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PRAIA DA CLARIDADE

Figueira da Foz - Portugal

PRAIA DA CLARIDADE

Figueira da Foz - Portugal

27
Jan06

Wolfgang Amadeus MOZART

Praia da Claridade

Mozart
Wolfgang Amadeus Mozart
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Mozart - Symphony Nº 40
 

MOZART ... nasceu faz hoje 250 anos !

Wolfgang Amadeus Mozart
 (
27 de Janeiro de 1756  -  5 de Dezembro de 1791) é um compositor austríaco de música clássica que goza de grande prestígio e é um dos mais populares entre as audiências modernas.


Nascimento, baptismo e nome

Mozart nasceu em 27 de Janeiro de 1756, em Salzburgo, e foi baptizado um dia depois de nascer, na catedral de São Rupert, em Salzburgo como Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart. Se o baptismo costuma ser definitivo para a maior parte dos casos, Mozart passou a vida a mudar a forma como se chamava e a forma como era chamado pelos outros.


Os dois primeiros nomes de baptismo recordam que o seu dia de nascimento, 27 de Janeiro, era o dia de São João Crisóstomo. "Wolfgangus" era o nome do seu avô materno. "Theophilus" era o nome do seu padrinho, o mercador Joannes Theophilus Pergmayr. Mais tarde, o seu pai reduziu "Wolfgangus" para "Wolfgang" e retirou o "Johannes Chrysostomus."


Mozart continuou, mais tarde, a fazer modificações no seu nome, em especial o nome do meio, "Theophilus" que significa, em grego, "Amigo de Deus". Só em raras ocasiões usou a versão latina deste nome, "Amadeus", que hoje tornou-se a mais vulgar. Preferia a versão francesa Amadé ou Amadè. Usou também as formas italiana "Amadeo" e alemã "Gottlieb".


O uso de versões múltiplas do nome era, talvez, frequente na época. Joseph Haydn utilizou, além de Joseph (inglês e francês), "Josef" (alemão) e "Giuseppe" (italiano); Ludwig van Beethoven usou, por seu lado, "Luigi" (em italiano) e "Louis" (em francês).


No registo de casamento, na catedral de Santo Estêvão, em Viena, Mozart usou, ainda, o nome "Adam" ou "Adão". Era também frequente que soletrasse o seu nome de trás para a frente.



Biografia


Nasceu em Salzburgo, actualmente pertencente à Áustria. Foi uma criança prodígio de uma família musical, que começou a compor minuetos para cravo com a idade de cinco anos. O seu pai foi Leopold Mozart, também compositor. Algumas das primeiras obras que Mozart escreveu enquanto criança foram duetos e pequenas composições para dois pianos, destinadas a serem interpretadas conjuntamente com a sua irmã.


Em 1763 o seu pai levou-o, junto com a sua irmã Nannerl, então com 12 anos, por uma tournée pela França e Inglaterra. Em Londres, Mozart conheceu Johann Christian Bach, último filho de Johann Sebastian Bach, que exerceria grande influência nas suas primeiras obras.


Entre 1770 e 1773 visitou a Itália por três vezes. Lá, compôs a ópera Mitridate que obteve um êxito apreciável. A eleição, em 1772, do conde Hieronymus Colloredo como arcebispo de Salzburgo mudaria esta situação. Colloredo não via com bons olhos que um de seus músicos, considerado por ele um mero serviçal, passasse tanto tempo em viagens fora da corte. A maior parte do restante dessa década foi passada em Salzburgo, onde cumpriu com os seus deveres de Konzertmeister  (mestre de concerto), compondo missas, sonatas de igreja, serenatas e outras obras. Mas o ambiente de Salzburgo, cada vez mais sem perspectivas, levava a uma constante insatisfação de Mozart com a sua situação.


Em 1781, Colloredo ordena a Mozart que se junte a ele e à sua comitiva em Viena. Insatisfeito por ser colocado entre os criados, pediu a demissão. A partir daí passa a viver da renda de concertos, da publicação de suas obras e de aulas particulares. Inicialmente tem sucesso, e o período entre 1781 e 1786 é um dos mais prolíficos da sua carreira, com óperas (Idomeneo - 1781, O Rapto do Serralho - 1782), sonatas para piano, música de câmara (especialmente os seis quartetos de cordas dedicados a Haydn) e principalmente com uma deslumbrante sequência de concertos para piano. Em 1782 casa, contra a vontade do pai, com Constanze Weber.


