da guerra, a questão da culpa era essencial. Já influenciado pela ideologia anti-semita, ele acreditou avidamente na responsabilidade dos judeus e em breve se tornou num propagador eficiente da propaganda concebida por Mayr e os seus superiores. Em Julho de 1919, Hitler, por causa da sua inteligência e dotes oratórios, foi nomeado líder e elemento de ligação (V-Mann) do "comando de esclarecimento" com o objectivo de influenciar outros soldados com as mesmas ideias.

Ele foi então designado pelos quartel-general para se infiltrar num pequeno partido nacionalista, o Partido dos Trabalhadores Alemães. Hitler aderiu ao partido recebendo o número de membro 555 (a numeração começara em 500 para dar a impressão de que o partido tinha uma dimensão maior do que a verdadeira) em Setembro de 1919. Foi aqui que Hitler conheceu entre outros, Dietrich Eckart, um Anti-semita e um dos primeiros membros do partido. Tornou-se rapidamente chefe do partido, rebaptizado "Partido Nacional-Socialista Alemão do Trabalhador" (NSDAP).

No mesmo mês (Setembro de 1919), Hitler escreveu aquele que é geralmente tido como o seu primeiro texto anti-semítico, um "relatório sobre o Anti-Semitismo" requerido por Mayr para um tal de Adolf Gemlich, que participara nos mesmos "cursos educacionais" em que Hitler tinha participado. Neste relatório ao seu superior, Hitler fez a apologia de um "Anti-semitismo racional" que não recorreria aos pogroms,
mas que "lutaria de forma legal para remover os privilégios gozados pelos judeus em relação a outros estrangeiros vivendo entre nós. O seu objectivo final, no entanto, deverá ser a remoção irrevogável dos próprios judeus".

Pogroms - palavra de origem russa Pogrom - denomina um ataque violento massivo a pessoas, com a destruição simultânea do seu ambiente (casas, negócios, centros religiosos). Historicamente, o termo tem sido usado para denominar actos massivos de violência, espontânea ou premeditada, contra Judeus e outras minorias étnicas da Europa.

Certamente todos compreenderam na altura que Hitler apelava à expulsão forçada, se o próprio Hitler assim o entendeu é menos claro, dado o genocídio que Hitler ordenaria 22 anos depois.

Hitler não seria libertado do exército antes de 1920, após o que ele começou a participar plenamente nas actividades do partido. Em breve se tornaria líder do partido e mudou o seu nome para Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei - NSDAP (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães), normalmente conhecido como partido Nazi, ou Nazista, que vem das palavras "National Sozialistische", em contraste com os Sozi, um termo usado para descrever os sociais democratas. O partido adoptou a suástica (supostamente um símbolo do "Arianismo")  e a saudação romana, também usada pelos fascistas italianos.
Serviu-se depois do apoio da SA, uma milícia para-militar de homens em camisa castanha que vagueavam pelas ruas atacando esquerdistas e minorias religiosas e gritando slogans de propaganda, que criou em 1921, para criar um ambiente de apoio popular. Por volta de 1923 conheceu Julius Streicher, o editor de um jornal violentamente Anti-semita chamado Der Stürmer, que apoiaria a sua propaganda de promoção pessoal e de ódio anti-semita.

O partido Nazi era nesta altura constituído por um pequeno número de extremistas de Munique. Mas Hitler em breve descobriu que tinha dois talentos: o da oratória pública e o de inspirar lealdade pessoal. Oratória de esquina, atacando os judeus, os socialistas e os liberais, os capitalistas e os comunistas, começou a atrair simpatizantes. Alguns dos seguidores desde o início foram Rudolf Hess, Hermann Göring e Ernst Röhm, o líder da SA. Outro admirador foi o Marechal de campo Erich Ludendorff.

Hitler decidiu usar Ludendorff como testa de ferro numa tentativa em 1923 de se apoderar do poder em Munique no chamado Putsch da Cervejaria em 8 de Novembro de 1923, no qual os Nazis marcharam desde uma cervejaria de Munique para o Ministério da Guerra Bávaro (Munique é a capital da Baviera), tencionando derrubar o governo de direita separatista da Baviera e depois marchar para Berlim. Foram rapidamente dispersados pelo exército e Hitler foi preso. Temendo que alguns membros "esquerdistas" do partido pudessem tentar apoderar-se da liderança do partido durante a sua prisão, Hitler rapidamente nomeou Alfred Rosenberg
como líder temporário.

A obra de Hitler: Mein Kampf

Hitler foi julgado por alta traição e usou o seu julgamento como uma oportunidade de espalhar a sua mensagem por toda a Alemanha. Em Abril de 1924 ele foi condenado a 5 anos de prisão (acabaria por ser amnistiado passados pouco mais de 6 meses) no estabelecimento prisional de Landsberg. Ali, ele ditou um livro chamado "Mein Kampf" (Minha Luta) ao seu fiel ajudante
Rudolf Hess
. O livro foi escrito entre 1923 e 1924 na prisão e mais tarde numa taverna.

Ler o "Mein Kampf" é como ouvir Hitler falar longamente sobre a sua juventude, os primeiros dias do partido nazi, planos futuros para a Alemanha e ideia sobre política e raça. O título originalmente escolhido por Hitler era "Quatro anos e meio de luta contra mentiras, estupidez e cobardice". O seu editor nazi aconselhou-o a encurtar para "Mein Kampf", simplesmente a minha luta ou a minha batalha.

Na sua escrita, Hitler anunciou o seu ódio contra aquilo que ele via como os dois males gémeos do mundo:
Comunismo e Judaísmo, e declarou que o seu objectivo era erradicar ambos da face da terra. Ele anunciou que a Alemanha necessitava de obter novo terreno que chamou de "Lebensraum" (espaço vital) que iria nutrir apropriadamente o "destino histórico" do povo Alemão; este objectivo explica porque Hitler invadiu a Europa, a Leste e a Oeste, antes de lançar o ataque contra a Rússia. Hitler apresentou-se em "Mein Kampf" como o "Übermensch", ou "Sobrehomem", de que falava Friedrich Nietzsche
nos seus escritos, especialmente no seu livro, "Assim Falou Zaratustra". Uma vez que Hitler culpava o presente governo parlamentar por muitos dos males pelos quais ele se encolerizava, ele anunciou que iria destruir completamente esse tipo de governo. É em "Mein Kampf" que se pode descobrir a verdadeira natureza do carácter de Hitler. Ele divide os humanos com base em atributos físicos. Hitler afirma que os "arianos" alemães de cabelo loiro e olhos azuis estavam no topo da hierarquia, e confere o fundo da pirâmide aos judeus, polacos, russos, checos e ciganos. Segundo ele, aqueles povos beneficiam pela aprendizagem com os superiores arianos. Hitler também afirma que os judeus estão a conspirar para evitar que a raça ariana se imponha ao Mundo como é seu direito, ao diluir a sua pureza racial e cultural e ao convencer os Arianos a acreditar na igualdade em vez da superioridade e inferioridade. Ele descreve a luta pela dominação do mundo como uma batalha racial, cultural e política em curso entre arianos e judeus. A suposta luta pela dominação mundial entre estas duas etnias foi aceita pela população quando Hitler chegou ao poder.

