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PRAIA DA CLARIDADE

Figueira da Foz - Portugal

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04
Jan07

História de Macau

Praia da Claridade

 
Ruínas da antiga Igreja de São Paulo, em Macau

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A História (Humana) de Macau tem pelo menos 6000 anos. Ela é muito rica e diversificada porque Macau, desde da chegada dos portugueses no séc. XVI, foi sempre uma importante porta de acesso para a entrada da civilização ocidental na China, contactando com a civilização chinesa, e vice-versa. Este pequeno pedaço de terra proporcionou uma importante plataforma para a simbiose e o intercâmbio de culturas ocidentais e orientais. Esta intensa simbiose e intercâmbio moldaram uma identidade única e própria para Macau.
 
Antes da chegada dos portugueses
 
Através de estudos arqueológicos, descobriu-se muitos artefactos que apontam que os chineses já se estabeleceram em Macau à 4000 a 6000 anos atrás e em Coloane à 5000 anos atrás.
 
Segundo certos registos históricos, pelo menos a partir do séc. V, navios mercantes chineses de Cantão que comercializavam com povos do Sudeste Asiático paravam muitas vezes em Macau ou perto dele para se abastecerem de água e de comida.
 
Em 1277, cerca de 50000 apoiantes e alguns membros da Dinastia Song, fugindo dos invasores mongóis, chegaram a Macau e construíram várias povoações, sendo a maior e a mais importante delas localizada na região de Mong-Há (que se localiza no Norte de Macau). Pensa-se que o templo mais antigo de Macau, o Templo de Guanyin (Deusa da Misericórdia), se localizava precisamente em Mong-Há.
 
Durante a Dinastia Ming, muitos pescadores oriundos de Cantão e de Fujian estabeleceram-se em Macau e foram eles que construíram o famoso Templo de A-Má.
 
Os primeiros tempos da colónia portuguesa (séc. XVI)
 
Macau, mesmo naquela altura já povoada por um número considerável de chineses (na sua maioria pescadores), só floresceu com a chegada dos portugueses. Eles estabeleceram-se em Macau entre 1554 e 1557, sob o pretexto de secar a sua carga, durante a Era dos Descobrimentos iniciada pelo Infante D. Henrique (O Navegador). O primeiro português a chegar ao Sudeste da China foi Jorge Álvares, em 1513. A esta visita seguiu-se o estabelecimento na área de inúmeros comerciantes portugueses construindo edifícios de apoio.
 
O Imperador chinês Chi-Tsung, em 1557, autorizou finalmente os portugueses a se estabelecerem em Macau e concedeu também um considerável grau de auto-governação para eles, por estes terem conseguido derrotar os piratas chineses liderados pelo célebre Chang Tse-Lac que actuavam na região do Delta do Rio das Pérolas. Mas, mesmo assim, o Imperador defendia que Macau era uma parte integrante do Império Celestial Chinês, por isso os portugueses foram obrigados a pagar aluguer e certos impostos às autoridades chinesas, desde de 1573. Para supervisionar o estabelecimento português de Macau, nomeadamente no que diz respeito à recolha de impostos lançados pelas autoridades de Cantão sobre todos os produtos chineses e sobre todos os produtos exportados pelos portugueses, e também à emissão de licenças para a construção e reparação dos edifícios do Estabelecimento, as autoridades chinesas enviavam um grupo de funcionários chineses, os mandarins, e estes exerciam uma grande influência na administração de Macau.
 
O estabelecimento comercial português tinha um valor imenso, especialmente quando as autoridades da China proibiram o comércio directo com o Japão por mais de cem anos. Ao mesmo tempo os portugueses ganharam o monopólio do comércio entre a China, o Japão e a Europa. Nestas circunstâncias, Macau tornou-se um porto importante no comércio entre a Europa, a China e o Japão.
 
Assim nasceu Macau, o primeiro entreposto comercial europeu (depois cultural e religioso) entre o Ocidente e o Oriente. O seu nome parece ter origem no nome do templo da deusa A-Má; Amagau (Baía de A-Má), Amacao, Macao e, por fim, Macau. Durante mais de 400 anos de história, Macau foi orgulhosamente o baluarte da presença e cultura portuguesa no longínquo Oriente.
 