Em 1786, compõe a primeira ópera em que contou com a colaboração de Lorenzo da Ponte: As Bodas de Fígaro. A ópera fracassa em Viena, mas faz um sucesso tão grande em Praga que Mozart recebe a encomenda de uma nova ópera. Esta seria Don Giovanni, considerada por muitos a sua obra-prima. Mais uma vez, a obra não foi bem recebida em Viena. Mozart ainda escreveria Così fan tutte, com libreto de Da Ponte, em 1789.


A partir de 1786 a sua popularidade começou a diminuir junto do público vienense, o que agravaria a sua condição financeira. Isso não o impediu de continuar compondo obras-primas como quintetos de cordas (K.515 em Dó maior, K.516 em Sol menor em 1787), sinfonias (K.543 em Mi bemol maior, K.550 em Sol menor, K.551 em Dó maior em 1788) e um divertimento para trio de cordas (K.563 em 1788), mas nos seus últimos anos a sua produção declinou devido a problemas financeiros e à precariedade da sua saúde e da sua esposa Constanze.


Em 1791 compõe suas duas últimas óperas: A clemência de Tito e A flauta mágica, seu último concerto para piano (K.595 em si bemol maior) e o belo Concerto para clarinete em lá maior (K.622). Na primavera desse ano, recebe a encomenda de um Requiem (K.626). Contudo, trabalhando em outros projectos e com a saúde cada vez mais enfraquecida, morre a 5 de Dezembro, deixando a obra inacabada (há uma lenda que diz que o requiem estaria sendo composto para tocar na sua própria missa de sétimo dia). Será completada por Franz Süssmayr, seu discípulo. É enterrado numa vala comum de Viena.



Obras


O catálogo geral das obras de Mozart foi realizado pelo botânico, miralogista e biógrafo musical alemão Ludwig Köchel (1800 - 1877); daí a letra K que aparece frequentemente junto ao título das suas obras (ou KV, que significa Köchel Verzeichnis, catálogo Köchel). Köchel catalogou as obras de Mozart em ordem cronológica, da mais antiga para a mais recente, sendo K1 um minueto para cravo, a primeira obra catalogada, e K626 o Requiem, obra inacabada.



Sinfonias



Köchel numerou as sinfonias de Mozart de 1 a 41. Mais tarde, outras sinfonias foram descobertas, elevando o número total de sinfonias de Mozart para 50. Quando pensamos, porém, nas sinfonias de Beethoven, Schubert, Schumann, Brahms, e Mahler, as primeiras 30 dessas peças não merecem verdadeiramente ser chamadas de sinfonias. São peças curtas, cuja duração às vezes não ultrapassa cinco minutos, e escritas para uma orquestra pequena, que em geral inclui apenas as cordas, dois oboés ou duas trompas. Segundo o conceito actual de Sinfonia, Mozart compôs apenas as 10 que estão numeradas de 31 a 41. Note-se que a Sinfonia No. 37 de Mozart (assim numerada por Köchel), foi composta, de facto, por Michael Haydn (irmão de Franz Joseph Haydn), como se veio a demonstrar mais tarde, ainda que Mozart tenha composto um dos movimentos da obra. As Sinfonias numeradas de 25 a 30 também costumam despertar algum interesse, mas não são, geralmente, consideradas de qualidade comparável à das dez últimas.


A primeira grande sinfonia de Mozart é a Sinfonia No. 31 em Ré Maior, K297, chamada Sinfonia Paris, composta em 1778 durante uma viagem de Mozart a Paris. É também a mais ricamente orquestrada de todas as sinfonias de Mozart: a sua orquestração inclui duas flautas, dois oboés, duas clarinetas (é a primeira vez que Mozart as emprega numa sinfonia), 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 2 tímpanos (ré, lá) e cordas. Mozart nunca usou trombone em nenhuma das suas sinfonias. Aliás, o uso de trombones era raro na época, mesmo em orquestra de ópera, em geral mais rica do que a usada nas sinfonias. Apenas se regista o seu uso nas óperas Idomeneo, Don Giovanni, A Flauta Mágica, e no Requiem. Em Idomeneo, por exemplo, três trombones aparecem numa única cena, em que a voz de Neptuno anuncia aos habitantes de Creta as condições para que o tsunami pare de assolar a ilha. Em Don Giovanni, três trombones aparecem na cena do cemitério, em que a estátua do comendador fala com Don Giovanni, e novamente na cena final, em que o fantasma do comendador comparece ao banquete convidado por Don Giovanni. Em A Flauta Mágica, Mozart chegou a usar 5 trombones! No Requiem, um solo de trombone anuncia o Tuba Mirum, de modo que se pode dizer que, em Mozart, o trombone anuncia sempre algum tipo de comunicação com o sobrenatural.