Ascensão ao poder

Após a sua prisão devido ao comando do
Putsch da Cervejaria,
Hitler foi considerado relativamente inofensivo e amnistiado, sendo libertado da prisão em Dezembro de 1924. Por este tempo, o partido nazista mal existia e Hitler necessitaria de um grande esforço para o reconstruir.

Nestes anos, ele fundou um grupo que mais tarde se tornaria um dos seus instrumentos fundamentais na persecução dos seus objectivos. Uma vez que o Sturmabteilung ("Tropas de choque" ou SA), de Röhm, não eram confiáveis, e formavam uma base separada de poder dentro do partido, ele estabeleceu uma guarda de sua defesa pessoal, a
Schutzstaffel ("Unidade de Protecção" ou SS). Esta elite de tropas em uniforme preto seria comandada por Heinrich Himmler
, que se tornaria no principal executor dos seus planos relativamente à "Questão Judia" durante a Segunda Guerra Mundial.

Criou também numerosas organizações de filiação (Juventudes Hitleristas, associações de mulheres, etc.). O Partido
nazi teve em 1929 uma progressão semelhante à do partido fascista de Benito Mussolini, beneficiando-se do mal-estar económico, político e social decorrente da derrota de 1918 e, depois, da crise de 1929
.

Um elemento vital do apelo de Hitler era o sentimento de orgulho nacional ofendido pelo
Tratado de Versalhes imposto ao Império Alemão pelos aliados. O Império Alemão perdeu território para a França, Polónia, Bélgica e Dinamarca e teve de admitir a responsabilidade única pela guerra, desistir das suas colónias e da sua marinha e pagar uma grande soma em reparações de guerra, um total de $6.600.000 (32 biliões de marcos). Uma vez que a maioria dos alemães não acreditava que o Império Alemão tivesse começado a guerra e não acreditava que havia sido derrotado, eles ressentiam-se destes termos amargamente. Apesar das tentativas iniciais do partido de ganhar votos culpabilizando o "judaísmo internacional" por todas estas humilhações não terem sido particularmente bem sucedidas com o eleitorado, a máquina do partido aprendeu rapidamente e em breve criou propaganda mais subtil - que combinava o Anti-semitismo com um ardente ataque aos falhanços do "sistema Weimar" (a República de Weimar
) e os partidos que o suportavam. Esta estratégia começou a dar resultados.

Uma propaganda demagógica, que explorava habilmente essas frustrações e o sentimento anti-semita generalizado da sociedade alemã da época, apresentando os judeus como bode expiatório dos problemas sociais, permitiu aos nazistas implantarem-se na classe média e entre os operários, ao mesmo tempo em que o abandono do programa social inicial lhes trazia o apoio da classe dirigente e dos meios industriais.

O ponto de viragem em benefício de Hitler veio com a Grande Depressão que atingiu a Alemanha em 1930. O regime democrático estabelecido na Alemanha em 1919, a chamada
República de Weimar, nunca tinha sido genuinamente aceite pelos conservadores e tinha a oposição aberta dos fascistas
.

Os sociais democratas e os partidos tradicionais de centro e direita eram incapazes de lidar com o choque da depressão e estavam envolvidos no sistema de Weimar. As eleições de Setembro de 1930 foram uma vitória para o partido Nazi, que de repente se levantou da obscuridade para ganhar mais de 18% dos votos e 107 lugares no "
Reichstag" (parlamento alemão), tornando-se o segundo maior partido. A sua subida foi ajudada pelo império dos mídia controlado por Alfred Hugenberg
, de direita.

Hitler ganhou sobretudo votos entre a classe média alemã, que tinha sido atingida pela inflação dos anos 20 e o desemprego oriundo da grande depressão. Agricultores e veteranos de guerra foram outros grupos que apoiaram em especial os nazistas. As classes trabalhadoras urbanas ignoraram geralmente os apelos de Hitler, em especial nas cidades de Berlim e Bacia do
Ruhr
(norte da Alemanha protestante) eram particularmente hostis.

A eleição de 1930 foi um desastre para o governo de centro-direita de Heinrich Brüning, que estava agora impossibilitado de obter qualquer maioria no Reichstag, e teve de contar com a tolerância dos sociais democratas (esquerda) e o uso de poderes presidenciais de emergência para permanecer no poder. Com as medidas de austeridade de Brüning mostrando pouco sucesso face aos efeitos da depressão, o governo teve receio das eleições presidenciais de 1932 e procurou obter o apoio dos nazis para a extensão do termo presidencial de
Paul von Hindenburg
, mas Hitler recusou qualquer acordo, e acabou por competir com Hindenburg na eleição presidencial, obtendo o segundo lugar na primeira e segunda fases da eleição, e obtendo mais de 35% dos votos na segunda fase, em Abril, apesar das tentativas do ministro do interior Wilhelm Gröner e do governo social-democrata prussiano para restringir as actividades públicas nazistas, incluindo notoriamente a proibição das SA.

Os embaraços da eleição puseram fim à tolerância de Hindenburg para com Brüning, e o velho Marechal de Campo demitiu o governo, nomeando um novo governo sob o comando do reaccionário
Franz von Papen
, que imediatamente revogou a proibição das SA e convocou novas eleições do Reichstag.
Nas eleições de Julho de 1932, os nazistas tiveram o seu melhor resultado até então, obtendo 230 lugares no Parlamento e tornando-se o maior partido alemão. Uma vez que nazistas e comunistas detinham a maioria do Reichstag, a formação de um governo estável de partidos do centro era impossível e no seguimento do voto de desconfiança no governo Papen, apoiado por 84% dos deputados, o parlamento recém-eleito foi dissolvido e foram convocadas novas eleições.