Macau tornou-se também um importante ponto de partida de missionários católicos para os diferentes países da Ásia, nomeadamente a China e o Japão. Além da evangelização, estes missionários promoveram também o intercâmbio ético, cultural e científico entre o Ocidente e o Oriente. Foi fundado o Colégio de São Paulo no séc. XVI e o Seminário de São José no séc. XVIII. Estas duas instituições tinham a função de formar missionários e padres. Devido à grande importância de Macau, o Papa Gregório XIII criou a Diocese de Macau em 23 de Janeiro de 1576. Actualmente o Seminário, devido à falta de vocações sacerdotais, encerrou-se e o Colégio foi destruído por um incêndio em 1835.
 
Do séc. XVII ao séc. XVIII
 
Durante a ocupação filipina (espanhola) em Portugal (1580-1640), o Império Português tornou-se muito fraco e desprotegido, visto que o Rei de Espanha (simultaneamente Rei de Portugal) não estava muito interessado em defender e fortificar o Império Português. Estava mais interessado em defender e expandir mais o Império Espanhol, em colonizar e controlar a América do Sul e em travar guerras com as outras potências europeias, nomeadamente a Inglaterra e a Holanda. Utilizou muitos recursos para manter estas guerras, em vez de utilizá-los para defender o Império Português e desenvolver a economia (portuguesa e espanhola) e a marinha. Os inimigos de Espanha tornaram-se automaticamente inimigos de Portugal. As colónias portuguesas sofreram inúmeros ataques dos ingleses, dos holandeses e dos franceses e muitas delas, por falta de soldados e fortificações, caíram nas mãos do inimigo.
 
Macau não era a excepção. No dia 22 de Junho de 1622, 800 soldados holandeses desembarcaram na praia de Cacilhas e começaram a sua tentativa de invasão a Macau. Avançaram com cautela para o centro da cidade, sofrendo pesado bombardeio de canhões da Fortaleza do Monte. Após 2 dias de combate, no dia 24 de Junho, um padre jesuíta disparou um tiro de canhão e acertou com precisão num vagão carregado de pólvora pertencente aos holandesas. Isto desconcertou as forças invasoras. É também neste dia que a pequena guarnição militar de Macau (composta aproximadamente por 200 soldados e por algumas fortalezas, nomeadamente a Fortaleza do Monte e a Fortaleza da Guia) derrotou as forças invasoras. Os holandeses, derrotados, atiraram-se ao mar na tentativa de alcançar os barcos. Muitos se afogaram e um dos barcos, superlotado, afundou-se. Dizem os registos portugueses que morreram algumas dezenas de portugueses e que morreram em combate ou afogados cerca de 350 holandeses. Para Macau, desprevenida, a vitória foi considerada um milagre. Após a vitória, os moradores de Macau passaram a comemorar o dia 24 de Junho, dia da vitória, como o "Dia da Cidade". É também neste dia que comemora o São João Baptista, o Padroeiro da Cidade. Conta a lenda que pelo seu manto, foram desviados os tiros dos inimigos, salvando a cidade dos invasores holandeses. Este dia é feriado público e comemorado todos os anos com grandes festas e alegria até 1999, data da transferência da soberania de Macau para a China. Após a transferência, este dia deixou de ser feriado público e virtualmente esquecido.
 
Após esta tentativa de invasão holandesa, o Governo de Lisboa, a partir de 1623, passou a enviar um Governador português para Macau para ele governar, proteger e melhorar a administração desta cidade. Antes da sua chegada, esta pequena cidade era administrada e governada directamente pelo "Leal Senado", a primeira câmara municipal de Macau. A pequena guarnição militar de Macau foi também reforçada. Estas medidas revelaram a maior preocupação e participação do Governo de Lisboa na administração e protecção desta longínqua e pequena colónia portuguesa.
 
A bandeira portuguesa esteve sempre içada em Macau, desde a sua fundação até 1999, mesmo durante a ocupação filipina em Portugal, por isso D. João IV, Rei de Portugal, recompensou este acto de confiança e lealdade gratificando Macau, em 1654, com o título de "CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL".
 
Séc. XIX
 
Macau fez parte do Estado Português da Índia até 1844, quando se tornou uma colónia directamente dependente de Lisboa.
 
Em Macau, foi construído o primeiro farol do mar do Sul da China, o farol da Guia, situado no monte da Guia (a colina mais elevada da península de Macau). Entrou em funcionamento em 1865.
 