Mozart queria impressionar os parisienses, e a Sinfonia "Paris" começa de maneira bombástica, com quatro acordes em forte na orquestra inteira seguidos de semi-colcheias rapidamente ascendentes nas cordas, flautas e fagotes, dando uma sensação de fogo-de-artifício. O primeiro movimento da sinfonia transcorre num clima festivo, com os "fogos de artifício" explodindo aqui e ali. O segundo movimento, Andante 6/8, é uma dança francesa, delicada e elegante, lembrando um quadro de Fragonard. O terceiro e último movimento, Allegro, começa com uma tremedeira cheia de expectativa só nos violinos, que explode num tutti  (acorde de ré), como o estourar de uma rolha de champanhe, e a festa começa.


Outra obra marcante é a Sinfonia No. 36 em Dó Maior, K425 ("Linz"). Mozart e sua mulher deixaram Salzburgo às 9:30 da manhã a 27 de Outubro de 1783 com destino a Linz, na Áustria. Assim que lá chegaram, Mozart escreveu uma carta a seu pai, datada de 31 de Outubro, na qual dizia: Preciso dar um concerto aqui e, como não trouxe comigo nenhuma sinfonia, estou compondo uma nova o mais rápido que posso. O concerto estava marcado para 4 de Novembro, o que significa que Mozart teria 4 dias para compor! E, de facto, a 4 de Novembro, a nova sinfonia de Mozart foi apresentada ao público. Nem mesmo um génio como Mozart poderia compor uma sinfonia como a Linz em apenas quatro dias. Essa carta de Mozart parece só fazer sentido se ele já tinha concebido mentalmente a totalidade da sinfonia quando entrou na carruagem em Salzburgo, já que se calcula que levaria uns três ou quatro dias só para passar a sinfonia para o papel (trabalhando muito rapidamente) mais, talvez, uns dois dias para mandar copiar as partes de cada instrumento e distribuí-las aos músicos (desde que ele tivesse um excelente grupo de copistas à sua disposição), ensaiar e reger a Linz. O facto é que, mesmo tendo sido composta às pressas, a Sinfonia Linz é um exemplo de arte clássica, bela e bem proporcionada em todas as suas partes, expressando os mais inefáveis e ardentes desejos, num monumento sinfónico digno de figurar ao lado das sinfonias de Mahler e de Beethoven. Podemos ouvir as rodas da carruagem no primeiro movimento da Linz.


O próprio Mozart esclareceu numa carta o seu processo de composição:


Quer saber como eu componho? Posso dizer-lhe apenas isto: quando me sinto bem disposto, seja na carruagem quando viajo, seja de noite quando durmo, ocorrem-me ideias aos jorros, soberbamente. Como e donde, não sei. As que me agradam, guardo-as como se tivessem sido trazidas por outras pessoas, retenho-as bem na memória e, uma após a outra, delas tomo a parte necessária, para fazer um pastel segundo as regras do contraponto, da harmonia, dos instrumentos, etc. Então, em profundo sossego, sinto aquilo crescer, crescer para a claridade de tal forma que a obra mesmo extensa se completa na minha cabeça e posso abrangê-la de um só relance, como um belo retrato ou uma bela mulher... Quando chego neste ponto, nada mais esqueço, porque boa memória é o maior dom que Deus me deu.


A Sinfonia No. 38 em Ré Maior, K504 ("Praga") foi composta em Viena em 1786. Em Janeiro de 1787, Mozart fez uma viagem a Praga, onde ele estreou a sua sinfonia no dia 19 daquele mês. Assim como a Linz, esta sinfonia também tem uma introdução lenta. Haydn quase sempre punha uma introdução lenta nas suas sinfonias; Mozart raras vezes o fazia. Este é um monumento sinfónico comparável à Linz, com um segundo tema extremamente comovente no primeiro movimento.