Papen e o Partido do Centro tentaram agora abrir negociações assegurando a participação no governo, mas Hitler fez grandes exigências, incluindo o posto de Chanceler e o acordo do presidente para poder usar poderes de emergência de acordo com o artigo 48 da Constituição de
Weimar. Este falhanço em formar um governo, juntamente com os esforços dos Nazis de ganhar o apoio da classe trabalhadora, alienaram parte do apoio de prévios votantes, de modo que nas eleições de Novembro de 1931, o partido nazista perdeu votos, apesar de se manter como o maior partido do Reichstag
.

Uma vez que Papen falhara na sua tentativa de assegurar uma maioria através da negociação e trazer os nazistas para o governo, Hindenburg demitiu-o e nomeou para o seu lugar o General Kurt von Schleicher, desde há muito uma figura influente e que recentemente ocupava o cargo de Ministro da Defesa, que prometeu assegurar um governo maioritário com negociações quer com os sindicatos sociais democratas quer com os dissidentes da facção nazi liderada por Gregor Strasser.

Enquanto Schleicher procurava realizar a sua difícil missão, Papen e Alfred Hugenberg, que era também presidente do partido nacional do povo alemão (DNVP), o maior partido de direita da Alemanha antes da ascensão de Hitler, conspiravam agora para convencer Hindenburg a nomear Hitler Chanceler numa coligação com o DNVP, prometendo que eles o iriam controlar. Quando Schleicher foi forçado a admitir o falhanço dos seus esforços, e pediu a Hindenburg para dissolver novamente o Reichstag, Hindenburg demitiu-o e colocou o plano de Papen em execução, nomeando Hitler Chanceler com Papen como Vice-Chanceler e Hugenberg como Ministro das Finanças, num gabinete que ainda só incluía três Nazis - Hitler, Göring e Wilhelm Frick. A 30 de Janeiro de 1933, Adolf Hitler prestou juramento oficial como Chanceler na Câmara do Reichstag, perante o aplauso de milhares de simpatizantes nazistas.

Mas Hitler ainda não tinha cativado definitivamente a nação. Ele foi feito Chanceler numa designação legal pelo presidente Hindenburg, o que foi uma ironia da história, uma vez que os partidos do centro tinham apoiado o presidente Hindenburg por ele ser a única alternativa viável a Hitler, não prevendo que seria Hindenburg que iria trazer o fim da República.

Mas nem o próprio Hitler nem o seu partido obtiveram alguma vez uma maioria absoluta. Nas últimas eleições livres, os nazis obtiveram 33% dos votos, ganhando 196 lugares em 584. Mesmo nas eleições de Março de 1933, que tiveram lugar após o terror e violência terem varrido o Estado, os nazis obtiveram 44% dos votos. O partido obteve o controle de uma maioria de lugares no Reichstag através de uma coligação formal com o DNVP. No fim, os votos adicionais necessários para propugnar a lei de aprovação do governo, que deu a Hitler a autoridade ditatorial, foram assegurados pelos nazistas pela expulsão de deputados comunistas e intimidando ministros dos partidos do centro. Numa série de decretos que se seguiram pouco depois, outros partidos foram suprimidos e toda a oposição foi proibida. Em poucos meses, Hitler tinha adquirido o controle autoritário do país e enterrou definitivamente os últimos vestígios de democracia.

Regime Nazi

Após ter assegurado o poder político sem ter ganho o apoio da maioria dos Alemães, Hitler tratou de o conseguir, e na verdade, Hitler permaneceu fortemente popular até ao fim do seu regime. Com a sua oratória e com todos os meios de comunicação alemães sob o controlo do seu chefe de propaganda, o
Dr. Joseph Goebbels
, ele conseguiu convencer a maioria dos Alemães de que ele era o salvador da Depressão, dos Comunistas, do tratado de Versalhes, e dos judeus.

Para todos aqueles que não ficaram convencidos, as
SA, a SS e Gestapo (Polícia secreta do Estado) tinham mãos livres, e milhares desapareceram em campos de concentração como o Campo de Concentração de Dachau
, perto de Munique, criado em 1933, o primeiro de todos e um modelo para os demais. Muitos milhares de pessoas emigraram, incluindo cerca da metade dos Judeus, que fugiram sobretudo para a Inglaterra, Palestina e EUA.

Na noite de 29 para 30 de Junho de 1934, a chamada "Noite das facas longas", Hitler autorizou a acção contra Röhm, o líder das SA, que acabaria por ser assassinado. Himmler tinha conspirado contra Röhm, apresentando a Hitler "provas" manipuladas de que Röhm planeava o assassínio de Hitler.

A
2 de Agosto de 1934, Hindenburg morre. Hitler apodera-se do seu lugar, fundindo as funções de Presidente e de Chanceler, passando a se auto-intitular de Líder (Führer) da Alemanha e requerendo um juramento de lealdade a cada membro das forças armadas. Esta fusão dos cargos, aprovada pelo parlamento poucas horas depois da morte de Hindenburg, foi mais tarde confirmada pela maioria de 89.9% do eleitorado no plebiscito de 19 de Agosto de 1934
.

Os judeus que até aqui não tinham emigrado iriam em breve arrepender-se da sua hesitação. Com as Leis de Nuremberga de 1935, eles perderam o seu estatuto de cidadãos alemães e foram banidos de quaisquer lugares na função pública, de exercer profissões ou de tomar parte na actividade económica. Foram acrescidamente sujeitos a uma nova e violenta onda de propaganda odiosa. Poucos não-judeus alemães objectaram estas medidas. As Igrejas Cristãs, elas próprias impregnadas de séculos de Anti-semitismo, permaneceram silenciosas. Estas restrições foram mais tarde apertadas mais estritamente, particularmente após a operação anti-semita de 1938 conhecida como
Kristallnacht
.

A partir de 1941, os Judeus foram obrigados a usar a estrela amarela em público. Entre Novembro de 1938 e Setembro de 1939, mais de 180.000 judeus fugiram da Alemanha; os Nazis confiscaram toda a propriedade que ficara para trás.