A importância do porto de Macau foi reduzida na Primeira Guerra de Ópio em 1841 quando Hong Kong se tornou no porto ocidental mais importante na China. Aproveitando a situação fraca do Governo Chinês de Pequim após a Primeira Guerra de Ópio, Portugal deixou de pagar impostos chineses e aluguer de Macau em 1845. Em 1849, o Governador João Ferreira do Amaral expulsou também os mandarins da cidade, pondo fim à autoridade chinesa de Macau. Antes desta data, existia em Macau 3 autoridades distintas: local (Leal Senado), portuguesa (Governador) e chinesa (os mandarins).
 
Na primeira metade do séc. XIX, os portugueses ocuparam o Norte de Macau (naquela altura ocupada pelos chineses) e estabeleceram como fronteira da cidade o local onde, actualmente, se localiza o posto fronteiriço das "Portas do Cerco" (no extremo-norte da península). A ilha de Taipa foi ocupada pelos portugueses em 1851 e a ilha de Coloane em 1864. Quando os portugueses chegaram à ilha de Coloane, os piratas chineses controlavam grande parte desta ilha pouco povoada. A presença portuguesa passou a ser fortificada com a vitória dos soldados portugueses sobre os piratas chineses, em 1910, causando a expulsão dos últimos.
 
Durante a segunda metade do séc. XIX, as principais potências europeias humilharam o já fraco Governo Imperial Chinês da Dinastia Qing, forçando-o a assinar os chamados "Tratados Desiguais" que defendiam somente os interesses das potências europeias, em detrimento dos interesses do Governo Chinês. Nestes tratados, o Governo Chinês era obrigado a abrir os seus portos comerciais, a aceitar a ocupação europeia em certas terras chinesas e aceitar a divisão da China em "áreas de influência" europeia (enfraquecendo o Governo Chinês). Porventura aproveitando a situação, em 1887, Portugal diligenciou junto do Governo Chinês a assinatura do "Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português", o qual reconhece e legitima a ocupação perpétua de Macau e das suas dependências (as ilhas de Taipa e Coloane) pelos portugueses.
 
Séc. XX
 
A pataca, a moeda local de Macau, foi lançada pelo Banco Nacional Ultramarino em 1905. A sua cotação está indexada à cotação do dólar de Hong Kong.
 
Em 1938, as tropas portuguesas começaram a ocupar a ilha de Lapa, Dom João e Montanha. Antes da chegada das tropas portuguesas, estas 3 ilhas, que ficavam a Este de Macau, já tinham sido povoadas por missionários portugueses. Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército Japonês conseguiu ameaçar as tropas portuguesas a abandonar aquelas ilhas pouco povoadas. Consequentemente, estas ilhas foram ocupadas por japoneses. No final da Segunda Guerra Mundial, a China conseguiu reocupar as 3 ilhas.
 
1939 a 1966
 
A população de Macau aumentou para o dobro na Segunda Guerra Mundial devido à afluência de pessoas que fugiram à ocupação japonesa do sudeste asiático. A principal proveniência dos refugiados era das cidades vizinhas, Guangzhou (Cantão) e Hong Kong. O Japão respeitou a neutralidade de Portugal, cujas posições geográficas estratégicas dos Açores e do continente enquanto extremo ocidental da Europa e respectivo acesso ao continente americano terão motivado esta decisão do Eixo (aliança entre Itália, Alemanha e Japão na Segunda Guerra Mundial). Mesmo que os japoneses não tivessem intenção de ocupar Macau, eles não tardaram em estabelecer uma embaixada na cidade. Esta embaixada, além das suas funções diplomáticas, servia também de centro de espionagem e de detenção de figuras chinesas anti-ocupação japonesa (muitas destas figuras fugiram da China para Macau). A embaixada exerceu também grande influência no Governo Português de Macau. Ainda assim, existia uma forte tensão entre o Governo de Macau e o Exército Japonês. Os portugueses sempre temiam o assalto das tropas japonesas a Macau porque a Guarnição Militar não tinha capacidade de defender esta pequena colónia portuguesa. Apesar da neutralidade de Macau, o porto de hidroaviões existente na altura foi bombardeado, tendo sido alegado erro acidental, e as ilhas de Lapa, Dom João e Montanha foram ocupadas pelo Exército Japonês. Para além disto, as principais consequências da Segunda Guerra Mundial em Macau foram apenas as ligadas à sobrepopulação e à falta de bens de importação, dos quais os alimentos eram os mais prementes. Após a Segunda Grande Guerra, a população de Macau começou a diminuir devido ao regresso de muitos refugiados chineses para as suas respectivas terras natais.
 