A Sinfonia No. 40 em Sol Menor, K550 é a única dessas dez em tonalidade menor. O seu tom de angústia é, ao mesmo tempo, tão comovente que levou Schubert a exclamar: Na sinfonia em sol menor de Mozart, pode-se ouvir o canto dos anjos.


As sinfonias nos. 39 e 40 foram inicialmente escritas sem clarinetas. Clarinetas eram raras no tempo de Mozart; o instrumento havia sido recentemente inventado, e Mozart foi um dos primeiros a compor para ele. Mozart não esperava contar com uma orquestra que possuísse clarinetas para poder executar as suas sinfonias. Mais tarde, porém, ele mudou de ideia e resolveu refazer a orquestração das sinfonias no. 39 e 40 para incluir duas clarinetas (para isto, ele só precisou realmente alterar as partes de oboé). A versão que nós ouvimos dessas duas sinfonias hoje em dia é quase sempre a versão com as clarinetas.


Por fim temos a Sinfonia No. 41 em Dó Maior, K551 ("Sinfonia Júpiter"). Quem lhe deu este título foi o editor musical inglês que publicou a partitura após a morte de Mozart, pela "alta elevação de ideias e nobreza de tratamento." É o deus grego passeando por entre as nuvens, exibindo sua beleza e majestade. Está orquestrada para flauta, dois oboés, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos (do, sol) e cordas. É interessante notar que, sempre que aparecem tímpanos em Mozart, aparecem também trompetes. Só existe um exemplo de tímpanos sem trompetes na música de Mozart: na Serenata Notturna, K239. Os tímpanos, quando aparecem, são sempre dois: um na tónica, outro na dominante.



Concertos

para piano

Mozart era um exímio pianista, podendo ser considerado o primeiro virtuose da história deste instrumento. Ele adorava apresentar-se em público exibindo os seus dotes de pianista e, nos seus últimos anos em Viena, esta era uma das suas principais fontes de renda. Ao contrário, por exemplo, dos seus concertos para instrumentos de sopro, escritos para um amigo clarinetista (Anton Stadler), ou para um amigo trompetista (Ignaz Leutgeb), ou um ou outro instrumentista que se aproximava de Mozart pedindo a ele que compusesse música para seu instrumento, os concertos para piano e orquestra de Mozart foram escritos - com algumas excepções - para serem tocados em público pelo próprio Mozart. Não é de surpreender, portanto, que haja tantas obras primas entre os concertos para piano de Mozart. Alguns pensam que a melhor música de Mozart está nos concertos para piano. Outros pensam que está nas óperas. Esta disputa não termina nunca, mas uma coisa é certa: nenhum outro compositor compôs tantos concertos para piano quanto Mozart, e ninguém o superou neste género. Os concertos para piano de Beethoven (mormente o No. 5, "Imperador") são mais poderosos que os de Mozart, mas não têm a mesma graça nem a subtileza, nem superam em profundidade os de Mozart. O que Beethoven faz no Concerto "Imperador" é nos esmagar com seu poder, com sua artilharia pesada, enquanto Mozart nos conquista com sua graça.


Embora tenha composto obras primas em todos os géneros musicais existentes, Mozart parecia manifestar o melhor do seu génio naquelas situações em que um solista tem que se defrontar com uma orquestra, como nas árias de ópera e nos concertos. Seria isto uma metáfora da contraposição indivíduo/sociedade, ou do génio que se destaca dos seus contemporâneos? Pode ser, mas nos concertos para piano nós temos a vantagem adicional de que ele próprio era virtuose do instrumento para o qual estava escrevendo, e isto explica por que encontramos mais obras primas de Mozart entre os concertos para piano que entre as sinfonias, por exemplo, ou os quartetos de cordas.


Köchel numerou os concertos para piano de Mozart de 1 a 27. Só que Köchel não sabia que os que ele numerou de 1 a 4 não são obras originais de Mozart, são só arranjos que Mozart fez para piano e orquestra de sonatas para cravo de outros compositores. Esses arranjos são pièces d'occasion, meros pastiches que Mozart fez aos 11 anos de idade, que ele provavelmente nem sequer pensava em guardar para a posteridade. Além disso, Köchel incluiu entre os "concertos para piano" um que é na realidade para três pianos (no. 7, K242) e outro para dois pianos (no. 10, K365). Subtraindo então estes 6 dos 27 que Köchel numerou, ficamos com 21 concertos para piano e orquestra de Mozart.