Economia

Nesta altura, sob o controle ditatorial, Hitler deu início a grandes mudanças económicas. Há uma certa controvérsia sobre os aspectos económicos do governo de Hitler, pois nem todas as suas medidas foram saudáveis a médio e longo prazo. As políticas económicas do governo de Bruning, cautelosas e fiscalistas, vinham sanando as
finanças e organizando o Estado alemão nesse aspecto. Hitler, ao contrário, pôs em prática um largo programa de intervencionismo económico, baseado no keynesianismo
, embora se distanciasse deste em muitos pontos.

O
desemprego na Alemanha de 1933 era de aproximadamente 6 milhões. Esse número diminuiu para 300.000 em 1939
. Essa diminuição fabulosa, no entanto, ocorreu por diversos motivos, como alterações estatísticas e projectos governamentais:



  • As mulheres deixaram de ser contadas como desempregadas a partir de 1933
  • Judeus, a partir de 1935, perderam a condição de cidadãos do Reich, não contando mais como desempregados
  • Mulheres jovens que se casavam eram excluídas dos cálculos.
  • Ao desempregado eram dadas duas opções: ou trabalhar para o governo sob baixíssimos salários ou permanecer segregado da esfera governamental, longe de todas as suas obrigações, mas também vantagens, como saúde, lazer, etc.
  • As convocações para o exército começaram a acelerar-se. Até 1939, 1,4 milhões de alemães haviam sido convocados. Para armar esse contingente, a produção industrial aumentou e a procura por mão-de-obra aumentou também.
  • Criação da Frente Alemã de Trabalho, dirigida por Robert Ley, que pôs em prática programas governamentais de trabalho que absorveram boa parte da mão-de-obra disponível, ora empregando-a no melhoramento da infra-estrutura do país, ora nas indústrias e na produção bélica.
Essa medidas ocorreram à custa de pesadíssimos investimentos por parte do Estado, comprometendo a longo prazo as finanças. O que se viu, em consequência disso, foi um défice crescente. De 1928 até 1939, a arrecadação do Estado havia subido de 10 biliões de Reichsmarks para 15 biliões, no entanto os gastos, no mesmo período, subiram de 12 biliões de Reichsmarks para 30 biliões. Em 1939, o défice acumulado era de 40 biliões de Reichsmarks.

A
inflação, nesse período, cresceu tanto que em 1936
foi decretado o congelamento de preços. O governo alemão foi incapaz de lidar com o controle de preços e sua interferência constante apenas engessou a economia e dificultou o aumento gradual e equilibrado da produção. A partir de 1936, o dirigismo económico passou, gradualmente, a substituir a adaptação automática da produção pelo mercado, de maneira que a regulamentação económica passou a ser maior.

Deve-se entender, é claro, que para Hitler, que era completamente ignorante em Teoria Económica - assunto este que o entediava profundamente - política fiscal e monetária só faziam sentido em função das necessidades de rearmamento da Alemanha e como parte de um projecto político que, a médio prazo, previa nada menos do que a hegemonia alemã na Europa continental e a colonização da Rússia, através de mecanismos de espoliação que garantiriam à Alemanha o aceso a matérias-primas a preço vil e mão-de-obra escrava.

Política

Em Março de 1935 Hitler repudiou abertamente o Tratado de Versalhes ao reintroduzir o serviço militar obrigatório na Alemanha. O seu objectivo seria construir uma enorme maquinaria militar, incluindo uma nova marinha e força aérea (a Luftwaffe). Esta última seria colocada sob o comando de Göring, um comandante veterano da Primeira Guerra Mundial. O alistamento em grandes números pareceu resolver o problema do desemprego mas também distorceu a economia.

É por esta altura, em 1936 que, nas Olimpíadas de Berlim, um afro-americano (
Jesse Owens
) venceu em várias modalidades, o que contradizia na prática a propaganda à raça Ariana preconizada por Hitler para estes jogos.

Em Março de 1936 ele volta a violar o Tratado de Versalhes ao reocupar a zona desmilitarizada na Renânia (zona do Rio Reno). Ingleses e Franceses não fizeram nada, o que o encorajou. Em Julho de 1936, a
Guerra Civil Espanhola começou, com a rebelião dos militares, liderados pelo General Francisco Franco, contra o governo democraticamente eleito da Frente Popular. Uma rebelião que contou com o apoio do Vaticano. Hitler enviou tropas em apoio de Franco. A Espanha tornou-se também num campo de teste para as novas tecnologias e métodos militares desenvolvidos na Alemanha. Em Abril de 1937, os aviões alemães da Legião Condor bombardeiam e destroem pela primeira vez na história uma cidade a partir do ar. Foi a cidade de Guernica
, na província espanhola do País Basco.

A 25 de Outubro de 1936, Hitler assinou uma aliança com o ditador italiano
fascista Benito Mussolini. Esta aliança seria mais tarde expandida para incluir
também o Japão, Hungria, Roménia e Bulgária, bloco que se tornou conhecido como as potências do eixo.

A 5 de Novembro de 1937, na Chancelaria do Reich, Adolf Hitler presidiu a um encontro secreto onde discutiu os seus planos para adquirir o "espaço vital" ao povo alemão.

A 12 de Março de 1938, Hitler pressionou a sua Áustria nativa à unificação com a Alemanha (o chamado "
Anschluss
"). As suas tropas entraram na Áustria e Hitler fez um discurso triunfal em Viena na "Heldenplatz" (Praça dos Heróis) onde foi saudado efusivamente por uma multidão de Austríacos simpatizantes, muitos deles fazendo a saudação romana adoptada pelos nazistas.

O próximo passo seria a intensificação da crise com a zona dos Sudetas, de língua alemã, situada na
Checoslováquia. Isto levou ao acordo de Munique
de Setembro de 1938 onde a Inglaterra (Chamberlain assinou o pacto, propondo ainda uma política de contenção)  e a França de forma fraca deram vazão às exigências de Hitler, procurando evitar a Guerra com Hitler, mas entregando-lhe a Checoslováquia.

No seguimento do
acordo de Munique, Hitler foi designado como Homem do Ano de 1938. Foi também alegado que a autora de origem judaica Gertrude Stein defendeu nesse ano a entrega do Prémio Nobel da Paz a Hitler. A 10 de Março de 1939, Hitler ordenou a entrada do exército alemão em Praga
.

Nesta altura, os ingleses e franceses perceberam finalmente que deveriam resistir. Resistiram às próximas exigências de Hitler, que diziam agora respeito à
Polónia
. Hitler pretendia o regresso dos territórios cedidos à Polónia pelo Tratado de Versalhes.