Em 1954, a cidade organizou pela primeira vez o Grande Prémio de Macau que consiste numa série de espectaculares corridas de automóveis e motociclos, desde a corrida dos carros clássicos, passando pelos Super-Cars até à Fórmula 3 (a mais esperada). O Grande Prémio, que dura quatro dias, tornou-se numa atracção turística importante de Macau e a cidade continua a organizá-la em todos os meses de Novembro. Desde o ano de 1954, os melhores pilotos do mundo são convidados a participar num dos circuitos mais emocionantes e perigosos do Mundo. Trata-se de um circuito que percorre o meio da cidade, intercalando longas rectas (Porto Exterior) com as sinuosas curvas do monte da Guia. A curva do Hotel e Casino Lisboa de Macau é o local onde mais acidentes são registados.
 
Motim "1-2-3" e as suas consequências
 
Em 1966, os residentes chineses tentaram obter uma licença para a construção de uma escola privada na ilha da Taipa. Os residentes, na impossibilidade de obter uma licença de construção, começaram, ilegalmente, a edificação da escola. No dia 15 de Novembro de 1966, a polícia da cidade utilizou formas violentas de prender os responsáveis da escola, os operários de construção, os residentes chineses aí presentes e os jornalistas. Depois deste acontecimento, no dia 1 de Dezembro, um grupo pró-comunista de professores e estudantes chineses, influenciado pela Revolução Cultural de Mao Tse-tung, fizeram grandes protestos em frente ao Palácio do Governador, e alguns radicais até entraram à força no Palácio e pronunciaram, durante o caminho, frases maoístas e canções revolucionárias. No dia 3 de Dezembro, o Governo deu ordens para prendê-los. Esta ordem gerou uma vaga de descontentamento e protestos por parte da comunidade chinesa. Eles deitaram abaixo a estátua do Coronel Vicente Nicolau de Mesquita, que se localizava no Largo do Senado (o centro da cidade) e incendiaram preciosos documentos dos Arquivos do Leal Senado (Câmara Municipal da cidade) e da Santa Casa de Misericórdia. As leis marciais foram declaradas pelo Governo e os soldados portugueses foram mobilizados para controlar a situação. Nestes protestos, houve 11 mortos e cerca de 200 feridos. O incidente é vulgarmente chamado de Motim de "1-2-3", referindo-se aos 3 dias em que ocorreu o motim popular.
 
Após o motim ser controlado pelos soldados, a comunidade chinesa (grande parte da população de Macau era constituída por chineses), para continuar a pressionar e protestar contra o Governo, adoptou a política dos "3 Não's" - não entregar impostos, não prestar serviços ao Governo, não vender produtos aos portugueses. Com esta política, começou a confusão e o medo em Macau, principalmente dentro da comunidade portuguesa e macaense. Muitas famílias portuguesas, amedrontadas, começaram a preparar-se para abandonar a cidade e emigrarem para Portugal ou para Hong-Kong. O medo era tal e a situação era tão difícil para o Governo Português de Macau que ele propôs a devolução imediata da colónia para a China se a situação não melhorasse.
 
Com o apoio do Governo Central Chinês de Pequim, alguns membros da elite chinesa, nomeadamente o Comendador Ho Yin, preveniram o colapso da administração de Macau, conseguindo convencer os portugueses a não abandonar o território e relativamente acalmar a população chinesa de Macau. O Governo Comunista Chinês, apesar de ter uma ideologia contrária ao do Estado Novo Português, tentou assegurar a presença portuguesa em Macau, impedindo inclusivamente uma invasão dos guardas vermelhos da RPC a Macau, porque, antes da modernização e da abertura da República Popular da China (começada em 1978), este pequeno enclave português, juntamente com Hong-Kong, eram os dois únicos portos de entrada de divisas estrangeiras e de remessas dos emigrantes chineses, de produtos que não podiam entrar directamente na China, de exportação de produtos chineses para o Ocidente e de celebração de contactos informais com as outras potências.
 