O primeiro concerto para piano de Mozart que é universalmente aclamado como uma obra prima por todos aqueles que conhecem e amam a música de Mozart é o Concerto No. 9 em Mi Bemol Maior, K271, também chamado Concerto Jeunehomme devido à pessoa a quem ele foi dedicado, a pianista francesa Mademoiselle Jeunehomme, que visitou Salzburgo no Inverno de 1776-1777 e que, segundo alguns, teria despertado uma paixão em Mozart. Não se sabe quase nada a respeito dessa mulher, e depois dessa visita a Salzburgo ela desaparece da história sem deixar rasto. Em todo caso, ela parece mesmo ter sido uma exímia pianista, se é verdade que Mozart pretendia que este concerto fosse tocado por ela.


Outra peça interessante deste período inicial em Salzburgo é o Concerto No. 12 em Lá Maior, K414, uma peça leve, graciosa e despreocupada, capaz de dar grande prazer ao ouvinte. Do número 16 em diante, os concertos para piano de Mozart são todos obras primas.


De todos os concertos para piano de Mozart, apenas dois são em tonalidade menor: o No. 20 em Ré Menor, K466 e o No. 24 em Dó Menor, K491. As tonalidades menores são, como nós sabemos, mais sombrias e mais tristes que as tonalidades maiores, mais claras, mais luminosas, mais alegres. O estado mental transmitido por esses dois concertos se assemelha a uma psicose no No. 20, e a uma neurose no No. 24. Sentimos fantasmas na introdução orquestral do Concerto em Ré Menor (podemos chamá-lo assim sem perigo de confusão, porque Mozart só compôs um nessa tonalidade), lembrando a cena no último acto de Don Giovanni, em que o fantasma do comendador entra na casa de Don Giovanni. Esta cena, bem como a ária da Rainha da Noite no segundo acto de A Flauta Mágica estão entre as poucas ocasiões em que Mozart utilizou essa tonalidade tétrica, fantasmagórica, ameaçadora de ré menor. Já o Concerto em Dó Menor é muito triste, dando a impressão de que Mozart estava deprimido quando o compôs. Dó menor é a tonalidade trágica por excelência (a mesma tonalidade da Quinta Sinfonia de Beethoven). Um outro ponto a ser marcado neste concerto é a subtileza e o refinamento da escritura para instrumentos de sopro, mormente no segundo movimento, onde há uma secção praticamente só para eles, que se põem a dialogar com o piano. Sviatoslav Richter deixou excelentes gravações tanto do Concerto em Ré Menor como do Concerto em Dó Menor.


O Concerto No. 21 em Dó Maior, K467 é outro favorito, tanto dos pianistas quanto do público. Ele é tão sublime, que qualquer palavra usada em relação a ele seria um despropósito, já que a música começa onde termina o poder das palavras. Tema de um filme famoso (Elvira Madigan, 1967).


O Concerto No. 22 em Mi Bemol Maior, K482, tem um primeiro movimento eufórico e festivo, cheio de fanfarras de tímpanos e trompetes. O segundo movimento, escrito na relativa (dó menor) é triste e sombrio, mas no último a luz e a alegria surgem de novo, com passagens celestiais nos instrumentos de sopro. Este era o concerto predilecto da grande pianista brasileira Guiomar Novaes.


O Concerto No. 23 em Lá Maior, K488 tem um carácter angélico e sobrenatural, elevando a mente do ouvinte acima das coisas deste mundo. Mozart excluiu da sua orquestração todos os instrumentos de sonoridade rude ou agressiva; não há tímpanos nem trompetes; apenas uma flauta, duas clarinetas, dois fagotes e duas trompas, além das cordas. Não há contrastes dinâmicos violentos nem explosões orquestrais. O segundo movimento é em fá sustenido menor (a relativa de lá maior), acentuando ainda mais o carácter contemplativo desta música sublime. Maurizio Pollini é um dos melhores e mais refinados intérpretes deste concerto.