As potências ocidentais não aceitaram as exigências de Hitler mas não conseguiram chegar a um acordo com a
União Soviética para uma aliança contra a Alemanha e Hitler manobrou para uma posição de força. A 23 de Agosto de 1939, Hitler concluiu uma aliança (o pacto Molotov-Ribbentrop) com Stalin. A 1 de Setembro de 1939, a Alemanha invade a Polónia. A Inglaterra e a França reagem desta vez, decretando a Guerra à Alemanha. A Segunda Guerra Mundial
estava a começar.

Segunda Guerra Mundial: Vitórias iniciais

Nos três anos seguintes, Hitler conheceria uma série quase inabalada de sucessos militares. A Polónia foi rapidamente derrotada e dividida com os soviéticos. Em Abril de
1940, a Alemanha invadiu a Dinamarca e a Noruega. Em Maio, a Alemanha iniciou uma ofensiva relâmpago, conhecida por "Blitzkrieg", que rapidamente ocupou a Holanda, Bélgica, Luxemburgo e França, (esta última capitulou em seis semanas). Nesta altura, Aristides Sousa Mendes era o cônsul de Portugal em Bordéus e salvou a vida a dezenas de milhares de refugiados, muitos dos quais judeus e que assim se salvaram do Holocausto. Contra as instruções expressas de Salazar
, Aristides concedeu vistos de entrada para Portugal aos refugiados que o procuravam.

Em Abril de 1941, a
Jugoslávia e a Grécia
foram invadidas por exércitos alemães. Forças ítalo-alemãs avançavam também pelo norte de África em direcção ao Egipto.
Estas invasões foram acompanhadas do bombardeamento de cidades indefesas tais como Varsóvia, Roterdão e Belgrado.

A única derrota de Hitler nesta fase foi o falhanço do seu plano de bombardear e posteriormente invadir a Inglaterra. A Força Aérea Inglesa (RAF) acabaria por vencer no ar a
Batalha de Inglaterra
. A incapacidade de adquirir superioridade nos céus britânicos significou que a operação "Sealion", o plano de invadir a Grã-Bretanha, foi cancelada.

A 22 de Junho de 1941 foi desencadeada a
Operação Barbarossa. As forças de Hitler invadiram a União Soviética, rapidamente se apoderando da terça-parte da Rússia Europeia, cercando Leningrad e ameaçando Moscovo. No Inverno, os exércitos alemães foram detidos às portas de Moscovo, mas no Verão seguinte, a ofensiva continuou. Em Julho de 1942, os exércitos de Hitler chegavam ao Volga. Aqui, eles foram derrotados em 2 de Fevereiro de 1943 na Batalha de Stalinegrado
, a primeira grande derrota alemã na Guerra e que se tornaria o marco decisivo do início da derrota do III Reich.

No norte de África, os ingleses derrotaram os alemães na
batalha de El Alamein, destroçando o plano de Hitler de se apoderar do Canal do Suez e do Médio Oriente
.

A derrota

A partir de 1943, no entanto, a derrota alemã tornou-se inexorável e o atentado de Julho de 1944 contra Hitler revelou a força da oposição interna. Após uma última derrota (ofensiva das Ardenas, em Dezembro de 1944), Hitler refugiou-se num bunker na cidade de
Berlim, onde mais tarde se suicidaria em 30 de Abril de 1945
.

Uma maioria esmagadora dos relatos históricos sustenta a tese do suicídio de Hitler. No entanto, existem rumores na América Latina segundo os quais Hitler teria fugido para um país da
América do Sul onde teria morrido com uma doença incurável, tendo sido um sósia a morrer no bunker em Berlim. O mesmo teria acontecido com Eva Braun, sua noiva, com quem teria casado pouco antes do suicídio. Segundo alguns historiadores, Braun teria casado com ele somente depois de jurar "fidelidade" e prometer que se mataria junto com ele. Os seus corpos não foram encontrados, ele teria mandado a sua guarda cremá-los, talvez para que não houvesse nenhum modo de o inimigo torturá-lo, nem após a sua morte.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
01
Set05

II Guerra Mundial

Praia da Claridade

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi o conflito que causou mais vítimas (cerca de 103 milhões de pessoas, entre militares e civis) em toda a história da humanidade, e opôs os Aliados às Potências do Eixo. As principais potências aliadas eram a Grã-Bretanha, os Estados Unidos, a China, a França e a União Soviética. As potências do Eixo eram a Alemanha, a Itália e o Japão. Muitos outros países participaram na guerra, quer porque se juntaram a um dos lados, quer porque foram invadidos, quer porque participaram em conflitos laterais. Em algumas nações (como a França e a Jugoslávia), a Segunda Guerra Mundial provocou confrontos internos entre partidários de um e de outro grupo.

O líder alemão Adolf Hitler, führer do Terceiro Reich, pretendia criar uma "nova ordem" na Europa, baseada nos princípios nazis da superioridade alemã, na exclusão - eliminação física incluída - de minorias étnicas e religiosas, como os judeus e os ciganos e até homossexuais, na supressão das liberdades e dos direitos individuais e na perseguição de ideologias liberais, socialistas e comunistas. Uma ideologia que culminou no Holocausto.

Tanto a Itália como o Japão, entraram na guerra para satisfazer os seus propósitos expansionistas. As nações democráticas (como a França, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos da América) opuseram-se a estes desejos do Eixo. Estas nações, juntamente com a União Soviética, após a invasão desta pelo exército alemão, constituíram a base do grupo dos Aliados.

O início da guerra

Não existe um consenso, sobre a data precisa em que o conflito foi despoletado, mas duas datas são marcantes: a invasão da China pelo Japão, em 7 de Julho de 1937, e a invasão da Polónia a 1 de Setembro de 1939. Nesta data, o exército alemão lançou uma forte ofensiva de surpresa contra a Polónia, com o principal objectivo de reconquistar os seus territórios perdidos na Primeira Guerra Mundial e com o objectivo secundário de expandir o território alemão. As tropas alemãs conseguiram derrotar as tropas polacas em apenas um dia. A União Soviética tornou efectivo o seu pacto (Ribbentrop-Molotov) com a Alemanha nazi e ocupou a parte oriental da Polónia (existia já anteriormente um historial de confronto entre estes dois países). A Grã-Bretanha e a França, responderam à ocupação declarando guerra à Alemanha, mas não entrando porém imediatamente em combate. A Itália, nesta fase, declarou-se "país não beligerante".