O Governo Central Chinês de Pequim, que exercia uma grande influência na comunidade chinesa de Macau e que tinha a intenção de manter a administração portuguesa, e o Governo Português de Macau, após uma série de intensas negociações, nas quais o Comendador Ho Yin participou e contribuiu muito, chegaram finalmente a acordo no dia 29 de Janeiro de 1967. Neste acordo, culminando com o pedido de desculpas feito pelo Governo de Macau para a comunidade chinesa, reconhecia, pela primeira vez, a igualdade entre os portugueses e os chineses, anulou o "Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português" (assinado em 1887) e proibiu o Governo de Macau de dar apoio e asilo político aos nacionalistas do Kuomintang. Com este célebre acordo assinado, os chineses começaram a poder participar na administração da colónia e Portugal já não podia garantir definitivamente a posse dela visto que o "Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português" (que garantia a ocupação perpétua de Macau pelos portugueses) foi anulado.
 
Esta versão mencionada do incidente é uma das mais aceites, mas, porém, existem outras versões e relatos sobre este célebre motim. Após estas sequências de acontecimentos, os chineses nunca mais levantaram nenhum motim e Macau passou a viver um período de calma e de coexistência entre a comunidade portuguesa, macaense e chinesa.
 
Depois da Revolução dos Cravos até à transferência de soberania da Cidade
 
Depois da Revolução dos Cravos em 1974, Portugal declarou a independência imediata de todos os seus territórios ultramarinos. A China rejeitou esta transferência imediata, tendo apelado para o estabelecimento de negociações que permitissem uma transferência harmoniosa. A diferença entre o sistema capitalista de Macau e o comunista da China continental poderá estar na base desta decisão. Com o decorrer das negociações, o estatuto de Macau redefiniu-se para “território chinês sob administração portuguesa” e a transferência foi agendada para a data de 20 de Dezembro de 1999, através do documento "declaração conjunta", depositada nas Nações Unidas e entretanto publicada no Boletim Oficial de Macau a 7 de Junho de 1988, onde se estabeleciam uma série de compromissos entre os dois países para Macau, entre os quais a garantia de uma grande autonomia futura e a conservação das especificidades de Macau durante 50 anos. A data escolhida permitia entre outras coisas: prolongar a presença portuguesa no Oriente, transformando Portugal na última nação Ocidental a retirar as suas possessões da China; fazer a transferência de Macau pouco depois da de Hong Kong e que foi usada pela China como forma de retaliação ao Reino Unido devido à suavidade com que as negociações e transferência de Macau foram conseguidas, por contraste com a de Hong Kong; e readquirir o controle de todos os territórios chineses que estiveram sob domínio ocidental antes do início do século XXI.
 
Antes da transferência de Macau e Hong Kong, a China fez uma série de alterações económicas no sentido de se aproximar do sistema capitalista e abrir-se ao comércio internacional. Aquando da transferência a China redefinira a sua imagem segundo o slogan "um país, dois sistemas". Este permite que algumas regiões chinesas, incluindo Macau, possuam uma grande autonomia e continuidade do seu modo de vida, estando apenas limitadas no que se refere às suas relações exteriores e à defesa, situação idêntica, de resto, à que tinham aquando da administração portuguesa.
 
Para preparar Macau para a transferência de soberania, Portugal, a par das negociações com a China, incentivou o Governo de Macau a fazer muitas reformas, entre os quais a desmilitarização da cidade, a diminuição do poder do Governador e a promoção da participação da população (quer portuguesa quer chinesa, quer qualquer raça) da cidade na administração de Macau. A Guarnição Militar Portuguesa retirou-se de Macau no ano de 1976. Em 1976, a Assembleia Legislativa de Macau foi criada para exercer a função legislativa da cidade. É responsável de fazer leis e tem o poder de questionar, "travar" e "julgar" o Governador, e após a transferência (1999), o Chefe do Executivo.
 
Em 1981, foi criada a Universidade de Macau e ela, de uma instituição privada, passou a universidade pública em 1991.
 
Após a transferência de soberania (1999)
 
A transferência da soberania de Macau entre Portugal e a China aconteceu no dia 20 de Dezembro de 1999, como estava previsto através da "Declaração Conjunta". Tendo acontecido dois anos após a transferência de soberania de Hong Kong, foi um processo mais suave que o de Hong Kong, não tendo havido confrontos políticos de nota entre os dois governos durante as negociações diplomáticas, nem distúrbios sociais, ao contrário de Hong Kong, cuja população possui uma tradição mais reivindicativa e participativa.
 