A Encyclopaedia Britannica  chama o Concerto No. 26 em Ré Maior, K537 (chamado Concerto da Coroação) de "brilhante mas superficial". Isto pode ser verdade, mas esta é uma obra adequada para a finalidade para a qual foi criada: as festividades da coroação de Leopoldo II, imperador da Áustria, em 1790, ocasião na qual não cabem grandes dramas nem muita profundidade. Ao mesmo tempo majestoso e festivo, esta é uma obra capaz de dar grande prazer ao ouvinte.


Géza Anda gravou todos os concertos para piano de Mozart para a Deutsche Grammophon. Altamente recomendável.



para instrumentos de sopro


Os 4 concertos para trompa de Mozart, K412, K417, K447 e K495, bem como o Rondò K371, foram todos escritos para a mesma pessoa, o trompetista Ignaz Leutgeb, um dos amigos mais íntimos de Mozart. A primeira dessas peças é em ré maior, as outras todas em mi bemol maior.


Image:Ltspkr.png - Sinfonia no. 40, 1o. movimento, K550

O Concerto em Lá Maior para Clarineta, K622, é a última obra instrumental do mestre de Salzburgo, escrita em Outubro de 1791 - dois meses, portanto, antes da morte de Mozart - para o seu amigo, o clarinetista Anton Stadler. Os obbligati  para clarineta na ópera La Clemenza di Tito também foram escritos para ele.


Os dois concertos para flauta, em sol maior, K313, e em ré maior, K314 foram escritos por encomenda. No último movimento do K314 Mozart utiliza a mesma melodia da ária Welche Wonne, welche Lust  da ópera O Rapto do Serralho. Há também o Andante em Dó Maior para Flauta e Orquestra, K315, e o sublime Concerto para Harpa, Flauta e Orquestra, K299 (a única coisa que Mozart escreveu para harpa).



Música de câmara

Trios


  • 6 trios para piano, violino e violoncelo, K254, K496, K502, K542, K548, K564

O trio K254 é cheio daquela graça mozartiana tão deliciosa, mas o violoncelo limita-se ao papel de reforço nos baixos, quase sempre dobrando a mão esquerda do pianista, o que torna esta obra um pouco superficial. Já no K548 e no K564 o violoncelo finalmente tem a oportunidade de cantar, ainda que por uns breves instantes, o que torna essas obras mais interessantes que as anteriores.



  • Trio para clarineta, viola e piano em mi bemol maior, K498

Obra interessantíssima, para uma combinação de instrumentos inusitada. Dedicada ao clarinetista Anton Stadler.




Quartetos


  • 6 Quartetos de cordas dedicados a Haydn, K387, K421, K428, K458 "A Caça", K464, K465 "As Dissonâncias"

O Quarteto K458, A Caça, recebe este nome devido ao tema que abre o primeiro movimento, que lembra o chamado de uma trompa de caça. O Quarteto em Ré Menor, K421 (o único em tonalidade menor da colecção) é uma das peças mais tristes que saíram da pena de Mozart. Mas o Quarteto K465, As Dissonâncias, merece menção especial.


Ninguém é mais apegado ao sistema tonal do que Mozart. Por isso, o abandono da tonalidade nos 22 compassos da introdução lenta deste quarteto causa estupefacção. A sensação causada por essa música, é como se penetrássemos numa caverna escura, cheia de mistérios e de perigos. Nunca mais a música ocidental conheceria uma tal excursão para fora do sistema tonal até que Wagner compôs Tristão e Isolda. Em três horas e meia de música, Wagner provou de uma vez por todas que era possível compor música expressiva, e até mesmo de grande impacto emocional, fora do sistema tonal. Teriam Wagner e os compositores atonalistas como Debussy, Schoenberg e outros se inspirado neste quarteto de Mozart? No entanto, após a introdução lenta, voltamos ao território familiaríssimo do dó maior. Tudo soa como uma pilhéria que Mozart estava fazendo com seu amigo Haydn.