A guerra relâmpago

A 10 de Maio de 1940, o exército alemão lançou uma ofensiva, também de surpresa, contra os Países Baixos visando contornar as poderosas fortificações francesas da Linha Maginot, construídas anos antes na fronteira da França com a Alemanha. Com os britânicos e franceses julgando que se repetiria a guerra de trincheiras da Primeira Guerra Mundial, e graças à combinação de ofensivas de pára-quedistas com rápidas manobras de blindados em combinação com rápidos deslocamentos de infantaria motorizada (a chamada "guerra-relâmpago" - Blitzkrieg, em alemão), os Alemães derrotaram sem grande dificuldade as forças franco-britânicas, destacadas para a defesa da França. Nesta fase, ocorre a famosa retirada das forças aliadas para a Inglaterra por Dunquerque. O Marechal Pétain assumiu então a chefia do governo em França - o governo de Vichy, assinou um armistício com Adolf Hitler e começou a colaborar com os Alemães.

A guerra na África

Em Setembro de 1940, após a tomada da França pelas forças alemãs, as tropas italianas destacadas na Líbia sob o comando do Marechal Graziani, uma vez livres da ameaça das forças francesas estacionadas na Tunísia iniciaram uma série de ofensivas contra o Egipto, então colónia da Grã-Bretanha, com vista a dominar o canal de Suez e depois atingir as reservas petrolíferas do Iraque, também sob domínio britânico.

Os efectivos ingleses destacados no norte da África e que compunham o então designado XIII Corpo de Exército, comandado pelo General Wavell, após alguns reveses iniciais realizaram uma espectacular contra-ofensiva contra as forças italianas que, apesar de sua superioridade numérica foram empurradas por 1200 km de volta à Líbia, perdendo todos os territórios anteriormente conquistados. Esta derrota custou aos italianos a destruição de 10 divisões, a perda de 130.000 homens feitos prisioneiros, além de 390 tanques e 845 canhões.

Como a situação que surgia na África era crítica para as forças do Eixo, Adolf Hitler e o Oberkommando der Wehrmacht (OKW) decidiram enviar tropas alemãs a fim de não permitir a completa desagregação das forças italianas. Cria-se dessa forma em Janeiro de 1941 o Afrika Korps (Corpo Expedicionário Alemão na África), cujo comando foi passado ao então Leutenantgeneral (Tenente-General) Erwin Rommel, que posteriormente se tornaria uma figura legendária sob a alcunha de "A Raposa do Deserto". Foram enviadas à Africa duas divisões alemãs em auxílio aos Italianos, a 5ª Divisão Ligeira e a 15ª Divisão Panzer. Os Alemães, sob o hábil comando de Rommel, conseguiram reverter a iminente derrota italiana e empreenderam uma ofensiva esmagadora contra as forças britânicas enfraquecidas (muitos efectivos britânicos haviam sido desviados para a campanha da Grécia, então sob pressão do Eixo) empurrando-as de volta à fronteira egípcia. Após uma sucessão de batalhas memoráveis como El Agheila, El Mechili, Sollum, Gazala, Tobruk e Mersa Matruh os alemães e italianos são detidos por falta de combustível e provisões na linha fortificada de El Alamein, uma vez que o Mediterrâneo encontrava-se sob domínio da marinha britânica. Finalmente, em Outubro de 1942, após 4 meses de preparação os Britânicos contra-atacaram a partir de El Alamein, sob o comando do General Montgomery. Rechaçadas pelas bem supridas forças britânicas, as tropas ítalo-alemãs iniciaram um grande recuo de volta à Líbia de forma a encurtar as suas linhas de suprimento e ocupar posições defensivas mais favoráveis. Entretanto, dias depois, a 8 de Novembro, as forças do Eixo recebem a notícia de que estão sendo cercadas pelo oeste por forças norte-americanas do 1º Exército Aliado que haviam desembarcado em Marrocos através da Operação Tocha. Pelo leste, o 8º Exército Britânico continua o seu avanço, empurrando as forças ítalo-alemãs para a Tunísia. Finalmente, cercado pelos exércitos americano e britânico e sem a guia de seu audacioso comandante, pois Rommel havia sido hospitalizado na Alemanha, o "Afrika Korps" e o restante do contingente italiano na África do Norte, totalizando mais de 250 mil homens e reduzidos à inactividade pela falta de suprimentos e de apoio aéreo, rendem-se aos aliados na Tunísia em Maio de 1943, dando fim à guerra na África.

A invasão da URSS

Depois de controlar praticamente toda a Europa, em 22 de Junho de 1941, o exército alemão lançou-se à conquista do território soviético. Com este ataque, Adolf Hitler pretendia ficar com o pleno domínio de Leste da Europa. Foi a operação mais ambiciosa da Wehrmacht, chamada Operação Barbarossa. O avanço das tropas alemãs, deu-se sem grande resistência, até às portas de Moscovo. No entanto, como já acontecera com o exército de Napoleão, o Inverno russo infligiu um rude golpe nas tropas alemãs, tendo sido um factor decisivo no desfecho da operação.

A primeira grande derrota do exército alemão ocorreu na cidade de Estalingrado. Hitler tinha um interesse pessoal na tomada da cidade, por esta ter o nome do seu adversário, pelo que a sua queda representaria um grande golpe psicológico. Para além disso, a conquista da cidade permitiria bloquear o rio Volga, muito importante para a economia e esforço de guerra soviéticos. A batalha durou 5 meses, conhecendo avanços e recuos de ambas as partes, tendo-se assistido aos primeiros combates urbanos modernos, com lutas sangrentas pela conquista de simples prédios ou fábricas, que vitimaram milhares de civis aprisionados no interior da cidade. Em diferentes alturas, ambos os exércitos estiveram cercados no interior da cidade (inicialmente os soviéticos, posteriormente os alemães), até que no início de 1943, os alemães completamente derrotados pelo frio e a fome, se renderam. Mais de 400 mil soldados alemães foram mortos, e todo o 6º Exército alemão, o maior do Mundo na altura, foi dizimado.

A reconquista da Europa

A partir de 1943, os exércitos aliados foram recuperando território passo a passo. Os Soviéticos obrigaram os Alemães a retroceder e os Norte-Americanos ocuparam parte da Itália.