Macau tornou-se uma Região Administrativa Especial (RAE) da República Popular da China, actuando sobre o princípio de "um país, dois sistemas" e seguindo os compromissos estabelecidos por Portugal e China durante a ratificação da "Declaração Conjunta". Esta RAE passou a ser governada, chefiada pelo Chefe do Executivo de Macau, substituindo o cargo de "Governador de Macau", que foi abolido em 1999, logo após a transferência de soberania. A Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau, promulgada pelo Congresso Nacional Popular da China no ano de 1993, é o actual texto constitucional do sistema jurídico da RAEM.
 
Após a transferência, Macau foi novamente militarizada, não por tropas portuguesas, mas por tropas do Exército de Libertação Popular da República Popular da China.
 
O novo Governo da RAEM aboliu logo os 2 municípios (Município de Macau - ou "Leal Senado" - e o Município das Ilhas) e retirou as funções administrativas das 7 freguesias de Macau. Em sua substituição, o Governo criou um novo órgão administrativo, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), e que está subordinado à Secretaria da Administração e Justiça. As freguesias de Macau mantiveram-se como divisão simbólica e ainda oficialmente aceite pelo novo Governo.
 
Antigamente, durante a administração portuguesa, a criminalidade não conseguia ser controlada e era um risco sério para o turismo, por isso, logo após a formação do novo Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), ele decidiu combater ferozmente contra o crime, principalmente os crimes organizados pelas seitas (não são organizações religiosas, mas associações secretas e organizadas de crime). O novo Governo conseguiu atingir os seus objectivos no combate ao crime, com o número de crimes a baixar imenso, principalmente a criminalidade violenta que desceu 70% no ano 2000 para 45% no ano 2001. Macau tornou-se muito mais seguro e isto trouxe de novo confiança aos turistas. Esta evolução foi também propiciada pela reanimação da economia.
 
Em 2005/2006, o número de crimes, principalmente crimes não-organizados (roubos, violência doméstica e sexual...), começou novamente a aumentar devido ao crescimento do número de trabalhadores estrangeiros (eles vivem em condições de vida difíceis) e de "visitantes" oriundos das regiões chinesas próximas de Macau (alguns deles, que vivem em condições de pobreza, começaram a deslocar-se para a cidade, não para praticar turismo, mas sim para efectuar crimes, especialmente roubos, numa tentativa de melhorar as condições de vida deles e das suas famílias). O Governo da RAEM começou de novo a implementar medidas para combater o crime, mas combater o crime não-organizado é muito mais difícil de combater e controlar os crimes organizados.
 
Actualmente, a Escola Portuguesa de Macau é a única escola secundária portuguesa existente nesta cidade e a única que oferece um ensino baseado em português.
 
O Governo da RAEM pôs fim ao monopólio de jogos da companhia de casinos de Stanley Ho, em 2002, e isto originou uma grande competição e crescimento no sector dos jogos de Macau, com novas companhias de jogos, principalmente companhias norte-americanas como a Sands Las Vegas e o Wynn, a investirem à força neste sector de grande importância para a economia de Macau. Isto, juntamente com o aumento do número de turistas (na sua maioria oriundos da China) que visitam a cidade, contribuiu bastante para o grande crescimento económico que está a experimentar desde de 2002. Em 2004 as somas envolvidas no jogo de casinos em Macau ultrapassaram pela primeira vez as de Las Vegas (cada uma cerca de 5 mil milhões de dólares), tornando Macau no principal centro mundial da indústria do jogo de casinos.
 
No dia 15 de Julho de 2005, o Centro Histórico de Macau foi, finalmente, inscrito na Lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO e designado como o 31º sítio do Património Mundial da China. Após a inclusão, houve grandes comemorações em Macau.
 
Macau, desde sempre, efectuava e continua a efectuar muitos aterros para reclamar, "ganhar" mais terra à foz do Rio das Pérolas para ter mais espaço de construção; por isso a sua área superficial está em constante aumento. Actualmente possui um área de 28,2 km².
Fonte: Wikipédia. 
 

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2 comentários

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    Praia da Claridade 30.10.2007

    Seria bom que se registasse gratuitamente na Wikipédia e tentasse lá colocar ou rectificar aquilo que aqui, muito justamente, expõe, como conhecedor do assunto em questão. Ou, pelo menos, entrar na opção "discussão" para solicitar que fosse alterado o artigo.
    Entretanto fica aqui o seu comentário, muito elucidativo, que agradeço.
    Um Abraço.
    Filipe Freitas
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