  • Quarteto de cordas em Ré Maior, K499 "Hoffmeister"
  • 3 Quartetos de cordas dedicados ao Rei da Prússia, K575, K589, K590
  • Adagio e Fuga em Dó Menor para quarteto de cordas, K546
  • 2 Quartetos para piano, violino, viola e violoncelo, K478 e K493
  • 4 quartetos para flauta, violino, viola e violoncelo, K285, K285a, K285b, K298



  • Quintetos


    • Quinteto em Mi Bemol Maior, para oboé, clarineta, trompa, fagote e piano, K452

    Obra de experimentação sonora, para uma combinação de instrumentos fora do comum. Mozart não só faz soar cada instrumento clara e distintamente, mas também combina os instrumentos de diversas maneiras possíveis, criando efeitos sonoros estupendos. Uma delícia para os ouvidos. Parece que só existe uma outra obra, em toda a história da música, para esta mesma combinação instrumental: o Quinteto opus 16 de Beethoven, na mesma tonalidade que o de Mozart.




    Missas


    Mozart compôs muitas missas. Entre as que mais se destacam, podemos citar:



    • Missa Brevis em Ré Maior, K194
    • Missa em Dó Maior, K220, "dos Pardais"
    • Missa Brevis em Si Bemol Maior, K275
    • Missa em Dó Maior, K317, "da Coroação"
    • Missa em Dó Menor, K427 (inacabada)

    • A Missa dos Pardais  recebe este nome devido a uma deliciosa figura nos violinos, que sugere o gorjeio de pardais, e que reaparece constantemente no decorrer da missa. A Missa da Coroação  não foi composta, como se pensava, para a coroação do imperador José II em 1780, mas sim para a cerimónia religiosa da coroação de uma imagem da Virgem numa igreja de Salzburgo. É uma missa de curta duração, rápida pulsação e radiante alegria, extremamente comovente.


      Basta ouvirmos uma só dessas peças para nos convencermos de que o sentimento religioso de Mozart era sincero e profundo. Mozart era católico convicto, apesar do seu envolvimento com a maçonaria, algo não exactamente aprovado pela Igreja Católica. Por fim temos a



      • Missa de Requiem em Ré Menor, K626

      Já doente no seu leito de morte, Mozart trabalhava no Requiem. A etérea melodia do Lacrimosa  foi a última coisa que saiu daquela pena divina. Ao terminar de escrever esta melodia, as lágrimas vieram-lhe aos olhos, e as suas mãos deixaram cair a partitura. Pouco mais tarde, à uma hora da manhã do dia 5 de Dezembro de 1791, o mestre estava morto. Alguém escreveu: Um profundo sentimento religioso se evola daquelas notas, que parecem saídas de uma alma em directa comunicação com a Divindade. Houve muita disputa depois da morte de Mozart para saber quem terminaria o Requiem, mas no final a tarefa acabou recaindo sobre o seu aluno Franz Xaver Süssmayer. Ele completou a orquestração que Mozart havia deixado incompleta, e escreveu o resto da música, baseando-se em parte em anotações deixadas pelo próprio Mozart.



      Motetos e outras peças



      • Exsultate, Jubilate K165
      • Ave Verum Corpus, K618

      • Ao ouvir esta última peça, Tchaikovsky exclamou:
        A sua beleza sobrenatural é indefinível por palavras.



        Óperas


Image:Ltspkr.png - Concerto em Lá Maior para Clarineta, K622, 3o. movimento Rondo (Allegro)
Image:Ltspkr.png - Abertura da ópera Don Giovanni


  • La Finta Semplice, K.51 (1769)
  • Bastien und Bastienne, K.50 (1768)
  • Mitridate, Rè di Ponto, K.87 (1770)
  • Lucio Silla, K.135 (1772)
  • La Finta Giardiniera, K.196 (1775)
  • Idomeneo, K.366 (1781)
  • O Rapto do Serralho (Die Entführung aus dem Serail), K.384 (1782)
  • O Empresário Teatral (Der Schauspieldirektor) K.486 (1786)
  • As Bodas de Fígaro (Le Nozze di Figaro), K.492 (1786)
  • Don Giovanni, K.527 (1787)
  • Così Fan Tutte, K.588 (1790)
  • La Clemenza di Tito, K.621 (1791)
  • A Flauta Mágica (Die Zauberflöte), K.620 (1791)


  • Canções


    Oiseaux, si tous les ans K307, Dans un bois solitaire K308, Warnung K433, Der Zauberer K472, Das Veilchen K476, Als Luise die Briefe ihres untreuen Liebhabers verbrannte K520, Abendempfindung K523, Sehnsucht nach dem Frühlinge K596, Im Frühlingsanfang K597, Das Kinderspiel K598.
    Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.




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