A Junho de 1944, no chamado D-Day, os Aliados efectuaram um espectacular desembarque nas praias da Normandia (Operação Overlord), em que participaram o Exército Britânico (lutando nas praias de Golden e Sword), o Exército Americano (lutando em Omaha e Utah) e o Exército Canadense (lutando em Juno). Os americanos tiveram muitas baixas em Omaha, pois os tanques Sherman, (disfarçados de Chatas pelo Exército Americano para os esconder, e torná-los um factor surpresa) afundaram, devido ao mau tempo. Foi um verdadeiro massacre, tendo no entanto as tropas aliadas saído vitoriosas. Já o Exército Britânico não teve muitas baixas em Gold e Sword, pois os seus tanques e blindados especializados em cortar trincheiras e explodir minas, conseguiram ultrapassar. Era o início da Batalha da Normandia. A Wehrmacht, não conseguiu responder ao ataque devidamente, pois o comandante da área (à época, General Feldmarschall Erwin Rommel) não estava presente, pois seu carro havia sido bombardeado durante uma viagem à Alemanha e encontrava-se internado num hospital da Luftwaffe.

A juntar a este facto, a Wehrmacht era naquela zona principalmente constituída por homens recrutados à força, em países invadidos pelos alemães. Especula-se também, que à hora da invasão, Hilter estaria a dormir, e nenhum dos seus subalternos se atreveu a acordá-lo, ou a dar ordem para que as divisões blindadas estacionadas no interior, se dirigissem para a costa, a fim de deter a invasão. Outro factor que também atrasou a movimentação das divisões blindadas para a zona costeira, foi a sabotagem, principalmente dos caminhos de ferro, por parte da resistência Francesa. Na madrugada do dia 6, antes do desembarque, milhares de paraquedistas, haviam já saltado atrás das linhas alemãs, embora de forma desorganizada, tendo por isso a maioria destes, falhado os locais de aterragem. O objectivo destes paraquedistas era neutralizar as peças de artilharia alemãs colocadas no interior, que naturalmente iriam bombardear as tropas aliadas assim que estas chegassem às praias.

Após o desembarque na Normandia, seguiu-se a operação Market Garden em Setembro de 1944, que tinha como um dos objectivos libertar a Holanda. Esta operação foi superior à Overlord, no que respeita ao número de soldados envolvidos (apenas pára-quedistas), mas resultou num enorme fracasso, contando-se cerca de 20 mil mortos, só entre os americanos, e 6500 britânicos foram feitos prisioneiros. O objectivo dos Aliados, era conquistar uma série de pontes na Holanda, que lhe permitiriam atravessar o rio Reno, invadir a Alemanha e tentar acabar a guerra mais cedo.

A derrota do Eixo

Apesar da evidente superioridade militar aliada, as tropas alemãs resistiram durante meses. Até que em Dezembro de 1944, Hitler ordenou uma contra-ofensiva na Bélgica, nas Ardenas. Os exércitos aliados, desgastados devido a problemas logísticos, sustiveram com grande dificuldade o avanço das tropas alemãs. Várias unidades aliadas foram cercadas pelo avanço alemão, privando estes soldados, já fatigados, de receberem mantimentos e outros equipamentos, pelo que tiveram de sobreviver a um Inverno rigoroso sem roupa adequada e com poucas munições. Eram frequentes as incursões de soldados alemães, disfarçados de soldados americanos, em áreas controladas pelos aliados para causar sérios transtornos, como mudança de caminhos de divisões inteiras, mudança de placas, implantações de minas, emboscadas. Estes soldados alemães, os primeiros comandos, estavam sob o comando do Oberst (Coronel) Otto Skorzeny, que já libertara Mussolini, entretanto aprisionado em Itália. Finalmente, a ofensiva alemã acabou por fracassar, e o custo em termos militares acabou por fragilizar a posterior defesa do território alemão. Na Itália, foi tomada a abertura ao Reno, com participação de forças Francesas, Americanas e a Força Expedicionária Brasileira, facto que facilitou o avanço aliado pelo sul.

Em Janeiro de 1945, Winston Churchill, Franklin D. Roosevelt e Josef Stalin, reúnem-se em Yalta, Ucrânia, já sabendo da inevitabilidade da derrota alemã, para decidir sobre o futuro da Europa pós-guerra. Nesta conferência, fica decidido que todos os países libertados, deveriam realizar eleições livres e democráticas - o que não se veio a verificar, nos países controlados pelo Exército Vermelho - e que a Alemanha, teria de compensar os países que invadiu.

Entretanto, o avanço das tropas aliadas e soviéticas, chegou ao território alemão. Previamente, havia já sido estabelecido o avanço dos dois exércitos, ficando a tomada de Berlim, a cargo do Exército Vermelho. Esta decisão tomada pelas esferas militares, foi encarada com apreensão pela população, pois era conhecido o rasto de pilhagens, execuções e violações (estupro), que os soldados soviéticos deixavam atrás de si, em grande parte como retaliação pela mortes causadas pelos soldados alemães na União Soviética (o país com o maior número de baixas civis e militares de toda a guerra). A 30 de Abril de 1945, Adolf Hitler suicidou-se, quando as tropas soviéticas estavam a exactamente dois quarteirões de seu bunker.

A 7 de Maio, o seu sucessor, o almirante Dönitz, assinou a capitulação alemã. A 14 de Agosto de 1945, o general Tojo do Japão rendeu-se incondicionalmente.

A guerra no Pacífico

A partir de 1940, o Japão tentou aumentar a sua influência no Sudoeste Asiático e no Pacífico. O governo dos Estados Unidos da América, indignado, impôs sanções económicas ao Japão. Como represália, a 7 de Dezembro de 1941, a aviação japonesa atacou Pearl Harbor, a maior base norte-americana do Pacífico. Em apenas duas horas, os pilotos japoneses conseguiram inutilizar todos os navios ancorados no porto. A guerra no Pacífico tinha começado.

Ataques kamikazes

Pilotos kamikaze japoneses levaram a cabo corajosas missões suicidas contra os navios de guerra inimigos - em especial à armada dos Estados Unidos - inspirados pelas ideias do xintoísmo nacional. Estas missões suicidas levadas a cabo eram muito eficazes.

A força aérea imperial japonesa chegou a desenvolver aviões especiais para estas missões suicidas; o seu principal objectivo era infligir enormes baixas nas forças Aliadas de modo a estes não invadirem a ilha principal do Japão.

