Adão e Eva expulsos do Paraíso, gravura de Gustave Doré (1832-1883)
De acordo com o Livro do Génesis da Bíblia, Adão foi o primeiro ser humano, uma nova espécie criada directamente por Deus. Adão, em hebraico, sem o artigo definido, Adam, tem o sentido de "feito do pó do solo", "ser terreno" ou "terrestre". Solo, em hebr. é adamah. Esta palavra aparece relacionada com adom, que significa "vermelho", sugerindo o sentido "de argila (barro)", ou ainda, por extensão, "de terra avermelhada".
A narrativa diz que Deus "passou a formar o homem do pó do solo e a soprar nas suas narinas o fôlego de vida (em hebr. nishmat chayim) e ... veio a ser uma alma vivente (em hebr. é lenefésh chayah; em gr. é vertido por psykhén zósan; em lat. ánimam vivéntem)." (Génesis 2:7) Afirma que Adão não tinha uma alma, mas que se tornou numa alma vivente.
Tal como Adão, Eva também foi criada directamente por Deus. Diz a narrativa que Deus teria tomado uma costela de Adão enquanto este se encontrava em sono profundo. O nome Eva deriva do hebraico hav.váh, que significa "vivente". No grego, é vertido por zoé, que significa "vida", e não bios. Nisto estará implícito a ideia da maternidade. O papel atribuído à mulher era de uma ajudante e complemento do Homem, e a expressão "tem de se tornar uma só carne", denota o tipo de vínculo que deveria existir entre marido e mulher. (Génesis 2:18, 20-24)
Adão e Eva geraram Caim, Abel, Set (também designado como Sete ou Seth), e mais outros filhos e filhas. Segundo Génesis 5:5, Adão teria vivido 930 anos.
Segundo a Bíblia, Adão comeu o fruto proibido, da árvore do conhecimento do bem e do mal, e após o ocorrido, toda a Humanidade ficou privada da perfeição e da perspectiva de vida infindável. Surge a noção de pecado herdado - tendência inata de pecar - e a necessidade de um resgate da Humanidade condenada à morte.
Orígenes refere-se à tradição judaica [não-bíblica] de que o sepulcro de Adão foi no mesmo lugar da crucifixão de Cristo. A pequena abside (relicário de ossos) aos pés do Calvário (Capela de Adão) perpetua um antigo culto em torno do alegado crânio de Adão.
Historicidade da Narrativa de Adão e Eva
A arqueologia, paleontologia e antropologia, estabelece o aparecimento do Homo Sapiens sapiens (o Homem Moderno), a cerca de 160 mil anos atrás, num período geológico muito recente, a partir da África, no Vale de Omo, no Sudoeste da Etiópia. A evolução biológica da espécie humana é resultado da adaptação do Homo Erectus (o antepassado do Homem Moderno) ao meio em que vivia. Desde então, o Homo Sapiens vem evoluindo e multiplicando-se cada vez mais, tornando-se na espécie dominante do Planeta. Algo muito diferente às crenças religiosas sobre a Origem da Humanidade!
Do ponto de vista religioso, esta narrativa é hoje entendida por muitos como enquadrada na época em que foi escrita, e em que os conhecimentos científicos de então eram bastante reduzidos. Assim sendo, tratou-se apenas de mais uma tentativa de explicar a Origem do Universo e da Humanidade. Tal necessidade é bem evidente nas demais religiões ao redor da Terra.
A Igreja Católica e outras denominações cristãs na sua larga maioria, reconhecem valor cientifico à teoria da evolução proposta por Darwin e às descobertas arqueológicas subsequentes. Crêem que a narrativa de Adão e Eva não deve ser interpretada à letra. Porém, existem algumas denominações cristãs, mais fundamentalistas quanto à interpretação do texto bíblico, que crêem na criação literal de Adão e de Eva.
Mitologia sobre a Origem do Homem
Cada vez mais se acredita que a história de Adão e Eva não pode ser levada à letra. Para muitos, o seu rigor histórico é plenamente injustificado do ponto de vista factual e temporal. Não se pode negar a existência de Adão e Eva, mas não como o primeiro homem e mulher na Terra.
Adão e Eva, ou Enlil e Ninlil para os antigos habitantes da Mesopotâmia, foram uma adaptação das histórias e lendas da altura, colocadas na Bíblia de forma a colaborar com a ideia judaica de uma descendência e raça superior em relação aos demais, por serem originários directos do Ser perfeito, criado pelo próprio Deus. Esta ideia, de certa forma racista, foi fruto da humilhação de um povo que sofreu da privação de uma soberania por ocasião do jugo babilónico.
A Bíblia remonta estes dois personagens para uma época por volta de há 6.000 anos atrás. Embora muitos tenham a certeza sobre a impossibilidade deste facto, houve confusão de argumentações quanto à adaptação das crenças religiosas ao conceito evolucionista.
Vários documento históricos, como a lista dos reis sumérios (SKL), descrevem genealogias de reis muito anteriores a 6.000 anos, mesmo até anteriores a 10.000 anos - cerca de 39.000 anos para ser preciso.
Contemporâneos Noditas
Temos também a história de Nod, este personagem histórico, cujos feitos são muito anteriores a Adão sendo que a Bíblia se refere às suas terras em Génesis, quando comenta que Caim se retirou do Éden para se juntar às tribos noditas que viviam fora do jardim sagrado.
Contemporâneos Vanitas
Também é de se salientar as histórias sobre Van, o grande amigo e inseparável de Nod. Este Van que fundou as tribos que se estabeleceram mais ao norte, perto do Lago Van que ainda hoje tem o seu nome, são histórias muito anteriores a Adão. E mesmo na sua história existem referências a Eva e seu companheiro como “aqueles que cuidavam do espírito e traziam sabedoria.”
As Histórias da Índia e China são também muito anteriores em tempo a 6.000 anos.
Outro argumento usado envolve o isolamento das Américas da Europa, por força da movimentação das placas continentais, foi muito anterior a 100.000 anos e mesmo assim, aqueles lugares dos incas, aztecas e maias mantiveram-se tão populosos por diversas espécies como a Europa, a África e o Médio-Oriente.
Isto tudo, em conjunto com as descobertas arqueológicas de criaturas que percorreram a face terrestre em datas tão antigas cujos registos eram impossíveis ao homem inculto de então registar, por não possuir meios que perpetuassem o seu conhecimento, levam a maioria dos estudiosos a ponderar e a defender a evolução como a teoria mais concreta a respeito da origem de todas as espécies, incluindo a humana.
Se realmente Adão e Eva foram reais, e se o seu papel foi a elevação biológica da espécie, ou a motivação espiritual de um povo, eles foram mesmo muito importantes, pois os seus nomes e as suas identidades perpetuaram-se pelos milhares de anos de história deste planeta e vão continuar pelos próximos milhares que estarão para vir.
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