O fim da guerra

Nos primeiros meses de 1942, os Japoneses conquistaram vastos territórios da Ásia e do Pacífico.

Em 1945 a captura das ilhas de Iwo Jima (em Fevereiro) e Okinawa (em Abril), pelos Aliados, trouxeram o Japão para dentro do limite de ataques aéreos e navais, começando assim os bombardeamentos de fábricas e instalações militares na ilha principal.

Em inícios de Agosto o Imperador Hirohito, verificando as elevadas perdas nos últimos conflitos, autorizou que o embaixador Japonês na União Soviética contactasse Estaline para apresentar uma rendição do Japão. Estaline recebeu a mensagem algumas horas antes da conferência dos Aliados na Alemanha, apresentando assim a rendição Japonesa a Harry Truman. Os Aliados pediam ao Japão uma rendição incondicional, contudo o Japão decidiu não responder devido aos termos de rendição dos Aliados não especificarem o futuro do Imperador — visto como um deus para o povo Japonês — tal como o sistema Imperial. Harry Truman após a sua chegada à conferência recebeu uma mensagem que indicava que o teste da bomba atómica "Trinity" tinha sido bem sucedido, decidido a ganhar a guerra sozinho — utilizando o projecto Manhattan — sem a ajuda da União Soviética, deu indicações a Estaline para ignorar a mensagem Japonesa; e Estaline também com a ideia de ganhar territórios no Pacífico, ilhas conquistadas pelo Japão, concordou com Truman.

A 6 de Agosto, a pequena bomba atómica "Little Boy", foi lançada sobre Hiroshima do B-29 "Enola Gay", pelo "esquadrão Atómico", contudo esta bomba não teve o efeito esperado, não tendo qualquer reacção no Imperador Hirohito e no Gabinete de Guerra Japonês. Muito do povo Japonês desconhecia ainda o ataque a Hiroshima, pois as estações de rádio e jornais não relataram nada sobre o ataque, apenas sobre um novo tipo de bomba desenvolvida.

A 8 de Agosto de 1945 a União Soviética declarou guerra ao Japão, como tinha concordado na conferência, e lançou uma invasão (Operação Tempestade Agosto, August Storm) em grande escala à Manchúria, que se encontrava ocupada pelo Japão — tal invasão é reconhecida pelos Japoneses como o que teve mais efeito para o fim da guerra.

Assim, Truman decidiu não esperar por uma resposta do Japão ordenando o lançamento de uma segunda bomba atómica, a "Fat Man" que foi lançada pelo B-29 "Bock's Car" sobre Nagasaki a 9 de Agosto.

A 14 de Agosto o Japão rende-se incondicionalmente, após aquelas cidades terem sido atingidas pelos engenhos nucleares, que causaram cerca de 300 mil mortos instantaneamente, e um número indeterminado de vítimas posteriormente, devido à contaminação pela radiação. As chefias militares norte-americanas, justificaram esta acção afirmando que uma invasão do Japão teria custos elevados em termos de vidas de soldados americanos.

O Japão, assinou a rendição a bordo do USS Missouri, na baía de Tóquio, no dia 15 de Agosto, sendo celebrada a vitória nesse dia, conhecido como Dia V-J.

Brasil na Guerra

Em Fevereiro de 1942, submarinos alemães iniciaram o torpedeamento de embarcações brasileiras no oceano Atlântico. Em apenas cinco dias, seis navios foram a pique.

Durante 239 dias, entre Setembro de 1944 e Maio de 1945, 25.334 soldados e oficiais brasileiros estiveram a combater na Itália. Tais confrontos resultaram em 456 mortos e 2.722 feridos. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) capturou 14.779 soldados inimigos, oitenta canhões, 1.500 viaturas e 4 mil cavalos, saindo vitoriosa em oito batalhas.

Portugal na Guerra

A compreensão do seguinte artigo é apenas possível tendo em mente dois pontos essenciais: o facto de que, durante a Segunda Grande Guerra, Portugal estar sobre um regime político fundamentalmente fascista (o fascismo é uma doutrina totalitária de extrema-direita desenvolvida por Benito Mussolini na Itália) e que, embora se declarasse neutro, fosse um país que vendia os seus produtos aos países que pagavam mais, fossem aliados, neutros ou do eixo. O Estado Português, em Março de 1939, assina um Tratado de Amizade e Não Agressão com a Espanha nacionalista, representada pela Junta de Burgos e pelo Nuevo Estado dirigido por Franco, recusando o convite do embaixador italiano, em Abril do mesmo ano, para aderir ao Pacto Anti-Komintern, aliança da Alemanha, Itália e Japão contra a ameaça comunista.

Em Agosto de 1939, a Grã-Bretanha assina um acordo de cooperação militar com Portugal, aceitando apoiar directamente o esforço de rearmamento e modernização das forças armadas portuguesas. Todavia, o acordo só começará a ser cumprido a partir de Setembro de 1943. No dia 29 de Junho de 1940, Espanha e Portugal assinam um protocolo adicional ao Tratado de Amizade e Não Agressão. Embora se tenha declarado como um país neutro, Portugal assina um Acordo Luso-Britânico, em Agosto de 1943, que concede ao Reino Unido instalações militares nos Açores, que será divulgado em 12 de Outubro seguinte.

Embora, tal como já foi referido, Portugal fosse para todos os efeitos um país neutro no panorama da Segunda Guerra Mundial, exportava uma série de produtos para os países em conflito, como açúcar, tabaco e mesmo volfrâmio, produto cuja exportação é suspensa apenas em 1944, datando deste mesmo ano o acordo de concessão de instalações militares nos Açores com os Estados Unidos. Com o final da guerra, o governo de Salazar decreta luto oficial de três dias pela morte de Hitler aquando da sua morte, em 1945.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
01
Set05

Mês de Setembro

Praia da Claridade

Setembro é o nono mês do ano no Calendário Gregoriano, tendo a duração de 30 dias.
Setembro deve o seu nome à palavra latina septem (sete), dado que era o sétimo mês do
Calendário Romano, que começava em Março.
Na
Grécia Antiga
, Setembro chamava-se Boedromion.

No dia 22 de Setembro  (às 23h.24m.16seg.), o Sol cruza o equador celeste rumo ao sul; é o equinócio de Setembro
, começo do Outono no Hemisfério Norte e da Primavera no Hemisfério Sul.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Pág. 4/4

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D